Cultivo de Leguminosas e Manejo da Cobertura do Solo para a Supressão de Plantas Daninhas em Cana-de-Açúcar

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇAO EM PROTEÇÃO DE PLANTAS

DANILO CÉSAR OLIVEIRA DE CERQUEIRA

CULTIVO DE LEGUMINOSAS E MANEJO DA COBERTURA DO SOLO PARA A
SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS EM CANA-DE-AÇÚCAR

RIO LARGO - AL
2015

DANILO CÉSAR OLIVEIRA DE CERQUEIRA

CULTIVO DE LEGUMINOSAS E MANEJO DA COBERTURA DO SOLO PARA A
SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS EM CANA-DE-AÇÚCAR

Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Proteção
de Plantas da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Proteção de
Plantas.
Orientadora: Profa. Dra. Vilma Marques
Ferreira

RIO LARGO - AL
2015

Folha de Aprovação

AUTOR: DANILO CÉSAR OLIVEIRA DE CERQUEIRA

Cultivo de leguminosas e manejo da cobertura do solo para a supressão de plantas
daninhas em cana-de-açúcar, tese de doutorado em Proteção de Plantas da
Universidade Federal de Alagoas, na forma normalizada e de uso obrigatório.

Tese submetida ao corpo docente do
Programa de Pós Graduação em Proteção
de Plantas da Universidade Federal de
Alagoas e aprovada em 27 de fevereiro de
2015.

___________________________________________________________
Dra. Vilma Marques Ferreira, UFAL (Orientadora)

Banca Examinadora:

___________________________________________________________
(Dr. Anderson Carlos Marafon, Embrapa Tabuleiros Costeiros) (Examinador Externo)

___________________________________________________________
(Dr. Gilson Moura Filho, UFAL) (Examinador Interno)

___________________________________________________________
(Dr. Renan Cantalice de Souza, UFAL) (Examinador Interno)

À minha prezada orientadora, Profa. Dra. Vilma Marques Ferreira

por sua boa ética e moral cristã,
por seu profissionalismo recoberto de afeto e empatia,
pela forma encorajadora que tanto me moveu a concluir este trabalho.

AGRADECIMENTOS

Ao Soberano Deus, cujo nome é JEOVÁ, por me conferir o dom da vida e por
me ensinar a vivê-la por meio das suas santas escrituras;
Aos meus pais, José Cláudio Freire de Cerqueira e Venise Maria Oliveira de
Cerqueira, pelo amor abnegado com o qual têm me educado e pelo exemplo de pais
carinhosos e generosos que sei que sempre serão;
Aos meus irmãos, Daniel César Oliveira de Cerqueira e Cláudia Danielle
Oliveira de Cerqueira, pelo convívio familiar edificante e pelo estímulo fraterno que
tanto me deu alegria para que eu perseverasse nos momentos difíceis;
À CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado que serviu para financiar os
meus deslocamentos até o local da pesquisa e também e para compra de parte dos
materiais necessários para a execução desse projeto;
À coordenação e ao colegiado do curso de Pós-Graduação em Proteção de
Plantas, pelo apoio concedido;
A todos os professores do Programa que de forma direta ou indireta me
incentivaram a prosseguir na carreira acadêmica;
À Usina Sinimbu pela parceria com a UFAL para que essa pesquisa pudesse
ser realizada de forma cabal;
Aos Técnicos Agrícolas senhores Florêncio e Jeferson, do corpo técnico da
Usina Sinimbu, pela dedicação e apoio sincero na execução de cada etapa desse
trabalho;
Aos trabalhadores rurais da equipe de experimentação agrícola da Usina
Sinimbu, pela forma ordeira com a qual trabalharam sob minha supervisão no
levantamento de dados biométricos dessa pesquisa;
Aos colegas do doutorado Débora, Quitéria, Hully, Vanessa, Jaqueline, Paulo
Nogueira, Deyse, Lausane;
Aos demais colegas de sala de aula que me apoiaram nas atividades
acadêmicas e que, portanto, também são partícipes nessa conquista,
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram com aminha
vida acadêmica e também que participaram na realização desse trabalho.

RESUMO GERAL

A prática da adubação verde proporciona a supressão de plantas daninhas em
sistemas agrícolas e pode ser entendida como uma alternativa ao uso de herbicidas
e uma estratégia dentro de um manejo integrado de plantas daninhas. Por isso, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito supressor de cinco leguminosas, como
cobertura verde e também como cobertura morta do solo, sobre plantas daninhas
em área de cana-de-açúcar, comparar os resultados com o uso de herbicidas e
descrever o efeito na produtividade da cana-de-açúcar. Este trabalho foi realizado
em condições de campo na Usina Cansanção de Sinimbu, Jequiá da Praia, AL. No
primeiro experimento as leguminosas foram cultivadas por 80 dias (fase de
cobertura verde do solo), foi avaliado o estabelecimento das plantas daninhas na
área pela quantificação do número de plantas por metro quadrado, da fitomassa e
da diversidade de plantas e foram avaliadas a biometria e a produção de fitomassa
das leguminosas, em dois períodos: aos 50 e aos 80 dias. No segundo experimento
as leguminosas foram manejados para formar cobertura morta do solo, durante 60
dias se avaliou também a supressão de plantas daninhas. Para comparar a
capacidade de controlar plantas daninhas, nos dois experimentos foram utilizados
tratamentos com herbicidas. O delineamento estatístico foi em blocos casualizados,
com quatro repetições e parcelas experimentais de 48 m². Na fase de cobertura
verde do solo foi constatado que aos 50 dias de cultivo Crotalaria juncea foi a melhor
opção de controle alternativo de plantas daninhas com mais de 80% de eficiência
em relação à testemunha; na sequência vieram Crotalaria spectabilis e Crotalaria
ochroleuca com 60% de eficiência; aos 80 dias de cultivo C. juncea permaneceu
com a melhor capacidade de suprimir as plantas daninhas, no entanto, Crotalaria
breviflora não apresentou o caráter de supressão. Na fase de cobertura morta do
solo, a formação de cobertura morta proveniente do tombamento das cinco
leguminosas estudadas não controlou as plantas daninhas na mesma eficiência que
herbicidas aplicados em pós + pré-emergência. O tombamento, porém, mostrou ser
tão eficiente no controle de plantas daninhas quanto à utilização de herbicidas em
pré-emergência, fato observado aos 60 dias de cultivo da cana-de-açúcar. O não
controle de plantas daninhas até os 60 dias de cultivo da cana-de-açúcar trouxe
prejuízos em torno de 35% de perdas, tanto na produtividade agrícola (TCH) quanto
no rendimento industrial (TPH). Em todas as formas de manejo de cobertura do solo,
a família Poaceae apresentou maior número de espécies infestantes. Eragrostis
ciliaris se destacou como a espécie de maior importância relativa na maioria das
áreas apesar de ser uma espécie que se reproduz apenas por sementes, o denso
perfilhamento é uma das características que explica sua alta densidade relativa
nessas áreas.
Palavras-chave: Crotalaria spp. Cana-planta. Manejo Integrado. Infestantes.

GENERAL ABSTRACT
The practice of green manure provides the suppression of weeds in agricultural
systems and can be understood as an alternative to the use of herbicides and a
strategy within an integrated weed management. Therefore, the objective of this
study was to evaluate the suppressive effect of five legumes as green cover and also
as mulch on weeds in sugar cane area, compare the results with the use of
herbicides and describe the effect on the productivity of cane sugar. This work was
carried out under field conditions in the plant Cansanção of Sinimbu, Jequiá Beach,
AL. In the first experiment the legumes were grown for 80 days (green ground cover
phase) evaluated the establishment of weeds in the area by quantifying the number
of plants per square meter, the biomass and diversity of plants and was evaluated
biometrics and the biomass production of pulses in two periods: the 50 and 80 days.
In the second experiment the legumes were managed to form mulch for 60 days are
also evaluated the suppression of weeds. To compare the ability to control weeds in
both experiments herbicide treatments were used. The experimental design was a
randomized block with four replications and plots of 48 m². On the green ground
cover layer was found that after 50 days of cultivation Crotalaria juncea was the best
alternative control option weed with over 80% efficiency compared to the control;
following came Crotalaria spectabilis and Crotalaria ochroleuca with 60% efficiency;
at 80 days of C. juncea cultivation remained with the best ability to suppress weeds,
however, Crotalaria breviflora did not show the character of suppression. In soil
mulch phase, from mulch formation of tipping the five legumes studied did not control
the weeds in the same efficiency as herbicides applied in post + pre-emergence. The
tipping, however, proved to be so effective in weed control on the use of herbicides in
pre-emergence, which was observed at 60 days of cultivation of cane sugar. Failure
to control weeds up to 60 days of cultivation of cane sugar brought losses around
35% losses, both in agricultural productivity (TCH) and on industrial performance
(TPH). In all forms of ground cover management, the Poaceae family was the most
prevalent weed species. Eragrostis ciliaris stood out as the kind of greater relative
importance in most areas despite being a species that reproduces only by seed,
dense tillering is a characteristic which explains its high relative density in these
areas.
Keywords: Crotalaria spp. Cane plant. Integrated Management. Weeds.

LISTA DE FIGURAS

SECÇÃO 3
Figura 1 -

Figura 2 Figura 3 -

Figura 4 -

Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao
período de janeiro a dezembro de 2011, Usina Cansanção de
Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL....................................................
A= Crotalaria spectabilis e B= Cajanus cajan aos 80 dias de
cultivo. Fonte: Autor, 2011................................................................
A= Crotalaria breviflora aos 80 dias de cultivo e B= Não apresenta
capacidade de controlar as plantas daninhas. Fonte: Autor,
2011..................................................................................................
A= Crotalaria ochroleuca e B= Cajanus cajan aos 80 dias de
cultivo. Ótimo fechamento do espaço entrelinha. Fonte: Autor,
2011...................................................................................................

36
41

41

43

SECÇÃO 4
Figura 1 -

Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao
período de janeiro a dezembro de 2012, Usina Cansanção de
Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL.................................................... 54
SECÇÃO 5

Figura 1 -

Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao
período de janeiro a dezembro de 2012, Usina Cansanção de
Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL.................................................... 71

LISTA DE TABELAS

SECÇÃO 3
Tabela 1 -

Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 -

Descrição dos tratamentos, densidade de plantio, percentagem de
germinação das sementes, identificação das cultivares, densidade
de plantas aos 7 dias após o plantio. Usina Sinimbu, AL.................
Fitomassa e Biometria de leguminosas aos 50 dias de cultivo,
Usina Sinimbu, AL, 2011...................................................................
Fitomassa e Biometria de leguminosas aos 80 dias de cultivo,
Usina Sinimbu, AL, 2011...................................................................
Interferência das Leguminosas e Manejos Químicos sobre as
plantas daninhas aos 50 dias após o plantio, Usina Sinimbu, AL.....
Interferência das Leguminosas e Manejos Químicos sobre as
plantas daninhas aos 80 dias após o plantio, Usina Sinimbu, AL.....

37
39
40
42
43

SECÇÃO 4
Tabela 1 Tabela 2 -

Tabela 3 -

Tabela 4 -

Tabela 5 -

Lista dos tratamentos e suas descrições, Usina Sinimbu, AL.........
Influência da cobertura do solo sobre a produção de massa seca e
densidade de plantas das espécies de plantas daninhas presentes
na área, aos 30 dias após o plantio da cana-de-açúcar, Usina
Sinimbu, AL.............................................................................
Influência da cobertura do solo sobre a produção de massa seca e
densidade de plantas das espécies de plantas daninhas presentes
na área, aos 60 dias após o plantio da cana-de-açúcar, Usina
Sinimbu, AL..............................................................................
Influência da cobertura do solo sobre Produtividade Agrícola
(toneladas de colmo por hectare - TCH) e Rendimento Industrial
(toneladas de açúcar por hectare - TPH) da cana-de-açúcar, aos
12 meses de cultivo, Usina Sinimbu, AL..........................................
Influência da cobertura do solo sobre os índices tecnológicos do
caldo da cana planta, aos 12 meses de cultivo, Usina Sinimbu, AL.

55

57

58

62
64

SECÇÃO 5
Tabela 1 -

Tabela 2

Tabela 3 -

Etapa da cobertura verde do solo: Delimitação de subáreas para
estudo fitossociológico, descrição dos tratamentos, densidade de
plantio. Usina Sinimbu, AL............................................................... 72
Etapa da cobertura morta do solo: Delimitação de subáreas para
estudo fitossociológico e descrição dos tratamentos. Usina
Sinimbu, AL....................................................................................... 73
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar manejada com cobertura
verde formada de leguminosas aos 80 dias de cultivo, Fazenda
Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL....................................................... 75

Tabela 4 -

Tabela 5 -

Tabela 6 -

Tabela 7 -

Tabela 8 -

Tabela 9 -

Tabela 10 -

Tabela 11 -

Tabela 12 -

Tabela 13 -

Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar manejada com
cobertura verde formada de leguminosas aos 80 dias de cultivo,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL........................................
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias
em que foram aplicados herbicidas em pré-emergência, Fazenda
Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.......................................................
Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por
80 dias em que foram aplicados herbicidas em pré-emergência,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL........................................
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias,
Faz. Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL...............................................
Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por
80 dias, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.........................
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura morta
formada pelo tombamento mecânico de leguminosas, Fazenda
Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.......................................................
Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura
morta formada pelo tombamento mecânico de leguminosas,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL........................................
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura morta
formada pela dessecação química de leguminosas, Fazenda
Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.......................................................
Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura
morta formada pela dessecação química de leguminosas,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL........................................
Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta,
área em que foram aplicados herbicidas em pré-emergência 30
dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL......................

76

77

77

78

78

79

80

81

82

83

Tabela 14 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura
morta, área em que foram aplicados herbicidas em préemergência 30 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu,
AL.....................................................................................................
Tabela 15 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta,
área em que foram aplicados herbicidas em pós-emergência inicial
25 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.................
Tabela 16 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura
morta, área em que foram aplicados herbicidas em pósemergência inicial 25 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina
Sinimbu, AL.......................................................................................
Tabela 17 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas
em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta, em
pousio por cerca de quatro meses, Fazenda Santa Isabel, Usina
Sinimbu, AL.......................................................................................
Tabela 18 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D),
densidade relativa (Dr), abundância (A), abundância relativa (Ar) e
importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas daninhas
presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura
morta, em pousio por cerca de quatro meses, Fazenda Santa
Isabel, Usina Sinimbu, AL.................................................................
Tabela 19 - Comparação da similaridade de comunidades de plantas daninhas
ocorrentes em cana-de-açúcar em resposta à cobertura do solo e
ao manejo para controle de planta daninha, Fazenda Santa Isabel,
Usina Sinimbu, AL.............................................................................

83

84

84

85

85

86

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO GERAL..............................................................................

12

2
2.1
2.1.1
2.1.2

REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
Adubação verde com leguminosas - definição e importância.............
Conceitos básicos.......................................................................................
Importância da adubação verde para a cana-de-açúcar............................

14
14
14
14

2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2.2.4
2.2.5

Leguminosas frequentemente cultivadas em áreas de cana-deaçúcar.........................................................................................................
Crotalaria spectabilis...................................................................................
Crotalaria juncea.........................................................................................
Crotalaria ochroleuca..................................................................................
Crotalaria breviflora.....................................................................................
Cajanus cajan.............................................................................................

15
15
16
16
17
18

2.3
2.3.1
2.3.2
2.3.3

Adubação verde com leguminosas e o controle de plantas daninhas
Efeito Físico................................................................................................
Efeito Biológico...........................................................................................
Efeito Químico.............................................................................................

19
19
19
20

2.4
2.4.1
2.4.2
2.4.3
2.4.4
2.4.5

Manejo de plantas daninhas....................................................................
Controle preventivo.....................................................................................
Controle cultural..........................................................................................
Controle mecânico ou físico........................................................................
Controle biolóco..........................................................................................
Controle químico.........................................................................................

21
21
22
22
24
24

REFERÊNCIAS........................................................................................... 27
3.

EFICIÊNCIA DE LEGUMINOSAS, CULTIVADAS COMO COBERTURA
VERDE DO SOLO, EM SUPRIMIR PLANTAS DANINHAS...................... 32

4.

EFICIÊNCIA DA COBERTURA MORTA DO SOLO NA SUPRESSÃO
DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DA CANA PLANTA 51

5.

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS
EM CANA-PLANTA COM DIFERENTES MANEJOS DE COBERTURA
DO SOLO.................................................................................................... 68

12

1

INTRODUÇÃO GERAL
Em todo sistema agrícola as plantas competem entre si pelos fatores de

crescimento: água, luz e nutrientes. Em geral, as plantas daninhas possuem
características fisiológicas e morfológicas que lhes dão vantagens na competição
com as espécies cultivadas. No entanto, algumas leguminosas podem ser utilizadas
para suprimir plantas daninhas (ERASMO et al., 2004).
Várias pesquisas recentes têm comprovado que a adubação verde com
leguminosas pode ter efeito supressor sobre plantas daninhas (GARCIA, 2002;
PEREIRA, 2004; WUTKE; ARÉVALO, 2006; SILVA et al., 2009; TIMOSSI et al.,
2011;). Além disso, há muitos outros benefícios para o solo quando se utiliza
adubação verde: aporte de macro e micronutrientes (HEINRICHS et al., 2005; FARIA
et al., 2007); aporte de matéria orgânica (CHAVES, 1999); maior disponibilidade de
nitrogênio (BRENES, 2003) e reciclagem de nutrientes (SILVA et al., 2002; RICCI et
al., 2005).
Durante o crescimento das leguminosas e seu estabelecimento na área de
cultivo forma-se uma cobertura verde sobre o solo. Ocorre uma ocupação do espaço
que estaria totalmente disponível para a infestação de plantas daninhas, ocorre uma
redução do número de daninhas que dependerá do caráter supressor do adubo
verde utilizado (FAVERO et al., 2001). A Crotalaria juncea, por exemplo, possui um
crescimento inicial bem mais rápido que a Crotalaria spectabilis, isso pode contribuir
para uma supressão mais eficiente das plantas daninhas (CERQUEIRA, 2011).
Por outro lado, o controle de plantas daninhas pode ocorrer após o manejo
das leguminosas quando se forma uma cobertura morta no solo que servirá de
barreira física. Quanto mais abundante a fitomassa produzida e quanto menor a taxa
de decomposição desta, maior é o controle das plantas daninhas (OLIVEIRA et al.
2002).
Nos

sistemas

agrícolas

consorciados

com

leguminosas,

durante

o

crescimento e desenvolvimento dessas plantas há cobertura ampla do solo, isso
também resulta na redução de plantas daninhas (SILVA et al., 2009).
O cultivo de leguminosas para controle de plantas daninhas pode ser
considerado como um componente em um manejo integrado que, combinado com
outros métodos de controle (biológico, cultural e mecânico) contribui para reduzir a
aplicação de herbicidas. A adubação verde com leguminosas é mais eficiente na

13

prevenção de germinação de sementes de plantas daninhas e emergência de
plântulas que na supressão de plantas já estabelecidas (ARAÚJO et al., 2007).
A utilização de um manejo integrado de plantas daninhas pode diminuir o uso
de herbicidas que é uma das principais classes de agrotóxicos usadas nas lavouras
brasileiras. Isso traz benefícios à saúde humana, ao meio ambiente (solo, água e ar)
e talvez proporcione maior rentabilidade para as culturas (SANTOS, 2013).
A barreira física proveniente do manejo das leguminosas cultivadas interfere
na insolação direta do solo impedindo assim o processo de germinação de sementes
de plantas daninhas que são fotoblásticas positivas (GUIMARÃES et al., 2002). Essa
mesma barreira física pode interferir também no processo de emergência das
plântulas que se gastarem as reservas da semente antes de ter acesso à luz
morrem por não ter iniciado a fotossíntese. Ainda outro fator importante sobre a
cobertura morta é o aumento da umidade e da matéria orgânica no solo propiciando
um ambiente mais abundante em fungos e insetos que podem decompor sementes
de plantas daninhas do banco de sementes do solo (MONQUERO et al., 2009).
Também pode existir alelopatia proveniente das leguminosas. Refere-se à
liberação de substâncias que também podem inibir a germinação de sementes e
interferir no crescimento de plântulas de espécies daninhas. Este efeito químico de
controle de daninhas pode ser resultado da decomposição da cobertura morta e/ou
da exsudação radicular durante o crescimento e desenvolvimento da cobertura
verde. Várias substâncias já foram identificadas como compostos alelopáticos, entre
esses, os glicosídeos cianogênicos (SOUZA, 1988), ácidos fenólicos, agropireno,
cumarinas (SILVA, 1978) e flavonoides (RICE, 1984).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito supressor de cinco leguminosas,
na fase de cobertura verde e na fase de cobertura morta do solo, sobre plantas
daninhas em cana-de-açúcar, comparar os resultados com o uso de herbicidas e
descrever a influência na produtividade da cana.

14

2

REVISÃO DE LITERATURA

2.1

Adubação verde com leguminosas - definição e importância

2.1.1 Conceitos básicos
Adubação verde é a prática de cultivar plantas que não serão colhidas nem
consumidas, no entanto, serão manejadas para benefício do solo e do sistema
agrícola. O manejo dos adubos verdes pode ser realizado de três formas básicas: 1.
Utilizar-se de implementos agrícolas para incorporar as plantas na camada arável do
solo; 2. Triturar os adubos verdes e distribuí-los na superfície como cobertura morta;
e, 3. Fazer uso de herbicidas para dessecar as plantas e deixa-las sobre o solo (LUZ
et al., 2005).
É uma prática agrícola simples, porém tem se mostrado fundamental para a
exploração agrícola, economicamente viável, de solos de baixa fertilidade e pobres
em matéria orgânica, em diversas partes do mundo (FERNANDES et al., 2007).
Entre as opções de plantas que podem ser utilizadas como adubos verdes, as
leguminosas se destacam por seus vários benefícios ao sistema agrícola: aporte de
matéria orgânica (TEODORO et al., 2009) e nutrientes minerais (BRENES, 2003)
para o solo; reciclagem de nutrientes (SILVA et al., 2002; RICCI et al., 2005) para
as camadas mais superficiais e em formas mais facilmente assimiláveis; melhoria na
estrutura do solo (LATIF et al., 1992), especificamente na sua porosidade e na
capacidade de reter água (GRIFFITH et al., 1986); promoção do desenvolvimento e
distribuição radicular da cultura implantada na sequência da adubação verde
(CHAVES, 2000); além de trazer boa contribuição para a biota do solo e supressão
de plantas daninhas (Pereira, 2004).
2.1.2 Importância da adubação verde para a cana-de-açúcar
No nordeste brasileiro, a cana-de-açúcar é grandemente cultivada numa faixa
litorânea de solo, denominada Tabuleiros Costeiros. Os solos nos Tabuleiros
Costeiros, encontram-se sob altos índices de extração para manter o crescimento e
desenvolvimento dos canaviais, além disso, esses solos já são naturalmente pobres,
apresentam baixa concentração de Ca e Mg, baixa capacidade de troca catiônica e

15

baixo teor de matéria orgânica. No entanto, uma prática capaz de reverter essa
situação é a adubação verde (FERNANDES et al., 2007).
A utilização de adubos verdes como Crotalaria spectabilis, Crotalaria juncea,
Crotalaria breviflora, Crotalaria ochroleuca e Cajanus cajan proporciona maior
biodiversidade do sistema agrícola, favorece a diminuição de populações de plantas
daninhas e traz benefícios de fertilidade comprovados para solos pobres e de baixa
capacidade de troca catiônica como os encontrados nos Tabuleiros Costeiros
(HEINRICHS et al., 2005; FARIA et al., 2007).
A adubação verde com leguminosas em canaviais produz aumentos tanto na
produtividade agrícola como também no rendimento industrial da cana-de-açúcar.
Foram observados ganhos na produtividade (toneladas de colmo por hectare) na
faixa de 12 a 29 toneladas de colmo por hectare, além de incrementos de 5,4 a 7,8
toneladas de açúcar por hectare, quando se utiliza a adubação verde cerca de três
meses antes da renovação do canavial. (CERQUEIRA, 2011).
2.2

Leguminosas frequentemente cultivadas em áreas de cana-de-açúcar

2.2.1 Crotalaria spectabilis
Crotalaria spectabilis é uma leguminosa originária da Ásia Central. Tem hábito
de crescimento arbustivo ereto atingindo 1,2 a 1,5 metros de altura. Tem uma
produtividade entre 20 a 30 toneladas de massa verde e 4 a 6 toneladas de massa
seca por ciclo. Fixa mais de 100 kg de N por hectare. O espaçamento recomendado
é de 0,50 m entre linhas com 30 a 35 sementes por metro linear (PIRAÍ, 2014).
Apesar de apresentar uma velocidade de crescimento inicial menor quando
comparada à Crotalaria juncea, em áreas recém-cultivadas e preparadas para
plantio, não se faz necessário o uso de capina para o cultivo de crotalária
spectabilis, na maioria dos casos, nessa situação ela consegue se estabelecer sobre
as plantas daninhas sem intervenção de controle (CERQUEIRA, 2011).
É

uma

espécie

que

apresenta

considerável

plasticidade

fenotípica,

adaptando-se a diferentes condições edafoclimáticas. Ela ocorre em vários habitats,
como em entrelinhas de pomares, solos de áreas degradadas, áreas próximas de
rios, etc. São oportunistas, com capacidade de se estabelecer em locais alterados
pela ação antropomórfica, dois exemplos são: margens de estradas e encostas de
túneis em rodovias (FLORES; MIOTTO, 2005).

16

Essa planta é rica em alcaloides pirrolizidínicos (AP) que são as principais
toxinas derivadas de plantas que acometem humanos e animais. A monocrotalina é
o AP mais abundante na crotalária spectabilis, e também nas outras espécies do
gênero Crotalaria. Essa substância é tóxica para humanos, animais e nematóides,
porém não é mencionada como tendo efeito alelopático negativo sobre plantas
daninhas (Honório Júnior et al., 2010).

A crotalária spectabilis é tóxica

principalmente para suínos e os sintomas começam a aparecer alguns dias após a
ingestão da crotalária. Contaminação da ração com 0,2% de sementes de crotalária
já provocam grandes danos em suínos. A crotalária spectabilis demonstra um bom
efeito no controle de nematóides de galhas (Meloidogyne spp) na cultura do feijoeiro.
(SILVA-LÓPEZ; PACHECO, 2013).
2.2.2 Crotalaria juncea
Crotalaria juncea é uma leguminosa asiática com ampla adaptação às regiões
tropicais do mundo. Apresenta crescimento ereto atingindo quase 3 metros de altura.
Tem uma produtividade entre 40 a 60 toneladas de massa verde e 10 a 15 toneladas
de massa seca por hectare. Alcança mais de 200 kg de N por hectare na fixação
biológica. O espaçamento recomendado é de 0,50 m entre filas com 22 a 27
sementes por metro linear. É uma planta com velocidade de crescimento inicial
muito rápida. Serve como excelente cobertura verde do solo impedindo a infestação
e estabelecimento de plantas daninhas (PIRAÍ, 2014; CERQUEIRA, 2011).
Esta espécie é frequentemente utilizada para plantios consorciados com
milho, milheto e milho de vassoura. A sua velocidade de crescimento é compatível
com a do milho, portanto não sendo abafada por este. No caso de plantios
consorciados com milheto e milho de vassoura, a crotalária juncea pode abafar os
mesmos tornando suas produtividades baixas. No nordeste, para o cultivo em
sucessão, ou seja, sem consórcio com culturas principais, a espécie é ideal para
cultivos em áreas onde se tem um período curto de descanso, em torno de 80 dias,
tempo suficiente para 50 % de florescimento (PEREIRA et al., 2011).
2.2.3 Crotalaria ochroleuca
Crotalaria ochroleuca é uma leguminosa anual de verão. É uma espécie
rústica e considerada resistente ao estresse hídrico. Essa leguminosa é má

17

hospedeira de nematóides e contribui para a diminuição da população destes, por
isso é muito utilizada na sucessão da soja em áreas com infestação mista dos
nematóides do cisto, das galhas e das lesões radiculares, com destaque para o
Pratylenchus brachyurus (PIRAÍ, 2014).
É uma planta de crescimento inicial mais rápido do que a Crotalaria
spectabilis. Apresenta hábito de crescimento bem ereto atingindo entre 1,6 e 2,0 m
de altura. Tem sido utilizada como opção de adubo verde na região do nordeste
brasileiro (CERQUEIRA, 2011).
Essa leguminosa apresenta boa produção de biomassa e fixação de
nitrogênio, sendo também recomendada para recuperação da capacidade produtiva
do solo. Apresenta crescimento ereto atingindo quase 2 metros de altura. Tem uma
produtividade entre 20 a 30 toneladas de massa verde e 7 a 10 toneladas de massa
seca por hectare. Alcança mais de 100 kg de N por hectare na fixação biológica. O
espaçamento recomendado é de 0,50 m entre filas com 40 a 45 sementes por metro
linear. (PIRAÍ, 2014).
Crotalaria ochroleuca apresenta extenso sistema radicular, com cerca de
1000 kg de massa seca de raízes por hectare. Isso contribui para uma boa
exploração da camada arável do solo. No entanto, cerca de 80 % desse sistema
radicular fica na camada superficial do solo. Não possui caráter descompactador de
camadas coesas em subsuperfície de Argissolo distrocoeso (CERQUEIRA, 2011).
2.2.4 Crotalaria breviflora
Na região centro-sul é classificada como uma leguminosa anual de verão,
sendo cultivada como cobertura vegetal nas entrelinhas de culturas perenes,
principalmente no cafeeiro, devido ao seu porte baixo, hábito não trepador e por ser
uma espécie má hospedeira de nematóides. Nesse sistema serve para controlar
plantas daninhas e fornecer nitrogênio para a cultura consorciada. O seu porte baixo
permite o trânsito de máquinas e pessoas nas entrelinhas (PIRAÍ, 2014).
Em experimentos no nordeste, entre as quatro espécies cultivadas do gênero
Crotalaria, ela foi aquela que apresentou menor rusticidade, não conseguiu se
estabelecer na área sem capina das plantas daninhas, mesmo sendo semeada no
mesmo dia da preparação do solo com gradagem. Em 100 dias de cultivo, a sua
fitomassa não atingiu 3 toneladas de massa seca por hectare (CERQUEIRA, 2011).

18

Apresenta crescimento ereto atingindo 0,8 a 1,0 m de altura. Pode alcançar
uma produtividade de 20 toneladas de massa verde e de 5 toneladas de massa seca
por hectare. Alcança mais de 100 kg de N por hectare na fixação biológica somada a
reciclagem. O espaçamento recomendado é de 0,50 m entre linhas com 30 a 35
sementes por metro linear. (PIRAÍ, 2014).
2.2.5 Cajanus cajan
É uma leguminosa de origem africana, mas muito cultivada em todas as
regiões do Brasil. É utilizada como adubo verde e como forrageira. Os ramos são
utilizados na alimentação de ruminantes e os grãos servem para a alimentação
humana. É um arbusto semi-perene cujo ciclo que vai da semeadura até o pleno
florescimento dura entre 80 (variedades anãs) e 180 (variedades normais) dias
(TEODORO et al., 2011).
A produção de massa verde varia de 20 t/ha (variedades anãs) a 40 t/ha
(variedades normais). A produção de massa seca fica entre 4 t/ha (variedades anãs)
e 9 t/ha (variedades normais). A fixação de Nitrogênio somada à reciclagem desse
nutriente atinge 180 kg de N/ha/ano. O espaçamento para o plantio do feijão-guando
anão é de 50 cm entre plantas com 20 a 25 sementes por metro linear (PIRAÍ,
2014).
No Paraná o feijão guandu tem sido usado para proteger lavouras novas de
café das geadas. Deixa-se o feijão guandu plantado nas entrelinhas do café crescer
e formar um túnel sobre as plantas do café. Essa cobertura faz uma boa proteção,
às mudas novas de café, contra a geada (PIRAÍ, 2014).
O feijão guandu anão é uma leguminosa de verão de porte baixo e ciclo
anual, sendo utilizada nas entrelinhas de culturas perenes, como o citros. É rústica e
tem boa exploração radicular, descompactando os solos adensados e reciclando
nutrientes. Excelente forrageira palatável e rica em proteína. Produz boa quantidade
de biomassa e fixação de nitrogênio (TEODORO et al., 2011).
Em Alagoas é uma espécie muito cultivada na agricultura de subsistência,
especialmente nas épocas de seca, pois o guandu anão tem se mostrado rústico e
resistente a estresse hídrico. Cultivado em um Argissolo amarelo distrófico com
caráter coeso o feijão guandu apresentou amplo desenvolvimento radicular, atingiu

19

os 60 cm de profundidade no perfil do solo e apresentou a capacidade de
descompactar camadas coesas em subsuperfície (20-40 cm) (CERQUEIRA, 2011).

2.3

Adubação verde com leguminosas e o controle de plantas daninhas

2.3.1 Efeito Físico
A cobertura morta do solo resultante do cultivo de leguminosas suprime
plantas daninhas por impedir a germinação e por interferir na emergência das
plântulas. As plantas daninhas fotoblásticas positivas só germinam na presença de
luz, todavia, os restos vegetais dificultam a penetração da luz na camada superficial
do solo onde se encontram as sementes. A cobertura morta ainda funciona como
barreira física para a emergência das plântulas. Quanto mais expeça a cobertura
morta, menor é a emergência das plantas daninhas. Elas acabam gastando as
reservas do propágulo antes de ter condição de realizar fotossíntese, isso resulta na
morte da plântula (MONQUERO et al., 2009).
2.3.2 Efeito Biológico
Durante o crescimento das leguminosas, naturalmente ocorre uma supressão
das plantas daninhas por competição. A competição entre as plantas pode existir:
entre as plantas cultivadas, entre plantas cultivadas e plantas daninhas e entre as
próprias plantas daninhas entre si. As plantas daninhas podem sofrer diminuição em
sua população pela competição das leguminosas por luz, água e nutrientes
(ERASMO et al., 2004).
Crotalaria juncea, por exemplo, é uma leguminosa muito utilizada como adubo
verde, essa espécie apresenta um rápido crescimento, alcançando mais de dois
metros de altura em 100 dias de cultivo, essa característica biológica faz com que
esse planta suprima as plantas daninhas por sombreamento, principalmente. Além
disso, é uma espécie com ótima eficiência de absorção radicular, isso a torna uma
grande competidora por nutrientes minerais do solo (CERQUEIRA, 2011).
Outra leguminosa, do mesmo gênero, é a Crotalaria spectabilis. Não
apresenta rápido crescimento inicial e é uma planta mais baixa, no entanto, tem uma
ótima capacidade de sombrear as entrelinhas pelo crescimento de ramos laterais. E
o caráter competitivo dessa espécie se dá também pelo sistema radicular extenso e

20

mais profundo (até 80 cm de profundidade), que favorece essa planta na busca de
água e nutrientes (CERQUEIRA, 2011).
2.3.3 Efeito Químico
Algumas espécies de leguminosas produzem e concentram, em seus tecidos,
substâncias do metabolismo secundário, ou seja, substâncias não essenciais para a
existência do organismo. Porém, quando essas substâncias são liberadas no
ambiente podem proporcionar supressão das plantas daninhas, essa atividade é
denominada alelopatia.
A alelopatia proveniente dos adubos verdes refere-se à liberação de
substâncias que inibem a germinação de sementes e interferem no crescimento das
plântulas de plantas daninhas. Este efeito químico de controle de daninhas é
resultante da ação de substâncias liberadas na decomposição da cobertura morta;
ou liberadas na exsudação radicular e na volatilização foliar, durante o crescimento
das leguminosas (SOUZA, 1988; RODRIGUES et al., 1993; WEIDENHAMER, 1996).
Várias substâncias já foram identificadas como compostos alelopáticos, entre
esses, os glicosídeos cianogênicos (SOUZA, 1988), ácidos fenólicos, agropireno,
cumarinas (SILVA, 1978) e flavonoides (RICE, 1984).
O feijão de porco (Canavalia ensiformes) é uma leguminosa citada como
ótimo supressor de plantas daninhas e esse efeito é atribuído à alelopatia (BURLE et
al., 2006). Existem substâncias que se concentram nas raízes e nas sementes do
feijão de porco que apresentam atividade alelopática desfavorável ao crescimento
das seguintes plantas daninhas: Mimosa pudica, Urena lobata, Sennaobtusifolia e
Senna occidentalis (SOUZA FILHO, 2002).
Várias outras plantas já tiveram a constatação de sua atividade alelopática
sobre plantas daninhas. Alguns exemplos são: aveia (Avena sativa), azevém (Lolium
multiflorum), Vicia sp. (MEDEIROS et al., 1990), Mucuna aterrima e Crotalaria juncea
(WUTKE, 1993). No entanto, as leguminosas do gênero Crotalaria e o Cajanus cajan
geralmente apresentam ação alelopática positiva sobre a germinação de sementes
de outras espécies, ou seja, não possuem metabólitos secundários ou não
concentram essas substâncias de uma forma que venha inibir a germinação de
plantas daninhas. Há muitos relatos de que os extratos vegetais dessas leguminosas

21

estimulam a germinação de plantas daninhas (ARAÚJO; ESPÍRITO SANTO;
SANTANA, 2010; ZANUNCIO et al., 2013; GOMES, et al.; 2014).
2.4

Manejo de plantas daninhas
O manejo ideal de plantas daninhas em um sistema agrícola sustentável

consiste na adoção de práticas que reduzam a infestação. O objetivo não deve ser
eliminar por completo as plantas daninhas. Essa erradicação elimina aspectos
benéficos, por exemplo, as plantas daninhas contribuem para biodiversidade do
agroecossistema e também podem indicar informações sobre fertilidade e acidez do
solo só pela sua presença na área (DE CASTRO SILVA, BRAUN, COELHO, 2011).
A erradicação de plantas daninhas envolve a completa remoção de sementes
e estruturas de reprodução vegetativa em uma área cultivada. Essa prática elimina
todos os benefícios ecológicos das plantas daninhas. Mas, em pequenas hortas,
jardins, viveiros de mudas de frutíferas e ornamentais essa prática pode ser
aceitável (GABRIEL et al., 2014).
Para se conseguir um manejo adequado de plantas daninhas, muitas vezes
se usa dois ou mais métodos de controle, isso pode ser definido de “Manejo
Integrado de Plantas Daninhas” (SANTOS, 2013). O nível de controle em uma
lavoura depende da planta infestante, da cultura e dos métodos empregados
(GIMENES et al., 2011).
2.4.1 Controle preventivo
Podem ser tomadas medidas preventivas no intuito de impedir a introdução,
estabelecimento ou disseminação de certas plantas daninhas em áreas ainda não
infestadas: um país, estado, município, fazenda, até mesmo num lote de terra
específico.
No Brasil, esse controle é feito basicamente por meio da legislação da
produção de sementes que fiscaliza as impurezas entre as sementes de plantas
cultivadas inclusive a presença de sementes de plantas daninhas. E, localmente,
agricultores peneiram adubos orgânicos, limpam canais de irrigação, entre um lote e
outro limpam implementos agrícolas para não disseminar propágulos de plantas
daninhas de lotes mais infestados para as demais áreas da fazenda.

22

2.4.2 Controle cultural
O uso de práticas comuns para o bom manejo do solo e da água na
agricultura serve como controle de plantas daninhas. Dois exemplos são: rotação de
culturas e variação de espaçamento.
A rotação consiste em cultivar a mesma área com culturas diferentes ao longo
dos anos. Por exemplo: uma área antes cultivada com milho agora poderia ser
cultivada com feijão. O uso de rotação quebra a interferência da planta daninha sob
a planta cultivada. Em áreas onde isso não é feito a infestação se torna mais forte
com o passar do tempo (CORREIA; LEITE; DANIEL, 2011).
Quanto ao espaçamento entre plantas cultivadas convencionou-se que
quanto maior a densidade de plantas, ou seja, quanto menor o espaçamento entre
as plantas cultivadas, a tendência é a supressão de plantas daninhas. Isso ocorre
principalmente quando as plantas daninhas são sensíveis ao sombreamento
(SCHOLTEN; PARREIRA; ALVES, 2011).
Outras práticas são alistadas dentro do controle cultural: irrigação controlada,
semear logo após o preparo do solo, uso de coberturas verdes e correção da acidez
do solo (BRAGA et al., 2012).
2.4.3 Controle mecânico ou físico
Conforme o próprio nome indica se refere a controle de plantas daninhas por
meio de práticas com efeito físico ou mecânico. Como: arranquio manual, capina
manual, roçado, inundação, queima, cobertura morta e cultivo mecanizado
(CONSTANTIN, 2001).
O arranquio manual é também conhecido como monda. É o método mais
antigo de controle de plantas daninhas. E ainda hoje é amplamente utilizado
principalmente com espécies com propagação por sementes em hortas caseiras,
jardins, viveiros de mudas, e rente à linha de plantio onde a enxada não alcança. A
capina manual por meio da enxada também é amplamente utilizada no Brasil. Hoje
deixou de ser o método mais econômico pelo fato do elevado preço da mão-de-obra
braçal. Mas é amplamente utilizada como complemento de outros métodos de
controle (LORENZI, 2006).
O roçado consiste no controle de plantas daninhas com o corte da parte
aérea, pode ser feito manualmente ou com o auxílio de implementos tratorizados. É

23

muito comum em pomares e em cafezais. Em áreas declivosas é fundamental para
proteger as encostas de erosão. Deve ser feito periodicamente na entrelinha da
cultura e ao redor de árvores. É muito empregado também em pastagens, beira de
estradas e terrenos baldios. Proporciona condições de elevada umidade do solo e
de menor amplitude térmica que favorece a microbiota do solo (MELLONI et al.,
2013).
A inundação é uma forma bem efetiva de controlar plantas daninhas, porém
existem condições de cultivo que proporcionam essa prática. Um exemplo dessa
prática é o cultivo de arroz inundado em solos planos e nivelados. Espécies perenes,
como tiririca, grama seda, capim kikuio e muitas outras espécies são totalmente
erradicadas sob inundação. As plantas morrem por não terem oxigênio na região
das raízes (DUART et al., 2013).
Outra forma de controle mecânico é o uso de cobertura morta. Podem ser
utilizadas películas plásticas ou restos vegetais para cobrir o solo. Na prática do
plantio direto primeiro se cultiva uma espécie para formar palhada sobre o solo para
em seguida plantar a cultura de interesse, nesse sistema de cultivo existirá uma
barreira física que sombreia o solo e que elimina plantas daninhas por meio da
exaustão das reservas das plântulas em processo de emergência. No caso das
películas de polietileno podem ser transparentes para elevar ainda mais a
temperatura na superfície do solo, isso pode inviabilizar os propágulos das plantas
daninhas (FERREIRA et al., 2013).
Alguns usam o fogo para controlar plantas daninhas. No Brasil não é muito
comum, mas em muitos outros países é comum um lança chamas para eliminar
plantas daninhas em áreas urbanas em lugar de pulverizadores com herbicidas. E
há relatos de controle seletivo na cultura da cana-de-açúcar, no algodão e na soja
com queimadores especiais em cultivadores tratorizados (LORENZI, 2006).
E, uma técnica de controlar plantas daninhas, muito comum no Brasil, é o uso
de cultivo mecânico. Em geral é realizado com tração animal ou tratorizada. Trata-se
do revolvimento do solo infestado, pode ser feito com o auxílio de arados, grades e
cultivadores (MELLONI et al., 2013). Há duas situações peculiares em que o cultivo
mecânico não é indicado: primeira, quando a área está infestada com uma espécie
que se dissemina de forma vegetativa, a passagem do implemento, só iria espalhar
ainda mais a planta daninha; segunda, quando a infestação ocorre muito rente a
cultura, na linha de plantio por exemplo.

24

2.4.4 Controle Biológico
Quando se utiliza um organismo vivo seja um inseto, um microorganismo, um
peixe ou uma ave para realizar o controle de plantas daninhas denomina-se de
controle biológico. No Brasil há relatos da utilização de criação de cabras e ovelhas
na limpa de pomares. Outro exemplo comum é a utilização de carpas em
reservatórios de hidrelétricas e em canais de irrigação para que possam se alimentar
de plantas que provocam problemas nessas áreas. Cada vez mais pesquisadores
buscam indicar agentes para o controle biológico de plantas daninhas (BOSCHI et
al., 2012; DE SOUZA BRAGA et al., 2013).
O uso de plantas com efeitos alelopáticos capazes de provocar a morte de
plantas daninhas é considerado um controle biológico. Nesse contexto, o feijão de
porco (Canavalia ensiformis), uma leguminosa muito cultivado no Brasil como adubo
verde, é indicada para o controle de uma das principais plantas daninhas, a tiririca
(Cyperus rotundus), substâncias orgânicas encontradas principalmente nas raízes e
sementes do feijão de porco exercem efeitos alelopáticos negativos sobre os
tubérculos da tiririca, levando a redução da infestação dessa planta daninha
(ALMEIDA; CÂMARA, 2012; CORRÊA, et al., 2013).
2.4.5 Controle químico
No final do século XIX deu-se início ao uso de produtos químicos para o
controle de plantas daninhas. Mas foi a partir de 1944, com a descoberta dos efeitos
fitotóxicos do 2,4-D que esse tipo de controle passou a ter linhas mais científicas.
Esses produtos capazes de matar ou de inibir grandemente o desenvolvimento de
uma planta são denominados herbicidas (DE OLIVEIRA JR; CONSTANTIN; INOUE,
2011).
Existem no Brasil cerca de 50 princípios ativos herbicidas em uso. São mais
de cem formulações e centenas de marcas comerciais. Atualmente tem-se o
conceito de que a agricultura só atingirá suas elevadas produtividades para
abastecer a população mundial com a utilização de herbicidas. Porém é do
conhecimento popular que o seu uso tem acarretado prejuízos ambientais e
prejuízos a saúde humana e à vida animal e microbiológica (MELLONI et al., 2013).
Herbicidas podem ser classificados de acordo com sua atividade, modo de
aplicação ou sua semelhança química. Os herbicidas podem ser seletivos ou não

25

seletivos com base na capacidade de matar uma planta sem prejudicar outra, por
exemplo, um herbicida é seletivo para uma determinada cultura quando é capaz de
matar muitas espécies de plantas daninhas sem prejudicar a cultura.
Uma classificação ultrapassada, mas que continua sendo utilizada é a
classificação entre herbicidas de folhas largas e herbicidas de folhas estreitas. Hoje
já existem vários princípios e formulações que matam ambos os tipos de plantas,
tanto as dicotiledôneas como as monocotiledôneas, ou seja, folhas largas e
estreitas. Além das exceções representadas pelas comelináceas (trapoerabas) que
possuem folhas largas, mas pertencem ao grupo das monocotiledôneas e pelas
ciperáceas (tiriricas) que apesar de terem folhas estreitas são suscetíveis aos
herbicidas para plantas de folhas largas (LORENZI, 2006).
Existem os herbicidas de contato que matam os tecidos que estraram em
contato com a substância ou matam a planta toda quando em contato com as
regiões meristemáticas. No entanto, não são eficazes contra as plantas daninhas
perenes que são capazes de recuperar seu crescimento através de suas estruturas
subterrâneas. Quando o herbicida age no ponto de entrada na planta é dito não
translocável. Mas quando entra por um ponto e transloca-se na planta até atingir o
sítio de atividade é chamado sistêmico ou translocável (DE OLIVEIRA; BRIGHENTI,
2011).
Os herbicidas podem ainda ser classificados em relação ao estágio de
desenvolvimento da planta daninha, da cultura ou de ambas, quando da aplicação,
em: pré-emergentes (PRÉ) e pós-emergentes (PÓS). Os herbicidas de PRÉ devem
ser aplicados no solo antes da germinação das sementes das plantas daninhas ou
antes da emergência das suas plântulas. Alguns desses precisam ser incorporados
no solo para melhorar a eficiência de controle, geralmente aplicados antes do plantio
da cultura, são os herbicidas de pré-plantio incorporado (PPI). Os herbicidas de PRÉ
são chamados de residuais, por manterem-se ativos no solo após longo tempo. Já
os herbicidas de PÓS são aplicados apenas sobre as folhagens. Para que ocorra
atuação devem ser absorvidas pela parte aérea da planta, entretanto, há exceções,
alguns podem ser absorvidos pelas raízes após cair no solo, como é o caso do
Picloran. E, a maioria dos herbicidas de PÓS também possuem ação residual ou de
pré-emergência (LORENZI, 2006).
Os herbicidas para serem usados na agricultura são formulados de diversas
modos. Na forma sólida alguns são aplicados como granulados (GR). Porém a

26

grande maioria é aplicada em pulverizações após a sua diluição. Nesse caso são
feitos de forma que podem ser misturados em água. São várias formulações: pós
solúveis (PS), pós molháveis (PM) e grânulos dispensáveis em água (GRA). Outros
são formulados líquidos: soluções aquosas (SA), concentrados emulsionáveis (CE),
microemulsões (ME), suspensões concentradas (SC) e suspensões de encapsulado
(SUEN) (DE OLIVEIRA; BRIGHENTI, 2011).
Apesar de o controle químico ser a forma mais utilizada para o manejo de
plantas daninhas na agricultura mundial, e também no Brasil, experiências
agroecológicas comprovam que é possível produzir alimento em larga escala sem o
uso de herbicidas (DE FIGUEIREDO; SOARES, 2012). Diante dessa realidade, não
é realístico enxergar uma abolição dos herbicidas, não em curto prazo, no entanto,
milhares de fazendas já conseguiram fazer isso. Por hora, é possível compreender a
importância de adotar um manejo integrado de plantas daninhas, no qual o uso de
herbicidas é apenas uma das estratégias de controle, e não é a preferida (DE
JESUS ABRANTES et al., 2011).

27

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control Cyperus rotundus L. Revista Ceres, v. 59, n. 3, p. 422-426, 2012.
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32

3

EFICIÊNCIA DE LEGUMINOSAS, CULTIVADAS COMO COBERTURA
VERDE DO SOLO, EM SUPRIMIR PLANTAS DANINHAS.

RESUMO
A cobertura verde do solo pode servir como uma ferramenta no manejo integrado de
plantas daninhas, no entanto, o controle de plantas daninhas é realizado quase que
unicamente com herbicidas. Objetivou-se neste trabalho avaliar o crescimento e a
produção de fitomassa de cinco leguminosas e indicar sua eficiência na supressão
de plantas daninhas durante os 50 e os 80 dias de cultivo, comparando os
resultados com o uso de herbicidas. Este trabalho foi realizado em condição de
campo na Usina Cansanção de Sinimbu, Jequiá da Praia - AL. Nas plantas daninhas
foram avaliadas as seguintes variáveis: fitomassa, densidade de plantas e número
de espécies diferentes. As leguminosas foram avaliadas quanto à biometria e à
produção de fitomassa. Para comparar a capacidade de controlar plantas daninhas
foram utilizados dois tratamentos com herbicidas e um tratamento sem controle de
plantas daninhas. O delineamento estatístico foi em blocos casualizados, com quatro
repetições e parcelas experimentais de 48 m². Crotalaria juncea destacou-se como a
melhor espécie em suprimir plantas daninhas com formação de cobertura verde do
solo, a eficiência de controle de plantas daninhas dessa leguminosa variou de 83 %
para 56 % em relação à testemunha nos períodos avaliados, foi respectivamente,
igual e superior ao tratamento com herbicidas em pré-emergência. Crotalaria
breviflora mostrou-se a pior espécie entre as leguminosas estudas para suprimir
plantas daninhas, aos 80 dias de cultivo, não apresentou eficácia em suprimir
plantas daninhas em relação à testemunha. Nenhuma das leguminosas utilizadas
como cobertura verde do solo apresentou capacidade supressora de plantas
daninhas equivalente ao tratamento com herbicidas aplicados em pré + pósemergência.
Palavras-chave: Crotalaria spp. Adubação verde. Infestantes. Supressão.

33

EFFICIENCY LEGUMES, GROWN AS GREEN GROUND COVER, TO SUPPRESS
WEEDS
ABSTRACT
The green ground cover can serve as a tool in integrated weed management,
however, the weed control is carried out almost exclusively with herbicides. The
objective of this study was to evaluate the growth and biomass production five pulses
and indicate its efficiency in weed suppression during the 50 and 80 days of culture,
comparing the results with the use of herbicides. This work was carried out under
field conditions in the plant Cansanção of Sinimbu, Jequiá Beach - AL. In the weeds
the following variables were evaluated: biomass, plant density and number of
different species. Legumes were evaluated for biometrics and biomass production.
To compare the ability to control weeds were used two treatments with herbicides
and treatment without weed control. The experimental design was a randomized
block with four replications and plots of 48 m². Crotalaria juncea stood out as the best
species to suppress weeds with training green ground cover, the weeds of this
legume control efficiency ranged from 83% to 56% compared to the control in the
same periods, were respectively equal and superior to treatment with pre-emergence
herbicides. Crotalaria breviflora proved to be the worst kind between the studied
legumes suppress weeds, after 80 days of cultivation, did not show efficacy in
suppressing weeds compared to the control. None of the legume used as green Soil
cover weed suppressive capacity equivalent to the treatment with herbicides applied
pre + post-emergence.
Keywords: Crotalaria spp. Green manuring. Weeds. Suppression.

34

INTRODUÇÃO

O cultivo de leguminosas proporciona uma cobertura verde do solo com
benefícios ao sistema agrícola (CHERR et al., 2006): aporte de macro e
micronutrientes (HEINRICHS et al., 2005; FARIA et al., 2007); aporte de matéria
orgânica (CHAVES, 1999); maior disponibilidade de nitrogênio (BRENES, 2003) e
reciclagem de nutrientes (RICCI et

al., 2005; SILVA et al., 2002). Além desses

benefícios para a fertilidade do solo, essas leguminosas podem suprimir plantas
daninhas (PEREIRA, 2004; SILVA et al., 2009; TIMOSSI et al., 2011; WUTKE;
ARÉVALO, 2006).
A supressão de plantas daninhas pode ocorrer após o cultivo das
leguminosas na área agrícola. Após o manejo forma-se uma cobertura morta no solo
que serve de barreira física, quanto mais abundante a fitomassa produzida e quanto
menor a taxa de decomposição desta, mais eficiente será o controle das plantas
daninhas (OLIVEIRA et al., 2002). Por outro lado, nas áreas com cobertura verde e
nos sistemas agrícolas consorciados, durante o crescimento e desenvolvimento
dessas leguminosas ocorre ampla ocupação do solo resultando na redução da
infestação das plantas daninhas (SILVA et al., 2009).
A cobertura verde do solo é mais eficiente na prevenção da germinação de
sementes de plantas daninhas e emergência de plântulas, do que na supressão de
plantas já estabelecidas, por isso, o uso de leguminosas para controle de plantas
daninhas pode ser utilizado como um componente de um manejo integrado que,
combinado com outros métodos de controle (biológico, cultural e mecânico),
contribui para reduzir a aplicação de herbicidas (ARAÚJO et al., 2007).
No manejo integrado de plantas daninhas pode-se diminuir o uso de
herbicidas que é uma das principais classes de agrotóxicos usadas nas lavouras
brasileiras (QUEIROZ et al., 2010). Isso traria benefícios à saúde humana, ao meio
ambiente (solo, água e ar) e pode proporcionar maior rentabilidade para as culturas.
As plantas, entre si, estão sujeitas à competição, o que consiste na remoção
de fatores de crescimento (água, luz, nutrientes, etc.) necessários tanto às plantas
daninhas quanto às culturas, as quais possuem habilidades de competição
diferenciadas (ERASMO et al., 2004). As leguminosas cultivadas como cobertura
verde vão concorrer por esses fatores de crescimento, dificultando assim a
infestação das plantas daninhas na área (FAVERO et al., 2001). À medida que a

35

cobertura verde do solo cresce e se expande, o espaço entre linhas das
leguminosas vai reduzindo e sombreando, levando à redução de plantas daninhas.
As sementes da erva-de-touro (Tridax procumbens), por exemplo, são fotoblásticas
positivas, não germinam sem a presença suficiente de luz (GUIMARÃES et al.,
2002).
Outros efeitos podem contribuir para a supressão de plantas daninhas. A
cobertura verde do solo proporciona aumento do teor de matéria orgânica no solo
em decorrência da senescência de folhas e ramos, isso associado a uma menor
amplitude térmica no solo, cria condições ideais para uma microbiota mais densa e
diversa. Esses microorganismos podem utilizar de sementes e plântulas de espécies
daninhas como alimento. Além disso, cria-se também um abrigo seguro para a
entomofauna que inclui insetos que também se alimentam de sementes e plântulas
(MONQUERO et al., 2009; TAVARES et al., 2011).
Há ainda a alelopatia proveniente das leguminosas em crescimento na área
de cultivo. Nesse caso é desejável que ocorra a liberação de substâncias que
podem inibir a germinação de sementes e interferir no crescimento de plantas
daninhas. Este efeito químico de controle de daninhas pode ser resultado da
decomposição da cobertura morta, mas também ocorre por meio de exsudação
radicular e volatilização durante o crescimento e o desenvolvimento das
leguminosas.

Várias

substâncias

já

foram

identificadas

como

compostos

alelopáticos, entre esses, os glicosídeos cianogênicos (SOUZA, 1988), ácidos
fenólicos, agropireno, cumarinas (SILVA,1978) e flavonoides (RICE, 1984). Todavia
há muitos relatos de que os extratos vegetais de Crotalaria spp. e Cajanus cajan ao
invés de diminuir a germinação de plantas daninhas, apresentam ação alelopática
estimulante (TEIXEIRA; ARAÚJO;CARVALHO, 2004; ARAÚJO; ESPÍRITO SANTO;
SANTANA, 2010; ZANUNCIO et al., 2013; GOMES, et al.; 2014).
A cobertura verde do solo deve ser observada como uma ferramenta dentro
de uma estratégia de manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) (TIMOSSI et al.,
2011). No entanto, o controle de plantas daninhas tem sido realizado amplamente,
com uma única técnica agrícola, o uso de herbicidas. Por isso, o objetivo deste
trabalho foi avaliar o crescimento e a produção de fitomassa de cinco leguminosas e
indicar sua eficiência na supressão de plantas daninhas dentro de um manejo de
cobertura verde do solo e comparar os resultados com o uso de herbicidas.

36

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido na Usina Cansanção de Sinimbu, Jequiá da
Praia - AL, fazenda Santa Luzia, lote 31, em área de renovação de cana-de-açúcar.
Durante a execução do experimento a precipitação pluvial acumulada foi de 188 mm
e a temperatura média foi 25,5 °C. O balanço hídrico anual da região indica que no
período de 1º de setembro ao dia 19 de novembro de 2011 houve déficit de água
disponível no solo do 3º decêndio de setembro ao 2º decêndio de outubro (Figura 1).
O solo cultivado é classificado como Argissolo Amarelo distrocoeso.
Figura 1 - Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao período de janeiro a
dezembro de 2011, Usina Cansanção de Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL.

Exc

Def

Tmed

Tmin

Tmax

380

35.0

340

33.0

300

31.0

260

água (mm)

220

27.0

180
25.0
140
23.0

100

21.0

60

Dez2

Nov3

Nov1

Out2

Set3

Set1

Ago2

Jul3

Jul1

Jun2

Mai3

Mai1

Abr2

15.0

Mar3

-60

Mar1

17.0

Fev2

-20

Jan3

19.0

Jan1-11

20

Temperatura (0C)

29.0

Período analisado (mês)

O lote no qual foi implantado este trabalho estava sendo cultivado
convencionalmente com cana-de-açúcar, mas antes deste experimento também
houve um cultivo de feijão de corda. Antes do plantio das leguminosas foi realizada
uma calagem para elevar a saturação por bases a 60%. As leguminosas foram
semeadas no dia 1º de setembro de 2011, época em que ainda ocorreram chuvas

37

primaveris (Figura 1). Sendo que, previamente o preparo do solo foi realizado com
duas gradagens leves para incorporar os restos das culturas anteriores. Em seguida
procedeu-se o sulcamento manual com o auxílio de enxadas, sendo que o
espaçamento utilizado entre linhas foi de 50 cm e a profundidade entre 2 e 3 cm. A
densidade de plantio seguiu as recomendações do distribuidor (Piraí Sementes) das
sementes (Tabela 1).
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos, densidade de plantio, percentagem de germinação das
sementes, identificação das cultivares e densidade de plantas aos 7 dias após o plantio. Usina
Sinimbu, AL.
Nº de

Germinação

sementes por

das sementes

metro linear

(%)

T1 = Crotalaria spectabilis

43

60

COMUM

25

T2 = Crotalaria juncea

27

60

IAC-KR-1

16

T3 = Crotalaria ochroleuca

45

75

COMUM

33

T4 = Crotalaria breviflora

35

75

COMUM

25

T5 = Cajanus cajan

20

70

ARATA ANÃO

14

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

---

Tratamentos

T6 = Herbicidas em préemergência
T7 = Herbicidas em pós e
pré-emergência
T8 = Testemunha (Solo nu)

Densidade de
Cultivar

planta por metro
linear

Cada parcela experimental teve 48 m², sendo 6 m de largura e 8 m de
comprimento. As parcelas foram compostas de 12 linhas de plantio. Além do cultivo
das leguminosas também foram adotados três outros tratamentos para servir de
comparativo. Um tratamento com herbicidas aplicados em pré-emergência no
mesmo dia da semeadura (1200 g de metribuzin + 1332,5 g de diuron + 167,5 g de
hexazinone por hectare) e um tratamento com herbicidas aplicados em pós e préemergência aos trinta dias após a semeadura dos adubos verdes (960 g de
metribuzin + 1066 g de diuron + 134 g de hexazinone + 720 g de 2-4-D + 45 g
picloram por hectare), nessas parcelas não houve o plantio de adubos verdes, o solo
foi gradeado e as aplicações das misturas de herbicidas foram realizadas com
pulverizador costal com taxa de aplicação de 100 litros de calda por hectare.
Também foi deixada uma testemunha sem adubação verde e sem herbicidas, na
qual o solo foi gradeado (Tabela 1).

38

As cinco leguminosas foram cultivadas até os 80 dias como cobertura verde
do solo. As avaliações de biometria e fitomassa dos adubos verdes foram realizadas
aos 50 e aos 80 dias após o plantio. Foram colhidas 10 plantas por parcela como
amostra, sendo determinados: massa verde, massa seca, altura de planta e número
de ramos por planta. E para determinar a densidade de plantas por metro linear,
todas as plantas de duas linhas centrais foram contadas.
As avaliações das populações de plantas daninhas também foram realizadas
aos 50 e aos 80 dias após o plantio das leguminosas. Em cada parcela, em uma
área amostral de 0,5 m² (retângulo metálico com 0,5 m x 1,0 m) colheu-se todas as
plantas daninhas encontradas. Foram realizadas as seguintes determinações:
massa seca, densidade de plantas e número de espécies. Durante o experimento
não foi realizado nenhum procedimento de controle de plantas daninhas, o que
serviu para a avaliação do caráter supressor de cada adubo verde utilizado, bem
como da eficiência dos tratamentos com herbicidas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias
testadas pelo teste de agrupamento Scott-Knott até 5 % de probabilidade.

39

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram constatadas diferenças significativas entre as espécies leguminosas
quanto à produção de biomassa e biometria das plantas. Aos 50 dias de cultivo
Crotalaria juncea se destacou como a espécie de maior porte (110 cm) e maior
produção de fitomassa (6814 kg ha-1 de massa verde e 2209 kg ha-1 de massa
seca). Por outro lado, C. breviflora foi a espécie menos produtiva e que apresentou
menor porte (Tabela 2).
Tabela 2 - Fitomassa e Biometria de leguminosas aos 50 dias de cultivo, Usina Sinimbu, AL, 2011.
Leguminosas

Crotalaria spectabilis
Crotalaria juncea
Crotalaria ochroleuca
Crotalaria breviflora
Cajanus cajan
Média
C.V. (%)
QMR

Massa
Verde
(kg ha-1)
3790 c
6814 a
5626 b
623 e
2827 d
3936,10
14,56
168890,9 **

Massa
Seca
(kg ha-1)
1338 c
2209 a
1795 b
195 e
1031 d
1313,60
13,70
32371,83 **

Altura
(cm)
27 c
110 a
46 b
19 c
51 b
50,5
14,64
54,64111 **

Nº de
Ramos
(u.a.)
0a
2a
2a
1a
4a
1,9
65,65
1,475000 ns

Densidade
(plantas m-1)
23 b
14 c
32 a
6d
13 c
17,6
8,85
2,435500 **

Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade.

C. spectabilis e C. ochroleuca apresentaram desempenho médio na produção
de fitomassa (1338 e 1795 kg ha-1 de massa seca, respectivamente). São duas
espécies de menor porte que a C. juncea, no entanto, no quesito densidade de
plantas, C. spectabilis e C. ochroleuca (23 e 32 em comparação a 14 da C. juncea)
superaram a C. juncea, sendo esse aspecto muito determinante para a supressão
de plantas daninhas.
Cajanus cajan (feijão-guandu-anão) apresentou crescimento inicial superior
ao da Crotalaria spectabilis, o que é comprovado pelo porte das suas plantas com
quase o dobro da altura no mesmo período de crescimento. Apesar disso, a
produção de fitomassa (2827 kg ha-1 de massa verde e 1031 kg ha-1 de massa seca)
foi inferior a da C. spectabilis, isso provavelmente ocorreu pela menor densidade de
plantas do guandu (14 plantas por metro) como pode ser visto na Tabela 2.

40

Aos 80 dias de cultivo tanto a C. juncea como a C. ochroleuca atingiram mais
de 6400 kg ha-1 de massa seca e foram as duas espécies mais produtivas em
relação à biomassa e também foram as de maior porte. Enquanto C. ochroleuca
apresentou densidade populacional muito superior, quase duas vezes maior, C.
juncea apresentou plantas mais altas, 61 cm maiores (Tabela 3).
Tabela 3 - Fitomassa e Biometria de leguminosas aos 80 dias de cultivo, Usina Sinimbu, AL, 2011.
Adubo Verde

Crotalaria spectabilis
Crotalaria juncea
Crotalaria ochroleuca
Crotalaria breviflora
Cajanus cajan
Média
C.V. (%)
QMR

Massa
Verde
(kg ha-1)
7848 b
15878 a
19896 a
1647 c
4715 b
9996,80
31,17
9327943 **

Massa
Seca
(kg ha-1)
2464 b
6688 a
6424 a
472 c
1899 b
3589,40
33,23
1390003 **

Altura
(cm)
44 d
159 a
98 b
27 e
85 c
82,6
8,28
46,76600 **

Nº de
Ramos
(u.a.)
3b
5a
3b
2b
1b
2,9
38,72
1,308330 **

Densidade
(plantas m-1)
22 b
14 c
27 a
6d
12 c
16,5
13,90
5,23675 **

Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade.

Aos 80 dias de cultivo C. cajan e C. spectabilis não diferiram quanto à
produtividade de massa seca, atingiram mais de 1890 kg ha-1 (Tabela 3). Também
apresentaram semelhante aspecto no número de ramos, apresentando em média 3
ramos por planta, com destaque para C. juncea com média de 5 ramos por planta.
Todavia, no aspecto de porte o C. cajan ultrapassou a C. spectabilis em mais de 40
cm. Já na densidade de plantas C. spectabilis apresentou em média mais 10 plantas
por metro quando comparada com C. cajan (Figura 2).

41

Figura 2 - A= Crotalaria spectabilis e B= Cajanus cajan aos 80 dias de cultivo. Fonte: Autor, 2011.

B

A

Aos 80 dias de cultivo, C. breviflora apresentou apenas 472 kg ha-1 de massa
seca e continuou sendo a espécie de adubo verde menos produtiva (Figura 3).
Também apresentou o crescimento mais lento e a menor densidade de plantas
(Tabela 3). Isso indica menor rusticidade e um menor potencial para o cultivo em
áreas de baixa fertilidade, arenosas e de baixa precipitação, semelhantes àquela
que em o experimento foi montado. Provavelmente C. breviflora teve essa baixa
capacidade de se estabelecer na área porque não houve nenhuma capina nem
qualquer outra forma de controle de plantas daninhas, isso favoreceu o crescimento
destas e o consequente aumento de competição.
Figura 3 - A= Crotalaria breviflora aos 80 dias de cultivo e B= Não apresenta capacidade de controlar
as plantas daninhas. Fonte: Autor, 2011.

A

B

42

Nas duas épocas de avaliação houve efeito de supressão de plantas em
função da leguminosa cultivada como cobertura verde do solo (Tabela 4). Oliveira e
Freitas (2008) também estudaram a supressão dos adubos verdes sobre as plantas
daninhas, e, para descrever quantitativamente a redução na população destas
utilizaram descritores numéricos, entre eles: fitomassa de plantas daninhas,
densidade de plantas e número de espécies diferentes.
Aos 50 dias de cultivo C. juncea destacou-se como a melhor opção, entre os
adubos verdes estudados, para o manejo alternativo de plantas daninhas. Com a
utilização desta espécie observou-se redução de mais de 80% quando se comparou
à testemunha, em massa seca de plantas daninhas. Também foi constatado nesse
período que C. juncea possui o mesmo potencial de controle que o tratamento com
herbicidas de pré-emergência (Tabela 4).
Tabela 4 - Interferência das Leguminosas e Manejos Químicos sobre as plantas daninhas aos 50 dias
após o plantio, Usina Sinimbu, AL.
Adubo Verde e
Manejo Químico
Crotalaria spectabilis
Crotalaria juncea
Crotalaria ochroleuca
Crotalaria breviflora
Cajanus cajan
Herbicidas (Pré)
Herbicidas (Pré+Pós)
Testemunha (Solo nu)
Média
C.V. (%)
QMR

Massa Seca
das daninhas
(g m-2) [%]
58 [63] c
26 [83] b
59 [62] c
82 [47] d
101 [35] e
21 [86] b
0 [100] a
155 [0] f
63,10
13,67
74,50000 **

Densidade das
daninhas
(plantas m-2)
36 c
23 b
23 b
55 d
36 c
9a
0a
49 d
29,00
28,58
68,71400 **

Número de
espécies
(u.a.)
4c
2b
3b
5c
4c
2b
0a
4c
3,16
17,50
0,035000 **

Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
ns
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; não significativo até
5 % de probabilidade.

C. spectabilis e C. ochroleuca reduziram mais de 60% da massa seca de
plantas daninhas em relação à testemunha (Tabela 4). A competitividade por luz,
água e espaço é um das principais explicações para esse controle. Nesse sentido, a
C. ochroleuca é favorecida pelo crescimento inicial mais rápido e maior porte. Já a
C. spectabilis tem sua capacidade competitiva ligada ao seu caráter de manter uma
elevada densidade de plantas. Oliveira Neto et al. (2011) também observaram que o

43

emprego de cobertura verde do solo é uma técnica eficiente no controle de plantas
daninhas, eles explicaram que além de efeitos físicos, há prováveis efeitos
alelopáticos.
Aos 80 dias de cultivo C. spectabilis e C. juncea foram mais eficientes que os
herbicidas de pré-emergência utilizados neste experimento. Essas duas espécies
apresentaram controle de cerca de 50% e o tratamento de pré-emergência apenas
34 % das plantas daninhas em relação à testemunha, isso pode ser observado na
redução de massa seca das plantas daninhas (Tabela 5).
Tabela 5 - Interferência das Leguminosas e Manejos Químicos sobre as plantas daninhas aos 80 dias
após o plantio, Usina Sinimbu, AL.
Adubo Verde e
Manejo Químico
Crotalaria spectabilis
Crotalaria juncea
Crotalaria ochroleuca
Crotalaria breviflora
Cajanus cajan
Herbicidas (Pré)
Herbicidas (Pré+Pós)
Testemunha
Média
C.V. (%)
QMR

Massa Seca
das daninhas
(g m-2) [%]
74 [48] b
64 [56] b
105 [27] c
150 [0] d
87 [39] c
94 [34] c
0 [100] a
143 [0] d
89,8
20,25
330,4590 **

Densidade das
daninhas
(plantas m-2)
39 b
31 b
44 b
104 d
32 b
12 a
0a
71 c
41,9
30,06
158,4050 **

Número de
espécies
(u.a.)
4b
4b
4b
4b
4b
3b
0a
5b
3,4
32,29
1,232000 **

Médias seguidas por letras iguais, na coluna, não diferem entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade.

Cava et al. (2008) verificaram que C. juncea foi ainda mais eficiente em
controlar plantas daninhas que C. spectabilis, possivelmente por apresentar
crescimento

mais

rápido

possibilitando

maior

capacidade

de

competição,

principalmente por luz.
C. ochroleuca e Cajanus cajan apresentaram a mesma capacidade de
controlar plantas daninhas que os herbicidas de pré-emergência. Cabe destacar que
aos 50 dias essas duas espécies não tinham se destacado (Tabela 4), mas que aos
80 dias, quando o efeito dos herbicidas de pré-emergência diminuiu, a eficiência de
controle foi igualada (Tabela 5). Portanto, as leguminosas podem aumentar a sua
capacidade competitiva ao longo do desenvolvimento, à medida que causam efeito

44

de sombreamento (competição por luz) e ganham o espaço no terreno (competição
por água, nutrientes e oxigênio) (Figura 4).
Figura 4 - A= Crotalaria ochroleuca e B= Cajanus cajan aos 80 dias de cultivo. Ótimo fechamento do
espaço entrelinha. Fonte: Autor, 2011.

B

A

Severino e Christoffoleti (2001) já tinham constatado que o feijão-guanduanão (Cajanus cajan), muito utilizado como adubo verde, é bastante eficiente na
redução da germinação e da produção de fitomassa seca de plantas daninhas.
Erasmo et al. (2004) verificaram que adubos verdes são eficazes em suprimir
plantas daninhas, observaram redução significativa na população e massa seca de
Digitaria horizontalis, Hyptis lophanta e Amaranthus spinosus. Monqueiro et al.
(2009) também verificaram efeito supressor sobre as seguintes gramíneas:
Brachiaria decumbens e Panicum maximum.
Todavia, neste estudo, Crotalaria breviflora não apresentou capacidade de
suprimir plantas daninhas. Aos 80 dias de cultivo não ocorreu nenhum efeito de
controle de plantas daninhas por parte da C. breviflora, a qual apresentou resultado
semelhante à testemunha (Tabela 5).

45

CONCLUSÕES

Crotalaria juncea destacou-se como a melhor espécie em suprimir plantas
daninhas com formação de cobertura verde do solo, a eficiência de controle de
plantas daninhas dessa leguminosa variou de 83 % para 56 % em relação à
testemunha nos períodos avaliados, foi respectivamente, igual e superior ao
tratamento com herbicidas em pré-emergência.
Crotalaria breviflora mostrou-se a pior espécie entre as leguminosas estudas
para suprimir plantas daninhas, aos 80 dias de cultivo, não apresentou eficácia em
suprimir plantas daninhas em relação à testemunha.
Nenhuma das leguminosas, utilizadas como cobertura verde do solo,
alcançou um controle de plantas daninhas equivalente ao tratamento com herbicidas
aplicados em pré + pós-emergência.

46

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50

4

EFICIÊNCIA DA COBERTURA MORTA DO SOLO NA SUPRESSÃO DE
PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DA CANA PLANTA

RESUMO
A utilização de cobertura morta do solo é uma prática agrícola que pode trazer
benefícios para a fertilidade do solo e também ser eficaz em suprimir plantas
daninhas. O objetivo do trabalho foi avaliar coberturas mortas provenientes de cinco
leguminosas quanto ao controle de plantas daninhas, comparando os resultados
com o controle químico. O trabalho foi realizado em condição de campo, foram
testadas cinco leguminosas e as suas coberturas mortas sob dois manejos: 1tombadas mecanicamente e 2- dessecadas quimicamente. Para comparar os
resultados foram utilizados tratamentos com herbicidas em pré e pré + pósemergência. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados, em
esquema fatorial 6x2+2, com quatro repetições e parcelas experimentais de 6 m x 8
m. Os dados levantados foram submetidos à análise de variância e as médias
testadas pelo teste de agrupamento Scott-Knott a 5% de probabilidade. A cobertura
do solo proveniente do tombamento das leguminosas estudadas não controlou as
plantas daninhas na mesma eficiência que os herbicidas aplicados em pré e pósemergência, porém, o tombamento mostrou ser mais eficiente no controle de plantas
daninhas em relação à utilização de herbicidas em pré-emergência, fato observado
aos 60 dias de cultivo da cana planta. A dessecação química da Crotalaria breviflora
proporcionou melhor supressão de plantas daninhas em comparação com seu
manejo mecânico provavelmente pelo efeito residual dos herbicidas, no entanto, as
demais leguminosas apresentaram a mesma eficiência de controle de plantas
daninhas tanto com tombamento como com manejo químico, aos 60 dias de cultivo
da cana planta. A ausência de controle de plantas daninhas, sem cobertura morta do
solo e sem aplicação de herbicidas, até os 60 dias da cana planta, trouxe prejuízos
em torno de 35% de perdas, tanto na produtividade agrícola (TCH) quanto no
rendimento industrial (TPH).
Palavras-chaves: Área de renovação. Crotalaria sp. Cajanus cajan. Mulching.

51

EFFICIENCY OF THE SOIL
SUGARCANE YIELD PLANT

MULCH

ON

WEED

SUPPRESSION

AND

ABSTRACT
The use of soil mulch is an agricultural practice that can bring benefits to soil fertility
and also be effective in suppressing weeds. The objective was to evaluate mulches
from five legumes as to weed control, comparing the results with the chemical
control. The work was conducted under field conditions, were tested five legumes
and their mulches under two management: 1- fallen mechanically and chemically 2desiccated. To compare the results with herbicides were used in pre and pre + postemergence. The statistical design was a randomized complete block design with
factorial 6x2 + 2, with four replications and plots 6 mx 8 m. Data were subjected to
analysis of variance and means tested by Scott-Knott grouping test at 5% probability.
The soil cover from the overturning of the studied legumes did not control the weeds
in the same efficiency that herbicides applied pre and post-emergence, however,
tipping was more effective in weed control on the use of herbicides in pre
emergence, which was observed at 60 days of cultivation of the plant cane. Chemical
desiccation Crotalaria breviflora provided better weed suppression compared to its
mechanical handling probably the residual effect of herbicides, however, other
legumes had the same weed control efficiency both with tipping as with chemical
management, 60 days of cultivation of sugarcane plant. The lack of weed control
without soil mulch and without herbicide application, up to 60 days before planting
brought losses around 35% losses, both in agricultural productivity (TCH) and on
industrial performance (TPH ).
Keywords: Renewal Area. Crotalaria sp. Cajanus cajan. Mulching.

52

INTRODUÇÃO

Uma forma alternativa de controlar plantas daninhas e que pode minimizar o
uso de herbicidas é a formação de uma cobertura morta (mulching) sobre o solo.
Para isso, leguminosas com alta produtividade de fitomassa podem ser cultivadas e
manejadas para formar a cobertura. Essa prática interfere na infestação e no
estabelecimento das plantas daninhas por meios físicos, químicos e biológicos
(DAROLT; SKORA NETO, 2002).
Quando as leguminosas são tombadas na superfície do solo, e não
incorporados, formam uma cobertura morta do solo com muitos benefícios no
controle de plantas daninhas. Interferem negativamente na germinação de sementes
fotoblásticas positivas, aquelas que requerem luz para a germinação, levando à
redução de plantas daninhas. As sementes da erva-de-touro (Tridax procumbens),
por exemplo, são fotoblásticas positivas, não germinam sem a presença de luz
(GUIMARÃES et al., 2002).
Por outro lado, o efeito físico da cobertura morta também reduz as chances
de sobrevivência das plântulas das espécies daninhas com pequena quantidade de
reservas nos diásporos (estruturas de dispersão das sementes). Muitas vezes, as
reservas não são suficientes para garantir a sobrevivência da plântula no espaço
percorrido dentro da cobertura morta, desde a germinação até que tenha acesso à
luz para iniciar o processo fotossintético (MONQUERO et al., 2009).
No estado de Alagoas, Região Nordeste do Brasil, as leguminosas mais
utilizadas em área de renovação de cana são do gênero Crotalaria e a espécie
Cajanus cajan (feijão-guandu-anão) (CERQUEIRA, 2011). Entre os benefícios
trazidos por essa prática podem ser citados: aporte de macro e micronutrientes
(HEINRICHSET al., 2005; FARIA et al., 2007); aporte de matéria orgânica (CHAVES,
1999); maior disponibilidade de nitrogênio (BRENES, 2003) e reciclagem de
nutrientes (RICCI et al., 2005; SILVA et al., 2002). Além desses benefícios para a
fertilidade do solo, a cobertura morta proveniente de leguminosas pode suprimir
plantas daninhas (PEREIRA, 2004; SILVA et al., 2009; TIMOSSI et al., 2011;
WUTKE; ARÉVALO, 2006).
A supressão de plantas daninhas depende, dentre outros aspectos, das
características da cobertura morta formada sobre o solo, a qual servirá de barreira
física. Quanto mais abundante a fitomassa produzida pela leguminosa usada como

53

cobertura e quanto menor a taxa de decomposição desta, maior será a tendência do
controle das plantas daninhas (OLIVEIRA et al., 2002).
Com a decomposição da cobertura morta do solo, pode ocorrer o controle de
daninhas por meio de efeitos químicos resultantes da ação de substâncias
antagônicas liberadas no solo pela cobertura, isso é denominado alelopatia. Mas a
alelopatia proveniente de leguminosas pode inibir ou estimular a germinação de
sementes de plantas daninhas (SOUZA, 1988; RODRIGUES et al., 1993;
WEIDENHAMER, 1996).
A cobertura morta também proporciona incremento de matéria orgânica no
solo. Esse consequente aumento do teor de matéria orgânica, associado a uma
menor amplitude térmica, estabelece condições ideais para um aumento de
microorganismos decompositores e saprófitos, os quais podem se alimentar de
sementes e plântulas de espécies daninhas. Além disso, cria-se também um abrigo
seguro para a entomofauna que inclui insetos que se alimentam de sementes e
plântulas (MONQUERO et al., 2009).
Tendo em vista todos os aspectos supracitados e a possibilidade de utilização
da cobertura morta do solo como um componente dentro do manejo integrado de
plantas daninhas, servindo como método alternativo ao uso de herbicidas, o objetivo
deste trabalho foi avaliar as coberturas mortas provenientes de cinco leguminosas
quanto à sua eficiência no controle de plantas daninhas e à produtividade da canaplanta, comparando os resultados com o controle químico.

54

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado em condição de campo na Fazenda Santa Luzia,
lote 31, Usina Cansanção de Sinimbu, Jequiá da Praia - AL. Durante a execução do
experimento a precipitação pluvial acumulada foi 1416 mm e a temperatura média foi
25,7 °C. O balanço hídrico anual da região indica que o período mais chuvoso
ocorreu de maio a agosto em 2012 (Figura 1). O solo da área experimental foi
classificado como Argissolo Amarelo distrocoeso. Trata-se de uma área de
renovação que há mais de 20 anos vem sendo cultivada com cana-de-açúcar.
Figura 1 - Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao período de janeiro a
dezembro de 2012, Usina Cansanção de Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL.

Exc

Def

Tmed

Tmin

Tmax

380

35.0

340

33.0

300

31.0

260

água (mm)

220

27.0

180
25.0
140
23.0

100

21.0

60

Dez2

Nov3

Nov1

Out2

Set3

Set1

Ago2

Jul3

Jul1

Jun2

Mai3

Mai1

Abr2

15.0

Mar3

-60

Mar1

17.0

Fev2

-20

Jan3

19.0

Jan1-12

20

Temperatura (0C)

29.0

Período analisado (mês)

O experimento foi montado em esquema fatorial 6x2+2. Foram dois fatores:
a cobertura do solo e o manejo dessa cobertura, além de dois tratamentos
adicionais. Foram seis coberturas: C. spectabilis, C. juncea, C. ochroleuca, C.
breviflora, Cajanus cajan e sem cobertura proveniente de leguminosas. Por outro
lado, os manejos foram dois: sem herbicidas e com herbicidas.

55

As cinco leguminosas foram semeadas em 1º de setembro de 2011 e
cultivados até 20 de dezembro de 2011, momento em que se determinou a
biomassa para formação da cobertura morta. As demais parcelas ficaram cobertas
com a vegetação espontânea. O manejo dessa cobertura do solo foi realizado de
duas formas: 1- tombamento sobre o solo com o auxílio de um trator que tracionou
uma barra metálica quebrando o caule das plantas e 2- as mesmas espécies foram
dessecadas com herbicidas. Portanto, a cobertura morta sobre o solo foi formada
por dois manejos: tombamento mecânico (manejo mecânico) e dessecação com
herbicidas (manejo químico).
O manejo químico das leguminosas foi realizado da seguinte forma: para a
dessecação química foram utilizados herbicidas com princípios que têm ação em
pós-emergência (PÓS) e em pré-emergência (PRÉ) na mistura (200 g de paraquat +
960 g de metribuzin + 1066 g de diurom + 134 g de hexazinone por hectare). Para o
tratamento adicional 1 só foi utilizado um herbicida de pós-emergência (200 g de
paraquat por hectare) para dessecar C. spectabilis. Para o tratamento adicional 2
foram aplicados herbicidas em pré-emergência (PRÉ) sem cobertura, logo após o
plantio da cana, (960 g de metribuzin + 1066 g de diurom + 134 g de hexazinone por
hectare) (Tabela 1).
Tabela 1 - Lista dos tratamentos e suas respectivas descrições, Usina Sinimbu, AL.
TRATAMENTOS (Nº) - Cobertura Morta do Solo (C) e
Manejo (M)
Manejo Mecânico – Tombamento com poste de arrasto
C. spectabilis (1)
C. juncea (3)
C. ochroleuca (5)
C. breviflora (7)
Cajanus cajan (9)
Sem cobertura (11)
Manejo Químico – Dessecação com herbicida (Mistura
PRÉ E PÓS)
C. spectabilis (2)
C. juncea (4)
C. ochroleuca (6)
C. breviflora (8)
Cajanus cajan (10)
Sem cobertura (12)
Dois tratamentos adicionais
1 = C. spectabilis + pós-emergência (13)
2 = Sem cobertura + pré-emergência (14)

DESCRIÇÃO
Massa Seca
Herbicida (dose)
(t ha-1)
(g ha-1)
6,0
6,5
6,5
1,0
6,5
---

-------------

6,0
6,5
6,5
1,0
6,5
---

Paraquat (200) +
Metribuzin (960) +
Diurom (1066) +
Hexazinone (134)

6,5
---

Paraquat (200)
Metribuzin (960) +
Diurom (1066) +
Hexazinone (134)

56

Após 10 dias da aplicação dos herbicidas foi realizado o sulcamento da área
experimental e o plantio da cana, variedade RB92579, no espaçamento de 1,0 m
entrelinhas.
Durante duas épocas: aos 30 e aos 60 dias após o plantio (DAP) avaliaram-se
os efeitos da cobertura morta na supressão de plantas daninhas nas entrelinhas da
cana planta. Foram avaliadas duas variáveis nas plantas daninhas: fitomassa e
densidade de plantas, utilizando-se a metodologia do quadrado inventário. E aos 12
meses de cultivo, a cana foi colhida e se obteve os dados de produtividade agrícola
(TCH), rendimento industrial (TPH) e os índices de qualidade do caldo (Brix, Pol,
Pureza e Fibra).
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados, com quatro
blocos e parcelas experimentais de 6 m x 8 m. Os dados levantados foram
submetidos à análise de variância e as médias testadas pelo teste de agrupamento
Scott-Knott a 5 % de probabilidade. Os cálculos foram realizados por meio de um
programa de estatística, Assistat versão 7.7 beta 2015.
Também foram realizados contrastes (C) entre alguns tratamentos obtidos
pelo teste t e pelo Método de Scheffé: C1 (1 vs 13) correspondente ao contraste
entre C. spectabilis tombada e C. spectabilis dessecada com herbicidas em pósemergência; C2 (1+3+5+7+9 vs 11) correspondente ao contraste entre as cinco
leguminosas tombadas e o tratamento sem cobertura e sem herbicidas; C3
(2+4+6+8+10 vs 12) correspondente ao contraste entre as leguminosas dessecadas
quimicamente e o tratamento só com herbicidas e sem cobertura do solo; C4
(1+3+5+7+9 vs 14) correspondente ao contraste entre as cinco leguminosas
tombadas e o tratamento adicional de aplicação de herbicidas em pré-emergência e
C5 (1 vs 14) correspondente ao contraste entre C. spectabilis tombada e o
tratamento adicional de aplicação de herbicidas em pré-emergência.

57

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ocorreu efeito significativo da interação dos fatores estudados para produção
de massa seca e densidade de plantas daninhas aos 30 e aos 60 DAP (Tabelas 2 e
3).
Tabela 2 - Influência da cobertura do solo e do seu manejo sobre a produção de massa seca e
densidade de plantas das espécies de plantas daninhas presentes na área, aos 30 dias após o
plantio da cana-de-açúcar, Usina Sinimbu, AL.
Plantas daninhas 30 dias após o plantio da cana
Massa Seca
Densidade de plantas
(g m-2) [%]
(plantas m-2)
Cobertura Morta do Solo (Nº)
Manejo
Manejo
Manejo
Manejo
Mecânico
Químico Média Mecânico
Químico Média
21
23
C. spectabilis (1 e 2)
22 [27] bA 20 [33] aA
32 bA
14 bA
17
111
C. juncea (3 e 4)
18 [40] bA
15 [50]aA
211 aA
11 bB
16
32
C. ochroleuca (5 e 6)
20 [33] bA
11 [63]aB
58 bA
6 bB
19
29
C. breviflora (7 e 8)
26 [13] aA
11 [63]aB
46 bA
12 bB
24
39
Cajanus cajan (9 e 10)
32 [0]aA
15 [50]aB
46 bA
32 bA
20
62
Sem Cobertura (11 e 12)
30 [0] aA
10 [67] aB
53 bA
71 aA
Média
25
14
74
24
Tratamentos adicionais
C. spectabilis + PÓS (13)
28 [7]
147
Sem Cobertura + PRÉ (14)
20 [33]
146
Contrastes (C)
Massa Seca
Densidade de plantas
C1 (1 vs 13)
-1,67
-7,75**
C2 (1+3+5+7+9 vs 11)
-2,18*
2,22*
C3 (2+4+6+8+10 vs 12)
1,50
-4,83**
C4 (1+3+5+7+9 vs 14)
1,43
-5,84**
C5 (1 vs 14)
0,66
-7,65**
Fonte de Variação
GL
QMR (Massa Seca) QMR (Densidade)
Cobertura do solo (C)
5
72,7833 *
8763,73 **
Manejo (M)
1
1474,08 **
30000,0 **
Interação (C x M)
5
110,833 **
11881,6 **
Blocos
3
31,8750 ns
482,357 ns
Resíduo
39
28,1442
444,613
Média Geral
20,09
63,25
CV %
26,41
33,34
Médias seguidas por letras iguais, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si
pelo teste Scott-Knott até 5% de probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade; (C) contrastes obtidos pelo teste t.

Aos 30 DAP, a eficiência de supressão da cobertura morta da C. spectabilis
passou de 27 % com tombamento para 33 % com herbicidas de PRÉ e PÓS, mas
não ocorreu diferença significativa. O contraste C1 indica que também não ocorreu
diferença significativa em relação ao tratamento adicional 1, apenas com herbicida
de PÓS. Evidencia-se pelo exposto acima que o efeito residual comum em

58

herbicidas pré-emergentes pode não ser observado aos 30 dias na supressão de
plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar (Tabela 2).
A cobertura morta da C spectabilis com tombamento já apresentava um
controle de plantas daninhas equivalente à aplicação de herbicidas em préemergência aos 30 DAP. Por conseguinte, aos 60 DAP, o contraste C5 indica que a
eficiência de controle cobertura morta da C. spectabilis manejada sem herbicidas
superou o tratamento de herbicidas em pré-emergência, o aumento na eficiência de
controle foi de 79 pontos percentuais. Isso provavelmente ocorre devido à perda
gradativa do efeito residual desses herbicidas ao longo do tempo (Tabela 3).
Tabela 3 - Influência da cobertura do solo e do seu manejo sobre a produção de massa seca e
densidade de plantas das espécies de plantas daninhas presentes na área, aos 60 dias após o
plantio da cana-de-açúcar, Usina Sinimbu, AL.
Plantas daninhas 60 dias após o plantio da cana
Massa Seca
Densidade de plantas
(g m-2) [%]
(plantas m-2)
Cobertura Morta do Solo (Nº)
Manejo
Manejo
Manejo
Manejo
Mecânico
Químico Média Mecânico
Químico Média
18
C. spectabilis (1 e 2)
19 [93] cA
17 [93] bA 18
6 cB
29 dA
58
C. juncea (3 e 4)
14 [95] cA
22 [92] bA 18
4 cB
112 aA
29
C. ochroleuca (5 e 6)
20 [92] cA
17 [93] bA 19
19 bB
39 cA
38
C. breviflora (7 e 8)
120 [54] bB 216 [17] aA 168
30 bB
45 cA
19
Cajanus cajan (9 e 10)
13 [95] cA
27 [90] bA 20
12 cB
27 dA
110
Sem Cobertura (11 e 12)
260 [0] aA
18 [93] bB 139
144 aA
76 bB
Média
74
53
36
55
Tratamentos adicionais
C. spectabilis + PÓS (13)
16 [94]
100
Sem Cobertura + PRÉ (14)
205 [21]
121
Contrastes
Massa Seca
Densidade de plantas
C1 (1 vs 13)
0,14
-13,61**
C2 (1+3+5+7+9 vs 11)
-16,14**
-24,12**
C3 (2+4+6+8+10 vs 12)
3,01**
-4,79**
C4 (1+3+5+7+9 vs 14)
-12,15**
-19,84
C5 (1 vs 14)
-10,44**
-16,57**
Fonte de Variação
GL
QMR (Massa Seca) QMR (Densidade)
Cobertura do solo (C)
5
39480,1 **
9762,07 **
Manejo (M)
1
5482,69 **
4275,19 **
Interação (C x M)
5
26051,7 **
6220,34 **
Blocos
3
405,351 ns
55,4464 ns
Resíduo
39
634,351
96,3695
Média Geral
70,48
54,70
CV %
35,73
17,95
Médias seguidas por letras iguais, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si
pelo teste Scott-Knott até 5% de probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade; (C) contrastes obtidos pelo teste t.

A densidade de plantas daninhas diferiu em função do manejo (Tabela 2).
Sabe-se que quanto maior o número de espécies maior a biodiversidade do sistema

59

agrícola. A alta infestação de uma ou de algumas espécies de plantas daninhas é
uma condição indesejável em que só há perdas para a cultura de interesse. No
entanto, o manejo correto não busca a erradicação total das plantas daninhas,
apenas se busca diminuir as populações mais densas (VARELLA & DA ROCHA,
1999).
No tratamento adicional 2 de herbicidas em pré-emergência a densidade de
plantas daninhas foi significativamente superior (146 plantas m-2) em relação ao
tratamento sem cobertura e sem herbicidas aos 30 DAP (Tabela 2). Todavia,
ocorreu o inverso com a massa seca de plantas daninhas. Isso mostra que a
densidade de plantas não deve ser analisada à parte da massa seca de plantas
daninhas, isso poderia levar a conclusões equivocadas sobre o efeito supressor das
coberturas mortas do solo (OLIVEIRA; FREITAS, 2008).
Aos 30 DAP de cultivo da cana-de-açúcar, C. juncea com tombamento
demonstrou a mesma capacidade de controlar plantas daninhas quando comparada
com a aplicação de herbicidas em pré-emergência (Adicional 2). Ainda aos 30 dias
de cultivo, sua cobertura proveniente de tombamento, superou a eficiência de
suprimir plantas daninhas da área sem cobertura em 60 %, isso ocorreu apesar de
demonstrar uma densidade de plantas daninhas (211 g m-2) bem superior a da área
sem cobertura (53 g m-2), mais uma vez comprovando que a densidade de plantas
daninhas não deve ser, por se só, um parâmetro indicador do caráter supressor de
plantas daninhas (Tabela 2).
Houve um efeito sinérgico entre a cobertura morta da C. juncea e os
herbicidas utilizados para o seu dessecamento, aos 30 dias de cultivo da cana, o
tratamento da cobertura com herbicidas se mostrou 10 % mais eficiente do que a
cobertura morta com tombamento, porém não foi significativo, o que justifica o não
uso de herbicidas para o manejo dessa leguminosa, além disso, essa espécie não
rebrota após o manejo com tombamento e há benefícios ambientais em se minimizar
o uso de agrotóxicos (Tabela 2). Aos 60 dias, a dessecação química da C. juncea
apresentou a mesma supressão de plantas que a cobertura com tombamento, mais
uma constatação que de o manejo mecânico apresentou o mesmo efeito supressor
que o manejo químico dessa leguminosa (Tabela 3).
Aos 60 DAP de cultivo da cana, a cobertura morta com tombamento da C.
juncea superou em quase 15 vezes a capacidade de controlar plantas daninhas em
relação aos herbicidas em pré-emergência (Tabela 3). Essa cobertura impede a

60

reinfestação de plantas daninhas tanto por ser uma barreira física que provoca
resistência mecânica à emergência de plantas daninhas, como também por ter efeito
de impedir a luz o que interfere na germinação de sementes de plantas daninhas
fotoblásticas positivas (OLIVEIRA NETO et al., 2011).
Em relação à área sem cobertura, aos 60 DAP, a cobertura com tombamento
da C. juncea mostrou-se muito eficiente no controle de plantas daninhas, a massa
seca de plantas daninhas foi reduzida de 260 para 14 g m-2 (Tabela 2).
A cobertura proveniente da C. ochroleuca com tombamento, aos 30 DAP da
cana-de-açúcar, proporcionou uma eficiência de controle de plantas daninhas 30%
maior que na área sem cobertura e sem manejo químico. Também se mostrou tão
eficiente quanto o uso de herbicidas em pré-emergência. No entanto, no mesmo
período, a eficiência dos controles da cobertura da C. ochroleuca com dessecação
química e do tratamento com aplicação em pré mais pós-emergência foram
significativamente superiores (Tabela 2).
Aos 60 DAP, a cobertura da C. ochroleuca com tombamento teve o mesmo
efeito supressor de plantas daninhas que a cobertura que fora dessecada
quimicamente com uso de herbicidas. Nesse caso também se confirmou que a
hipótese de que o tombamento poderia substituir a dessecação química sem perda
do poder supressor de plantas daninhas. Em relação à área sem cobertura, aos 60
dias de cultivo, houve um controle 13 vezes maior das plantas daninhas com a
utilização da cobertura morta com tombamento, havendo também diminuição, em
mais de 80% da densidade de plantas daninhas (Tabela 3).
Aos 30 dias de cultivo a redução de plantas daninhas da cobertura da C.
ochroleuca foi a mesma que a aplicação de herbicidas em pré-emergência, mas aos
60 dias, essa redução foi significativamente superior, isso pode ser atribuído à perda
do efeito residual dos herbicidas de pré-emergência, que ocorre por vários fatores:
lixiviação, escorrimento superficial e desnaturação tanto pela chuva como pela
temperatura, além de fotodegradação.
A densidade de plantas daninhas, aos 60 DAP, foi significativamente superior
nos tratamentos que receberam herbicidas em comparação com a cobertura morta
com tombamento (Tabela 3). Embora os herbicidas proporcionem intenso controle
de plantas daninhas, outras espécies do banco de sementes no solo podem se
estabelecer na área do cultivo (TIMOSSI et al., 2011).

61

A cobertura proveniente da C. breviflora com tombamento não se mostrou
eficiente para controlar plantas daninhas. Isso pode ser observado aos 30 dias de
cultivo da cana quando a cobertura morta com tombamento não diferiu
significativamente da área sem cobertura quanto à massa seca de plantas daninhas.
(Tabela 2)
Crotalaria breviflora foi a única leguminosa do gênero Crotalaria que não
apresentou rusticidade suficiente para o cultivo em áreas de baixa fertilidade. Não
produziu uma fitomassa com capacidade de formar suficiente cobertura morta do
solo após seu manejo (CERQUEIRA, 2011). Por esses motivos não deve ser
encarada como uma opção eficaz para suprimir plantas daninhas. Esse baixo
desempenho provavelmente está ligado à baixa fertilidade do solo e também à falta
de capina ou qualquer outro método de controle das plantas daninhas que
possibilitaria melhor desenvolvimento desse adubo verde na área por diminuir a
competição. Todavia, quando a cobertura da C. breviflora recebeu herbicidas em
sua dessecação química teve um efeito bem diferente. Nesse caso, foi tão eficiente
quanto à aplicação de herbicidas em pré + pós-emergência e superou o tratamento
adicional sem cobertura com pré-emergência (Tabela 3). Diante das circunstâncias,
é lógico que a supressão das plantas daninhas ocorreu pela ação dos herbicidas na
dessecação química, e não, pelo efeito da cobertura morta em si.
Aos 60 dias de cultivo da cana, a cobertura morta provenientes da C.
breviflora apesar de se mostrar mais eficiente no controle de plantas daninhas que a
área sem cobertura e sem manejo químico quando comparada com as demais
coberturas do solo, C. breviflora foi cerca de 80 % menos eficiente em suprimir a
produção de massa seca de plantas daninhas (Tabela 3).
A cobertura proveniente do Cajanus cajan também não se mostrou eficiente,
com tombamento, para controlar plantas daninhas. Isso pode ser observado aos 30
dias de cultivo da cana quando a cobertura com tombamento não diferiu da área
sem cobertura quanto à produção de massa seca de plantas daninhas. (Tabela 2).
Por outro lado, a cobertura do C. cajan dessecada quimicamente, aos 30 DAP, se
mostrou tão eficiente quanto à aplicação de herbicidas em área sem cobertura.
Houve, portanto, efeito residual dos herbicidas utilizados no manejo químico dessa
cobertura.
Aos 60 dias, todas as coberturas tombadas e as com aplicação de herbicidas
em pré mais pós-emergência não diferiram entre si quanto à capacidade de suprimir

62

as plantas daninhas (Tabela 3), exceto para C. breviflora que diminuiu sua
capacidade supressiva. Com isso pode ser observado que o tombamento mecânico
é uma alternativa de manejo eficaz e conhecidamente de menor impacto ambiental
(MONQUERO et al., 2009) para formação de uma cobertura morta do solo que não
trará perdas quanto ao controle de plantas daninhas.
Ocorreu efeito significativo da interação dos fatores estudados para produção
de colmos por hectare (TCH) e rendimento industrial (TPH) da cana (Tabela 4), ou
seja, para cada combinação de cobertura do solo e manejo utilizado existiu um
resultado diferenciado e aleatório.
Tabela 4 - Influência da cobertura do solo sobre Produtividade Agrícola (toneladas de colmo por
hectare - TCH) e Rendimento Industrial (toneladas de açúcar por hectare - TPH) da cana-de-açúcar,
aos 12 meses de cultivo, Usina Sinimbu, AL.

Cobertura Morta do Solo (Nº)
C. spectabilis (1 e 2)
C. juncea (3 e 4)
C. ochroleuca (5 e 6)
C. breviflora (7 e 8)
Cajanus cajan (9 e 10)
Sem Cobertura (11 e 12)
Média
Tratamentos adicionais
C. spectabilis + PÓS (13)
Sem Cobertura + PRÉ (14)
Contrastes
C1 (1 vs 13)
C2 (1+3+5+7+9 vs 11)
C3 (2+4+6+8+10 vs 12)
C4 (1+3+5+7+9 vs 14)
C5 (1 vs 14)
Fonte de Variação
Cobertura do solo (C)
Manejo (M)
Interação (C x M)
Blocos
Resíduo
Média Geral
CV %

Produtividade Agrícola e Rendimento Industrial da cana
TCH
TPH
(t ha-1)
(t ha-1)
Manejo
Manejo
Manejo
Manejo
Mecânico Químico Média Mecânico
Químico Média
134
21
116 aB
153 aA
18 aB
24 aA
114
18
92 bB
136 aA
14 bB
21 bA
108
16
101 aA
115 bA
15 bB
18 cA
101
15
89 bB
114 bA
13 bB
17 cA
109
17
107 aA
111 bA
17 aA
17 cA
109
17
84 bB
135 aA
13 bB
20 bA
98
128
15
20
116
97
TCH
0,09
2,57*
-1,37
0,60
2,29*
GL
5
1
5
3
39

18
15
TPH
0,39
2,69*
-0,98
0,74
2,51*
TCH
1034,64 **
10163,0 **
653,521 **
304,294 ns
145,075
112,06
10,75

TPH
30,5846 **
242,009 **
15,7082 **
3,27343 ns
3,77426
17,22
11,28

Médias seguidas por letras iguais, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si
pelo teste Scott-Knott até 5% de probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade; (C) contrastes obtidos pelo teste t.

63

A produtividade agrícola (TCH) foi significativamente superior para os
tratamentos com coberturas provenientes de C. spectabilis, C. ochroleuca e Cajanus
cajan com tombamento, em relação à área sem cobertura, na opção de manejo
mecânico. Esse ganho de produtividade não está ligado apenas à eficiência de
suprimir as plantas daninhas das coberturas do solo, pois a cobertura da C. juncea
com tombamento havia apresentado a mesma eficiência de supressão aos 60 DAP
que as coberturas citadas (Tabela 3), porém não apresentou agora a mesma
produtividade agrícola. Outra pesquisa constatou que o sistema radicular das
leguminosas: C. spectabilis, C. ochroleuca e Cajanus cajan são bem extensos e
profundos, na formação da cobertura morta do solo as raízes decompostas das
leguminosas servem como bioporos no solo que possibilitam maior infiltração e
disponibilidade de água para a cana cultivada na mesma área, o que justificaria o
incremento de produtividade agrícola (CERQUEIRA, 2011) (Tabelas 4)
A utilização de herbicidas na formação de cobertura morta pareceu contribuir
para uma mineralização mais rápida na etapa de decomposição da cobertura morta
do solo, na Crotalaria spectabilis, por exemplo, isso justificaria o aumento de
produtividade com o uso de herbicidas (Tabelas 3 e 4), porque a supressão de
plantas daninhas apresentou a mesma eficiência para os dois manejos. Boer et al
(2008) também observaram que quando a cobertura morta do solo foi manejada com
dessecação química ocorreu aumento na velocidade de decomposição dos restos
vegetais, ocasionando maior disponibilidade de nutrientes para o solo, o que
favoreceria à produção da cana sob o manejo com herbicidas.
A ausência de controle de plantas daninhas até os 60 dias de cultivo da canade-açúcar, no tratamento sem cobertura e sem herbicidas, reduziu em 35% a
produção de açúcar por hectare, em relação ao controle com herbicidas (PRÉ e
PÓS), também reduziu em 45% comparando com o tratamento de cobertura morta
de C. spectabilis com herbicidas. Os tratamentos sem cobertura e sem herbicidas
apresentaram perdas agrícolas e perdas de rendimento industrial na casa de 35 %
(Tabela 4).
Os tratamentos de cobertura morta do solo provenientes do tombamento
mecânico tanto da C. spectabilis quanto do Cajanus cajan contribuíram para
incrementos na produção de açúcar por hectare (TPH), respectivamente de 5 e 4
toneladas de açúcar por hectare em relação à área sem cobertura e sem herbicidas
(Tabela 4).

64

A dessecação química para formação de cobertura morta proporcionou
aumento do rendimento industrial da cana-de-açúcar para quatro dos cinco adubos
verdes estudados quando comparados ao tombamento mecânico, a única exceção
foi Cajanus cajan (Tabela 4). Provavelmente isso aconteceu porque na presença dos
herbicidas tende a ocorrer a aceleração da mineralização das coberturas e isso
proporciona mais fatores de crescimento para a cana. A decomposição da cobertura
morta de leguminosas tem sua velocidade reduzida quando há aplicação de
herbicidas, no entanto, mesmo com a decomposição diminuindo a mineralização dos
seus compostos pode aumentar (REIS et al., 2008).
Não houve efeito da interação nem dos fatores isolados para os índices
tecnológicos estudados : Brix, Pol, Pureza e Fibra (Tabela 5).
Tabela 5 - Influência da cobertura do solo sobre os índices tecnológicos do caldo da cana planta, aos
12 meses de cultivo, Usina Sinimbu, AL

Cobertura Morta do Solo
C. spectabilis
C. juncea
C. ochroleuca
C. breviflora
Cajanus cajan
Sem Cobertura
Tratamentos adicionais
C. spectabilis + pós-emergência
Sem Cobertura + pré-emergência
Média Geral
CV %

Cobertura Morta do Solo
C. spectabilis
C. juncea
C. ochroleuca
C. breviflora
Cajanus cajan
Sem Cobertura
Tratamentos adicionais
C. spectabilis + pós-emergência
Sem Cobertura + pré-emergência
Média Geral
CV %

Índices tecnológicos do caldo da cana ns
Brix
Pol
(%)
(%)
Manejo
Manejo
Manejo
Manejo Químico
Mecânico
Químico
Mecânico
21,37
21,28
18,90
18,72
21,06
20,92
18,92
18,72
20,80
21,04
17,86
18,96
20,92
20,56
18,33
18,30
21,41
20,69
19,23
18,49
20,58
20,66
18,23
18,30
20,40
21,03
20,91
2,90
Fibra
(%)
Manejo
Mecânico
13,32
13,12
13,62
13,57
13,39
13,35
12,93
13,18
13,26
2,97

Manejo
Químico
13,09
13,15
13,23
13,36
13,28
13,08

18,29
18,45
18,55
5,18
Pureza
(%)
Manejo
Manejo Químico
Mecânico
88,46
87,93
89,72
89,29
85,79
90,09
87,57
89,01
89,81
89,40
88,57
88,54
89,65
87,72
88,68
3,38

Médias seguidas por letras iguais, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si
pelo teste Scott-Knott até 5% de probabilidade.
** Significativo até 1% de probabilidade; * significativo até 5% de probabilidade; ns não significativo até
5 % de probabilidade; (C) contrastes obtidos pelo teste t.

65

CONCLUSÕES

A formação de cobertura morta proveniente do tombamento dos cinco adubos
verdes estudados não controlou as plantas daninhas na mesma eficiência que
herbicidas aplicados em pós + pré-emergência.
O tombamento, porém, mostrou ser mais eficiente no controle de plantas
daninhas em relação à utilização de herbicidas em pré-emergência, fato observado
aos 60 dias de cultivo da cana-de-açúcar.
A dessecação química da C. breviflora proporcionou maior supressão de
plantas daninhas em comparação com seu manejo mecânico, o efeito residual dos
herbicidas utilizados pode justificar isso.
As leguminosas aos 60 DAP, com exceção da C. breviflora, apresentaram a
mesma eficiência de controle de plantas daninhas tanto com tombamento como com
manejo químico.
O não controle de plantas daninhas até os 60 dias de cultivo da cana-deaçúcar trouxe prejuízos em torno de 35% de perdas, tanto na produtividade agrícola
(TCH) quanto no rendimento industrial (TPH).

66

REFERÊNCIAS

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67

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contexto científico e regulamentar. Editora del Rey, 1999.

68

5

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS EM
CANA-PLANTA COM DIFERENTES MANEJOS DE COBERTURA DO
SOLO

RESUMO
O desconhecimento da composição das comunidades infestantes das áreas de
cultivo tem provocado erros na execução de estratégias de controle de plantas
daninhas nas áreas agrícolas. O objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar a
composição florística de plantas daninhas em uma área de produção de cana-deaçúcar na Usina Sinimbu, Jequiá da Praia - AL, em resposta a diferentes manejos de
cobertura do solo. Para quantificar as comunidades infestantes foram utilizados os
seguintes parâmetros fitossociológicos: densidade (D), densidade relativa (Dr),
frequência (F), frequência relativa (Fr), abundância relativa (Ar), abundância (A) e
índice de importância relativa (Ir). Por outro lado, para realizar a análise da
composição florística as plantas amostradas foram identificadas ao nível de família,
de gênero e de espécie. Em todas as formas de manejo de cobertura do solo a
família Poaceae apresentou maior número de espécies infestantes, dessas plantas
Eragrostis ciliaris se destacou como a de maior importância relativa na maioria das
áreas apesar de ser uma espécie que se reproduz apenas por sementes, o denso
perfilhamento é uma das características que explica sua alta densidade relativa
nessas áreas. Outra espécie que se destacou como uma das principais plantas
daninhas foi Emilia coccinea, apesar de não ser gramínea, e de só se propagar por
sementes, produz muitas sementes que se disseminam facilmente pelo vento.
Palavras-chave: Fitossociologia. Invasoras. Área de Renovação.

69

PHYTOSOCIOLOGICAL SURVEY OF WEEDS IN PLANT CANE WITH DIFFERENT
MULCHING MANAGEMENTS
ABSTRACT
Ignorance of the composition of weed communities growing areas has caused errors in
the implementation of control strategies of weeds in agricultural areas. The objective of
this study was to identify and quantify the floristic composition of weeds in a cane sugar
production area in Plant Sinimbu, Jequiá Beach - AL, in response to different land cover
managements. To quantify the weed communities were used the following
phytosociological parameters: density (D), relative density (Dr), frequency (F), relative
frequency (Fr), relative abundance (Ar), abundance (A) and relative importance index (
go). Moreover, in order to analyze the composition of the flora sampled plants were
identified at the level of family, genus and species. In all forms of ground cover
management the Poaceae family was the most prevalent weed species, these plants
Eragrostis ciliaris stood out as the greatest relative importance in most areas despite
being a species that reproduces only by seed, the dense tillering is a characteristic
which explains its high relative density in these areas. Another species which emerged
as a major weed was Emilia coccinea, although not grass, and only propagate by seed,
which produces many seeds easily spread by wind.
Keywords: Phytosociology. Invasive. Renewal Area.

70

INTRODUÇÃO

Um estudo fitossociológico determina, em um momento específico, as plantas
que ocorrem em uma área, também explica numericamente a estrutura e descreve
qualitativamente a composição florística. Alguns conceitos básicos nessa ciência
são: 1. População: conjunto de indivíduos da mesma espécie capazes de interagir
entre si, em uma área específica e 2. Comunidade: grupos de populações que
interagem entre si, em determinada área (KUVA et al., 2007).
Nos estudos fitossociológicos de comunidades de plantas daninhas,
repetições ao longo do tempo podem fornecer informações importantes sobre como
uma ou mais populações variam. Tem se observado que o manejo agrícola causa
mudanças diretas nas comunidades de plantas daninhas, essa variação ocorre de
acordo com a forma de se preparar o solo, as práticas culturais adotadas, a
sucessão agrícola da área, a aplicação ou não de herbicidas, etc. (OLIVEIRA;
FREITAS, 2008).
A estrutura de uma comunidade de plantas daninhas pode ser retratada em
uma análise numérica que inclui os seguintes parâmetros fitossociológicos:
densidade (D), densidade relativa (Dr), frequência (F), frequência relativa (Fr),
abundância relativa (Ar), abundância (A) e índice de importância relativa (Ir). Por
outro lado, a análise da composição florística envolve a identificação das espécies
ao nível de família, de gênero e de espécie (CURTIS; MCINTOSH, 1950; MARTINS,
1978; MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974; BRAUN-BLANQUET, 1979).
A fitossociologia de uma área agrícola produz um informativo fundamental
sobre a comunidade de plantas daninhas em um momento específico, isso é muito
importante para se alcançar uma estratégia de controle adequada. Para cada prática
cultural e para cada circunstância edafoclimática pode surgir uma manifestação da
comunidade de plantas daninhas (OLIVEIRA; FREITAS, 2008).
Sempre há relatos de erro nas estratégias de controle de plantas daninhas
(BRUNHARO et al., 2012; CARVALHO et al., 2012), isso pode estar ligado ao
desconhecimento da composição das comunidades infestantes das áreas de cultivo.
Objetivou-se neste trabalho identificar e quantificar a composição florística de
plantas daninhas em uma área de produção de cana-de-açúcar na Usina Sinimbu,
AL, em resposta aos diferentes manejos de cobertura do solo.

71

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado em condição de campo na Fazenda Santa Luzia,
lote 31, Usina Cansanção de Sinimbu, Jequiá da Praia - AL. Durante a execução do
experimento a precipitação pluvial acumulada foi 1416 mm e a temperatura média foi
25,7 °C. O balanço hídrico anual da região indica que o período mais chuvoso
ocorreu de maio a agosto em 2012 (Figura 1). O solo da área experimental foi
classificado como Argissolo Amarelo distrocoeso. Trata-se de uma área de
renovação que há mais de 20 anos vem sendo cultivada com cana-de-açúcar.
Figura 1 - Balanço hídrico e amplitude térmica por decêndio referente ao período de janeiro a
dezembro de 2012, Usina Cansanção de Sinimbu, fazenda Santa Luzia, AL.

Exc

Def

Tmed

Tmin

Tmax

380

35.0

340

33.0

300

31.0

260

água (mm)

27.0

180
25.0
140
23.0

100

21.0

60

Dez2

Nov3

Nov1

Out2

Set3

Set1

Ago2

Jul3

Jul1

Jun2

Mai3

Mai1

Abr2

15.0

Mar3

-60

Mar1

17.0

Fev2

-20

Jan3

19.0

Jan1-12

20

Temperatura (0C)

29.0

220

Período analisado (mês)

Cinco leguminosas (C. spectabilis, C. juncea, C. ochroleuca, C. breviflora,
Cajanus cajan) foram cultivadas individualmente em parcelas de 6 x 8 m como
cobertura verde do solo durante 80 dias para se estudar a comunidade de plantas
daninhas que iriam se estabelecer nas parcelas. Foram feitos tratamentos com
herbicidas nessa mesma época para comparar os resultados sobre as plantas
daninhas. Posteriormente as leguminosas foram manejas para formar cobertura

72

morta sobre o solo por dois tipos de manejo: químico (com herbicidas) e mecânico
(tombamento com auxílio de um trator com um poste de arrasto). Após 10 dias da
aplicação dos herbicidas foi realizado o sulcamento da área experimental e o plantio
da cana, variedade RB92579, no espaçamento de 1,0 m entrelinhas sobre as
parcelas de 6 x 8 m.
A área experimental foi dividida em nove subáreas. Quatro subáreas foram
avaliadas na primeira etapa deste levantamento (fase de crescimento e
desenvolvimento das leguminosas até os 80 dias de cultivo): subárea 1- com
cobertura verde de cinco leguminosas (C. spectabilis, C. juncea, C. ochroleuca, C.
breviflora, Cajanus cajan); subárea 2- com herbicidas aplicados em pré-emergência
no mesmo dia da semeadura das leguminosas (1200 g de metribuzin + 1332,5 g de
diuron + 167,5 g de hexazinone por hectare); subárea 3- com herbicidas aplicados
em pós e pré-emergência aos trinta dias após a semeadura das leguminosas (960 g
de metribuzin + 1066 g de diuron + 134 g de hexazinone + 720 g de 2-4-D + 45 g
picloram por hectare) e subárea 4- sem cobertura verde e sem herbicidas, essas
últimas três subáreas foram preparadas com duas gradagens leves e não se cultivou
nelas as leguminosas (Tabela 1).
Tabela 1 - Etapa da cobertura verde do solo: Delimitação de subáreas para estudo fitossociológico,
descrição dos tratamentos, densidade de plantio. Usina Sinimbu, AL.
Subárea para estudo
fitossociológico

Subárea 1

Subárea 2

Subárea 3
Subárea 4

Nº de
Tratamentos

sementes por
metro linear

Densidade de planta
por metro linear

T1 = Crotalaria spectabilis

43

25

T2 = Crotalaria juncea

27

16

T3 = Crotalaria ochroleuca

45

33

T4 = Crotalaria breviflora

35

25

T5 = Cajanus cajan

20

14

---

---

---

---

T6 = Herbicidas em préemergência
T7 = Herbicidas em pós e
pré-emergência
T8 = Testemunha (Solo nu)

---

Aos 30 dias de cultivo da cana-de-açúcar foi realizado o estudo
fitossociológico em mais cinco subáreas. As cinco subáreas foram avaliadas na
segunda etapa deste levantamento (as leguminosas foram manejadas para formar

73

cobertura morta do solo e foi realizado o plantio da cana-de-açúcar): subárea 5- com
cobertura morta proveniente de tombamento mecânico das leguminosas; subárea 6com cobertura morta proveniente de dessecação química das leguminosas (960 g
de metribuzin + 1066 g de diuron + 134 g de hexazinone + 720 g de 2-4-D + 45 g
picloram por hectare); subárea 7- sem cobertura morta, na qual foram aplicados
herbicidas pré-emergentes (1200 g de metribuzin + 1332,5 g de diuron + 167,5 g de
hexazinone por hectare) no dia do plantio da cana-de-açúcar; subárea 8- sem
cobertura morta, na qual foram aplicados herbicidas pré + pós-emergentes (960 g de
metribuzin + 1066 g de diuron + 134 g de hexazinone + 720 g de 2-4-D + 45 g
picloram por hectare) uma semana depois do plantio da cana e subárea 9- sem
cobertura morta, na qual não foram aplicados herbicidas. As aplicações das misturas
de herbicidas foram realizadas com pulverizador costal com taxa de aplicação de
100 litros de calda por hectare (Tabelas 2).
Tabela 2 - Etapa da cobertura morta do solo: Delimitação de subáreas para estudo fitossociológico e
descrição dos tratamentos. Usina Sinimbu, AL.

Subáreas e tratamentos
Subárea 5 – Tombamento com poste de arrasto
C. spectabilis
C. juncea
C. ochroleuca
C. breviflora
Cajanus cajan
Subárea 6 – Dessecação com herbicida (Mistura
PRÉ E PÓS)
C. spectabilis
C. juncea
C. ochroleuca
C. breviflora
Cajanus cajan
Subárea 7 - Sem cobertura + pré-emergência

DESCRIÇÃO
Massa Seca Herbicida (dose)
(t ha-1)
(g ha-1)
6,0
6,5
6,5
1,0
6,5

-----------

6,0
6,5
6,5
1,0
6,5
---

Paraquat (200) +
Metribuzin (960)
+ Diurom (1066)
+ Hexazinone
(134)
Metribuzin (960)
+ Diurom (1066)
+ Hexazinone
(134)
Paraquat (200) +
Metribuzin (960)
+ Diurom (1066)
+ Hexazinone
(134)

Subárea 8 - Sem cobertura + pré +pós-emergência

---

Subárea 9 - Sem cobertura

---

74

Os levantamentos foram realizados de outubro de 2011 a fevereiro de 2012.
Foi aplicado o método do quadrado inventário adaptado, também conhecido como
censo da população vegetal (BRAUN-BLANQUET, 1950), que se baseia na
utilização de um quadrado de 1,0 x 1,0 m, colocado ao acaso no interior das
lavouras, mas neste experimento foi utilizado um retângulo de 0,5 x 1,0 m, colocado
ao acaso em cada parcela experimental.
Em cada retângulo amostrado as plantas foram etiquetadas e fotografadas
para posterior identificação segundo família, gênero e espécie. Também foi feita a
determinação do número plantas de cada espécie. A partir dessa contagem foram
calculados os seguintes parâmetros fitossociológicos: densidade (D) e densidade
relativa (Dr), calculados segundo a fórmula proposta por Curtis e Mcintosh (1950);
frequência (F), conforme a fórmula proposta por Martins (1978); frequência relativa
(Fr), abundância relativa (Ar) e índice de importância relativa (Ir), de acordo com a
fórmula proposta por Mueller-Dombois e Ellenberg (1974) e abundância (A),
segundo a fórmula proposta por Braun-Blanquet (1979).
Frequência = nº de retângulos que contém a espécie ÷ no total de retângulos
obtidos (área total);
Frequência relativa = 100 x frequência da espécie ÷ frequência total de todas
as espécies;
Densidade = no total de indivíduos por espécie ÷ no total de retângulos
obtidos (área total);
Densidade relativa = 100 x densidade da espécie ÷ densidade total de todas
as espécies;
Abundância = no total de indivíduos por espécie ÷ no total de retângulos que
contém a espécie;
Abundância relativa = 100 x abundância da espécie ÷ abundância total de
todas as espécies.

75

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeira etapa: Cobertura verde do solo
Subárea 1: com leguminosas aos 80 dias de cultivo
Nessa área foram encontradas 13 espécies de plantas infestantes,
distribuídas em sete famílias botânicas: Amaranthaceae (1), Asteraceae (3),
Brassicaceae (1), Commelinaceae (1), Euphorbiaceae (1), Molluginaceae (1) e
Poaceae (5). Houve maior prevalência de gramíneas, um evento muito comum em
áreas cultivadas tradicionalmente com cana-de-açúcar (Tabela 2).
Tabela 3 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar manejada com cobertura verde formada de leguminosas aos 80 dias de cultivo,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Família
Amaranthaceae
Asteraceae
Brassicaceae
Commelinaceae
Euphorbiaceae
Molluginaceae
Poaceae

Espécie
Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Eclipta alba
Emilia coccinea
Tridax procumbens
Lepidium virginicum
Commelina benghalensis
Euphorbia hyssopifolia
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Eleusine indica
Eragrostis airoides
Eragrostis ciliaris

Nome Comum
Caruru
Erva-de-botão
Serralhinha
Erva-de-touro
Mastruz
Andaca
Burra-leiteira
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Capim-colchão
Pé-de-galinha
Capim-névoa
Capim-de-rola

As gramíneas (Poaceae) predominaram na área estudada com cobertura viva
(Tabela 2), isso pode ser explicado pela elevada produção de estruturas
propagativas dessas plantas e seu consequente amplo banco de sementes.
Também, outro fator que contribui para altas infestações de gramíneas, é o erro na
execução de estratégias de controle (ADEGAS; VOLL; GAZZIERO, 2014).
A família Poaceae inclui as plantas dominantes nas extensas comunidades
vegetais campestres ao redor do mundo, são cerca de 790 gêneros e 10.000
espécies de distribuição generalizada e grande amplitude ecológica, predominando
em ambientes abertos (WATSON; DALLWITZ, 1992). No Brasil, são registrados 223

76

gêneros e 1485 espécies, sendo 25 gêneros e 499 espécies endêmicos
(FILGUEIRAS et al., 2014).
As duas espécies que apresentaram maior importância relativa foram
Eragrostis ciliaris (Poaceae) e Emilia coccinea (Asteraceae). A primeira espécie se
destacou por sua maior densidade e maior abundância relativas. No caso da
segunda espécie, houve uma maior frequência relativa (Tabela 3).
Tabela 4 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar manejada com cobertura verde formada
de leguminosas aos 80 dias de cultivo, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

Dr

A

Ar

Ir

(u.a.)

(%)

(pl m-2)

(%)

(u.a.)

(%)

(%)

Eragrostis ciliaris

9

127

0,45

11,11

12,70

25,92

14,11

20,94 57,97

Emilia coccinea

15

98

0,75

18,52

9,80

20,00

6,53

9,69

48,21

Mollugo verticillata

17

81

0,85

20,99

8,10

16,53

4,76

7,07

44,59

Digitaria sp.

2

43

0,10

2,47

4,30

8,78

21,50

31,90 43,14

Dactyloctenium aegyptium

11

80

0,55

13,58

8,00

16,33

7,27

10,79 40,70

Eleusine indica

8

33

0,40

9,88

3,30

6,73

4,13

6,12

22,73

Euphorbia hyssopifolia

7

10

0,35

8,64

1,00

2,04

1,43

2,12

12,80

Eclipta alba

4

8

0,20

4,94

0,80

1,63

2,00

2,97

9,54

Tridax procumbens

3

5

0,15

3,70

0,50

1,02

1,67

2,47

7,20

Lepidium virginicum

2

2

0,10

2,47

0,20

0,41

1,00

1,48

4,36

Amaranthus retroflexus

1

1

0,05

1,23

0,10

0,20

1,00

1,48

2,92

Commelina benghalensis

1

1

0,05

1,23

0,10

0,20

1,00

1,48

2,92

Eragrostis airoides

1

1

0,05

1,23

0,10

0,20

1,00

1,48

2,92

TOTAL

---

490

4,05

100

49

100

67

100

300

Eragrostis ciliaris é uma planta ereta, herbácea, densamente perfilhada,
entouceirada, com 30 a 50 cm de altura e é nativa da América do Sul (LORENZI,
2008). Apesar de ser uma espécie que se reproduz apenas por sementes, o denso
perfilhamento é uma das características que explica sua maior densidade relativa na
área estudada e sua maior importância entre as treze espécies infestantes. Isso
corrobora informações registradas de que essa espécie aparece com altas
infestações em solos pobres no nordeste brasileiro (LORENZI, 2008).

77

Subárea 2: tratada com herbicidas em pré-emergência (80 dias depois da aplicação)
Nessa área foram encontradas sete espécies de plantas infestantes,
distribuídas em quatro famílias botânicas: Asteraceae (1), Commelinaceae (1),
Molluginaceae (1) e Poaceae (4). Também houve maior prevalência de gramíneas
(Poaceae) (Tabelas 2 e 4).
Tabela 5 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias em que foram aplicados herbicidas em pré-emergência,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécie

Família

Nome Científico
Emilia coccinea
Commelina benghalensis
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris
Paspalum maritimum

Asteraceae
Commelinaceae
Molluginaceae
Poaceae

Nome Comum
Serralhinha
Andaca
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Pé-de-galinha
Capim-de-rola
Capim-gengibre

De acordo com Noldin et al. (2003) a família das Asteraceae compreende
cerca de 920 gêneros com aproximadamente 19 mil espécies. No entanto, no Brasil
foram catalogados 278 gêneros e 2066 espécies, sendo 66 gêneros e 1318 espécies
endêmicas (NAKAJIMA et al., 2014). Emilia coccinea (Asteraceae) ficou entre as
duas de maior importância relativa, mas como se trata de uma família de plantas
muito grande é de se esperar que alguma espécie se destaque (Tabela 5).
Tabela 6 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias em que foram
aplicados herbicidas em pré-emergência, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

(u.a.)

(%)

(pl m-2)

Dr

A

(%) (u.a.)

Ar

Ir

(%)

(%)

Mollugo verticillata

3

12

0,75

23,08

6,00

38,71 4,00 24,24 86,03

Emilia coccinea

2

7

0,50

15,38

3,50

22,58 3,50 21,21 59,18

Paspalum maritimum

1

5

0,25

7,69

2,50

16,13 5,00 30,30 54,12

Dactyloctenium aegyptium

4

4

1,00

30,77

2,00

12,90 1,00

6,06

49,73

Commelina benghalensis

1

1

0,25

7,69

0,50

3,23 1,00

6,06

16,98

Eleusine indica

1

1

0,25

7,69

0,50

3,23 1,00

6,06

16,98

Eragrostis ciliaris

1

1

0,25

7,69

0,50

3,23 1,00

6,06

16,98

TOTAL

---

31

3,25

100

15,5

100

100

300

16

78

Subárea 3: tratada com herbicidas em pré + pós-emergência (80 dias depois da
aplicação)
Nessa subárea não houve o desenvolvimento de nenhuma planta daninha. A
mistura de herbicidas utilizada apresentou eficiência de 100 % de controle sobre a
comunidade infestante, durante os 80 dias observados.
Subárea 4: deixada em pousio 80 dias depois de duas gradagens
Ocorreram seis espécies de plantas daninhas pertencentes a três famílias
botânicas: Asteraceae (1), Molluginaceae (1) e Poaceae (4) (Tabela 6).
Tabela 7 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécie

Família

Nome Científico
Emilia coccinea
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris
Panicum maximum

Asteraceae
Molluginaceae
Poaceae

Nome Comum
Serralhinha
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Pé-de-galinha
Capim-de-rola
Capim-colonião

No Brasil, a família Molluginaceae registra apenas quatro espécies e três
gêneros, são: Glinus (G. radiatus), Glischrothamnus (G. ulei) e Mollugo (M.
pentaphylla e M. verticillata). Apesar de poucas espécies, frequentemente há
registro de ocorrência dessa família vegetal como infestante nas áreas agrícolas do
Brasil (MACIEL, et al., 2010; NONATO, et al., 2012; CARDOSO, et al., 2013).
Nessa área de estudo, as duas plantas daninhas que tiveram maior
importância relativa foram: Eragrostis ciliaris (82,08 %) e Dactyloctenium aegyptium
(69,90 %) (Tabela 7). A família Poaceae foi, portanto, a mais importante na
infestação da área deixada sem uso de herbicidas. Barbosa. et al (2013) também
indicaram essa família como tendo maior infestação entre as daninhas identificadas
em área de infestação espontânea sem controle químico.
Tabela 8 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar em pousio por 80 dias, Fazenda Santa
Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

(u.a.) (%) (pl m-2)

Dr

A

Ar

Ir

(%)

(u.a.)

(%)

(%)

Eragrostis ciliaris

3

42

0,75 17,65

21,00 32,31 14,00

32,12

82,08

Dactyloctenium aegyptium

3

34

0,75 17,65

17,00 26,15 11,33

26,00

69,80

Emilia coccinea

4

21

1,00 23,53

10,50 16,15

12,05

51,73

5,25

79

Mollugo verticillata

3

19

0,75 17,65

9,50

14,62

6,33

14,53

46,79

Eleusine indica

3

11

0,75 17,65

5,50

8,46

3,67

8,41

34,52

Panicum maximum

1

3

0,25

5,88

1,50

2,31

3,00

6,88

15,07

TOTAL

---

130

4,25

100

65

100

43

100

300

Segunda etapa: Cobertura morta do solo e plantio da cana
Subárea 5: com cobertura morta formada com tombamento mecânico (30 dias
depois do plantio da cana-de-açúcar)
Nessa área de estudo ocorreram 12 espécies de plantas daninhas
distribuídas em sete famílias botânicas da seguinte forma: Amaranthaceae (1),
Asteraceae (2), Commelinaceae (1), Euphorbiaceae (1), Malvaceae (1),
Molluginaceae (1) e Poaceae (5) (Tabela 8). A família Poaceae se destacou, mais
uma vez, como aquela com maior número de espécies infestantes em área de
renovação de canavial, agora sob o manejo de cobertura morta.
Tabela 9 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar sobre cobertura morta formada pelo tombamento mecânico de leguminosas,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Família
Amaranthaceae
Asteraceae
Commelinaceae
Euphorbiaceae
Malvaceae
Molluginaceae

Poaceae

Espécie
Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Eclipta alba
Emilia coccinea
Commelina benghalensis
Euphorbia hyssopifolia
Sida glaziovii
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris
Panicum maximum

Nome Comum
Caruru
Erva-de-botão
Serralhinha
Andaca
Burra-leiteira
Guanxuma-branca
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Capim-colchão
Pé-de-galinha
Capim-de-rola
Capim-colonião

Na família Commelinaceae, a representante infestante foi Commelina
benghalensis (Tabela 8), popularmente conhecida como andaca ou trapoeraba.
Essa espécie de planta daninha é muito importante por ser tolerante, na fase de
planta adulta, ao herbicida mais utilizado no Brasil, glifosato (LORENZI, 2006). No
Brasil já foram identificados 14 gêneros e 82 espécies pertencentes à família
Commelinaceae, sendo um gênero e 41 espécies endêmicos, ou seja, só se
encontram na flora do Brasil (AONA; PELLEGRINI, 2014).
Da família Euphorbiaceae a espécie de planta daninha presente na área foi
Euphorbia hyssopifolia, conhecida popularmente como burra-leiteira. A burra-leiteira
é uma planta anual, lactescente, de ramos pigmentados, 30-60 cm de altura e que

80

se reproduz por sementes (LORENZI, 2006). Na família Euphorbiaceae são
catalogados 64 gêneros e 940 espécies, dos quais nove gêneros e 640 espécies são
endêmicos. Entre essas algumas plantas daninhas importantes: E. heterophylla, E.
hirta e E. brasiliensis (CORDEIRO et al., 2014).
Nessa área com cobertura morta proveniente de manejo mecânico, ou seja,
sem herbicidas, as quatro espécies de maior importância relativa com plantas
infestantes foram da família Poaceae: Eragrostis ciliaris (81,74 %), Eleusine indica
(45,61 %), Dactyloctenium aegyptium (36,16 %) e Digitaria sp. (29,56 %) (Tabela 9).
Tabela 10 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura morta formada pelo
tombamento mecânico de leguminosas, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Eragrostis ciliaris
Eleusine indica
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Emilia coccinea
Mollugo verticillata
Euphorbia hyssopifolia
Commelina benghalensis
Panicum maximum
Amaranthus retroflexus
Eclipta alba
Sida glaziovii

16
10
1
6
10
7
5
4
2
5
1
1

156
71
18
38
19
22
17
14
8
6
1
1

(u.a.)
0,80
0,50
0,05
0,30
0,50
0,35
0,25
0,20
0,10
0,25
0,05
0,05

TOTAL

---

371

3,40

Fr

D

Dr

A

Ar

Ir

(%) (pl m-2) (%) (u.a.)
23,53 15,60 42,05 9,75
14,71 7,10 19,14 7,10
1,47 1,80
4,85 18,00
8,82 3,80 10,24 6,33
14,71 1,90
5,12 1,90
10,29 2,20
5,93 3,14
7,35 1,70
4,58 3,40
5,88 1,40
3,77 3,50
2,94 0,80
2,16 4,00
7,35 0,60
1,62 1,20
1,47 0,10
0,27 1,00
1,47 0,10
0,27 1,00

(%)
16,16
11,77
29,84
10,50
3,15
5,21
5,64
5,80
6,63
1,99
1,66
1,66

(%)
81,74
45,61
36,16
29,56
22,98
21,43
17,57
15,46
11,73
10,96
3,40
3,40

100

100

300

37,10

100

60

Das quatro espécies mais importantes, Dactyloctenium aegyptium foi aquela
que apresentou maior abundância relativa, ou seja, ocorreu mais vezes nas
amostras individuais (quadros amostrais). Trata-se de uma gramínea (Poaceae)
conhecida popularmente como mão-de-sapo. É uma planta anual, herbácea,
estolonífera, prostrada, de colmos ramificados, entouceirada, de 20-50 cm de altura,
originária da África. Sua propagação pode ser realizada tanto por meio de sementes
como através de estolões (LORENZI, 2008).
Subárea 6: com cobertura morta formada com herbicidas (30 dias depois do plantio
da cana-de-açúcar)

81

Ocorreram dez espécies de plantas daninhas distribuídas em seis famílias
botânicas: Amaranthaceae (1), Commelinaceae (1), Malvaceae (1), Molluginaceae
(1) e Poaceae (6) (Tabela 10). Duas famílias que tinham ocorrido na área com
cobertura

morta

sem

herbicidas,

agora

não

ocorreram,

as

quais

foram

Euphorbiaceae e Asteraceae (Tabela 8). Provavelmente a ação residual dos
herbicidas utilizados na dessecação da cobertura do solo foi suficiente para produzir
o controle das espécies pertencentes a essas famílias.
Tabela 11 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar sobre cobertura morta formada pela dessecação química de leguminosas,
Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Família
Amaranthaceae
Commelinaceae
Malvaceae
Molluginaceae

Poaceae

Espécie
Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Commelina benghalensis
Sida glaziovii
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris
Panicum maximum
Paspalum maritimum

Nome Comum
Caruru
Andaca
Guanxuma-branca
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Capim-colchão
Pé-de-galinha
Capim-de-rola
Capim-colonião
Capim-gengibre

Por outro lado, surgiu uma nova espécie de planta daninha na área com
cobertura morta com dessecação química, Paspalum maritimum (Poaceae) (Tabela
10). Essa planta daninha ocorre em pontos aleatórios da área, mas o efeito residual
dos herbicidas utilizados na dessecação da cobertura do solo não foi suficiente para
controlar essa espécie infestante.
Paspalum maritimum, conhecida vulgarmente como capim-gengibre, é uma
gramínea (Poaceae) nativa da América Tropical incluindo toda a costa brasileira.
Trata-se de uma planta perene, fortemente rizomatosa e estolonífera, herbácea,
subereta, de 40-90 cm de altura, com colmos glabros e rastejantes de 2-3 m de
comprimento. Propaga-se por sementes e através de rizomas, estolões e pedaços
de colmo enraizados (LORENZI, 2008). É uma planta de difícil controle,
especialmente nas áreas de cultivo de cana-de-açúcar, pois durante o preparo do
solo para renovação do canavial ocorre disseminação da espécie na área.
Das cinco espécies de maior importância relativa na infestação da área com
cobertura morta proveniente de dessecação química, quatro são da família Poaceae

82

(Tabela 12). Entre elas ocorre Panicum maximum popularmente conhecida como
capim-colonião. Nessa área de estudo foi tão importante na infestação quanto
Paspalum maritimum (29,22 %).
Tabela 12 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar sobre cobertura morta formada pela
dessecação química de leguminosas, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

Dr

A

Ar

Ir

Eragrostis ciliaris
Digitaria sp.
Mollugo verticillata
Paspalum maritimum
Panicum maximum
Commelina benghalensis
Amaranthus retroflexus
Dactyloctenium aegyptium
Eleusine indica
Sida glaziovii

7
5
7
2
2
1
1
1
1
1

41
23
9
8
8
4
2
1
1
1

(u.a.) (%) (pl m-2) (%) (u.a.) (%)
(%)
0,35 25,00 4,10 41,84 5,86 20,38 87,21
0,25 17,86 2,30 23,47 4,60 16,00 57,33
0,35 25,00 0,90 9,18 1,29
4,47 38,66
0,10 7,14 0,80 8,16 4,00 13,92 29,22
0,10 7,14 0,80 8,16 4,00 13,92 29,22
0,05 3,57 0,40 4,08 4,00 13,92 21,57
0,05 3,57 0,20 2,04 2,00
6,96 12,57
0,05 3,57 0,10 1,02 1,00
3,48 8,07
0,05 3,57 0,10 1,02 1,00
3,48 8,07
0,05 3,57 0,10 1,02 1,00
3,48 8,07

TOTAL

---

98

1,40

100

9,80

100

28

100

300

O capim-colonião (Panicum maximum) conhecido no nordeste como capimsempre-verde se confunde muito com a cana-de-açúcar no estágio inicial da cultura,
isso dificulta a detecção desta planta daninha e retarda a execução de estratégias
de controle. Trata-se de uma planta perene, robusta, entouceirada, de colmos com
cerosidade nos entrenós, de 1-2 m de altura e originária da África. Sua propagação
pode se dá tanto por sementes como por rizomas (LORENZI, 2008).
A outra espécie de maior importância relativa, não pertencente a família
Poaceae foi o Mollugo verticillata, conhecido popularmente como capim-tapete,
especialmente por conta da frequência relativa dessa espécie (25,00 %) teve alto
índice de infestação nessa área de estudo (Tabela 11).
Subárea 7: sem cobertura morta e com herbicidas pré-emergentes (30 dias depois
do plantio da cana-de-açúcar)
Nessa área ocorreram nove espécies infestantes de seis famílias botânicas
diferentes: Amaranthaceae (1), Asteraceae (2), Commelinaceae (1), Euphorbiaceae
(1), Molluginaceae (1) e Poaceae (3) (Tabela 12). Entre essas família,
Amaranthaceae possui um gênero de importantes plantas daninhas, Amaranthus
spp que inclui os carurus.

83

Tabela 13 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar sem cobertura morta, área em que foram aplicados herbicidas em pré-emergência
30 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécie

Família

Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Eclipta alba
Emilia coccinea
Commelina benghalensis
Euphorbia hyssopifolia
Mollugo verticillata
Digitaria sp.
Eragrostis ciliaris
Paspalum maritimum

Amaranthaceae
Asteraceae
Commelinaceae
Euphorbiaceae
Molluginaceae
Poaceae

Nome Comum
Caruru
Erva-de-botão
Serralhinha
Andaca
Burra-leiteira
Capim-tapete
Capim-colchão
Capim-de-rola
Capim-gengibre

As espécies de carurus que mais se destacam como infestantes no Brasil
são: Amaranthus deflexus (caruru-rasteiro), A. hybridus (caruru roxo e branco), A.
lividus (caruru-folha-de-cuia), A. retroflexus (caruru-gigante), A. spinosus (caruru-deespinho) e A. viridis (caruru-de-mancha). Por outro lado, a família Amaranthaceae
inclui mais 20 gêneros e ao todo possui 150 espécies catalogadas no Brasil
(MARCHIORETTO; SENNA; SIQUEIRA, 2014). Na área de estudo a espécie de
caruru infestante foi o caruru-gigante, que se destacou especialmente por sua alta
frequência relativa (Tabela 13).
Tabela 14 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta, área em que foram
aplicados herbicidas em pré-emergência 30 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

Dr

A

Ar

Ir

(u.a.)

(u.a.)

(%) (pl m-2)

(%)

(%)

(%)

Digitaria sp.

2

21

0,50

11,76 10,50

31,82 10,50 31,34

74,93

Eragrostis ciliaris

3

21

0,75

17,65 10,50

31,82

7,00

20,90

70,36

Mollugo verticillata

3

5

0,75

17,65

2,50

7,58

1,67

4,98

30,20

Euphorbia hyssopifolia

3

4

0,75

17,65

2,00

6,06

1,33

3,98

27,69

Emilia coccinea

1

4

0,25

5,88

2,00

6,06

4,00

11,94

23,88

Amaranthus retroflexus

2

4

0,50

11,76

2,00

6,06

2,00

5,97

23,80

Commelina benghalensis

1

3

0,25

5,88

1,50

4,55

3,00

8,96

19,38

Paspalum maritimum

1

3

0,25

5,88

1,50

4,55

3,00

8,96

19,38

Eclipta alba

1

1

0,25

5,88

0,50

1,52

1,00

2,99

10,38

TOTAL

---

66

4,25

100

33

100

33

100

300

Subárea 8: sem cobertura morta com herbicidas pré + pós-emergentes (30 dias
depois do plantio da cana-de-açúcar)
Nessa área ocorreram oito espécies de plantas daninhas pertencentes a cinco
famílias botânicas, dispostas da seguinte forma: Amaranthaceae (1), Cyperaceae
(1), Euphorbiaceae (1), Molluginaceae (1) e Poaceae (4) (Tabela 14).

84

Tabela 15 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar sem cobertura morta, área em que foram aplicados herbicidas em pós-emergência
inicial 25 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécie

Família

Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Cyperus rotundus
Euphorbia hyssopifolia
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris

Amaranthaceae
Cyperaceae
Euphorbiaceae
Molluginaceae
Poaceae

Nome Comum
Caruru
Tiririca
Burra-leiteira
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Capim-colchão
Pé-de-galinha
Capim-de-rola

As quatro espécies de maior importância relativa foram as da família
Poaceae: Eragrostis ciliaris (120,53 %), Dactyloctenium aegyptium (53,51 %),
Eleusine indica (49,58 %) e Digitaria sp. (18,80 %) (Tabela 15). Mais uma vez
Eragrostis ciliaris se destacou com maior densidade de plantas e maior abundância.
Provavelmente sua alta taxa de perfilhamento contribuiu para essa alta infestação,
além disso, é uma planta que se adapta com facilidade em solos pobres (LORENZI,
2008).
Tabela 16 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta, área em que foram
aplicados herbicidas em pós-emergência inicial 25 dias antes, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu,
AL.
Espécies

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos

F

Fr

D

Dr

A

(u.a.) (%) (pl m-2)

Ar

Ir
(%)

(%)

(u.a.)

(%)

Eragrostis ciliaris

2

33

0,50 20,00 16,50

55,93

16,50

44,59 120,53

Dactyloctenium aegyptium

2

11

0,50 20,00

5,50

18,64

5,50

14,86

53,51

Eleusine indica

1

9

0,25 10,00

4,50

15,25

9,00

24,32

49,58

Digitaria sp.

1

2

0,25 10,00

1,00

3,39

2,00

5,41

18,80

Amaranthus retroflexus

1

1

0,25 10,00

0,50

1,69

1,00

2,70

14,40

Cyperus rotundus

1

1

0,25 10,00

0,50

1,69

1,00

2,70

14,40

Euphorbia hyssopifolia

1

1

0,25 10,00

0,50

1,69

1,00

2,70

14,40

Mollugo verticillata

1

1

0,25 10,00

0,50

1,69

1,00

2,70

14,40

TOTAL

---

59

2,5

29,5

100

37

100

300

100

Subárea 9: sem cobertura morta e sem herbicidas (30 dias depois do plantio da
cana-de-açúcar)
Nessa área de estudo a comunidade de plantas infestantes foi formada por
nove espécies pertencentes a seis famílias botânicas: Amaranthaceae (1),
Asteraceae (1), Commelinaceae (1), Euphorbiaceae (1), Molluginaceae (1) e
Poaceae (4) (Tabela 16). A família Asteraceae voltou a ter destaque nessa

85

comunidade de plantas daninhas, mas é de se notar que todas as ocasiões em que
houve a aplicação de herbicidas pós-emergentes existiu controle dessa família de
plantas, deixando evidente a sensibilidade dessas espécies aos herbicidas utilizados
(Tabelas 10 e 14).
Tabela 17 - Distribuição das plantas daninhas por família e espécie, coletadas em área de produção
de cana-de-açúcar sem cobertura morta, em pousio por cerca de quatro meses, Fazenda Santa
Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécie

Família

Nome Científico
Amaranthus retroflexus
Emilia coccinea
Commelina benghalensis
Euphorbia hyssopifolia
Mollugo verticillata
Dactyloctenium aegyptium
Digitaria sp.
Eleusine indica
Eragrostis ciliaris

Amaranthaceae
Asteraceae
Commelinaceae
Euphorbiaceae
Molluginaceae
Poaceae

Nome Comum
Caruru
Serralhinha
Andaca
Burra-leiteira
Capim-tapete
Mão-de-sapo
Capim-colchão
Pé-de-galinha
Capim-de-rola

Emilia coccinea (Asteraceae) ficou entre as três espécies de maior
importância relativa (39,11 %) na infestação dessa área de estudo (Tabela 17). E.
coccinea, conhecida popularmente como Serralhinha, é uma planta anual, herbácea,
ereta, glabra ou esparsamente pilosa, originária da África e disseminada em toda a
costa brasileira, sua reprodução se dá por meio de sementes (LORENZI, 2008).
Essa espécie provoca grandes infestações em diversas lavouras perenes e é citada
por outros pesquisadores como uma das plantas daninhas mais importantes na
cultura da cana-de-açúcar (OLIVEIRA; FREITAS, 2008).
As infestações de E. coccinea são muito características por conta das
inflorescências de coloração lilás dessa espécie. Apesar de não possuir estolões,
nem rizomas, nem tubérculos, nem qualquer outra estrutura botânica de resistência,
sua produção de sementes é intensa e essas são facilmente disseminadas pela
ação do vento. Essa última característica citada garantiu uma alta frequência relativa
da espécie na comunidade infestante (Tabela 17).
Tabela 18 - Valores de frequência (F), frequência relativa (Fr), densidade (D), densidade relativa (Dr),
abundância (A), abundância relativa (Ar) e importância relativa (Ir), numa comunidade de plantas
daninhas presente em área de produção de cana-de-açúcar sem cobertura morta, em pousio por
cerca de quatro meses, Fazenda Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Espécies

Eragrostis ciliaris

Retângulo Número de
Ocupado Indivíduos
3

33

F

Fr

D

Dr

A

Ar

Ir

(u.a.)

(%)

(pl m-2)

(%)

(u.a.)

(%)

(%)

0,75

15,79

16,50 34,38 11,00 24,81 74,98

86

Digitaria sp.

2

17

0,50

10,53

8,50

17,71

8,50

19,17 47,41

15,79

6,50

13,54

4,33

9,77

Emilia coccinea

3

13

0,75

Dactyloctenium aegyptium

1

9

0,25

5,26

4,50

9,38

9,00

20,30 34,94

Euphorbia hyssopifolia

3

6

0,75

15,79

3,00

6,25

2,00

4,51

26,55

Amaranthus retroflexus

2

7

0,50

10,53

3,50

7,29

3,50

7,89

25,71

39,11

Eleusine indica

2

6

0,50

10,53

3,00

6,25

3,00

6,77

23,54

Mollugo verticillata

2

4

0,50

10,53

2,00

4,17

2,00

4,51

19,20

Commelina benghalensis

1

1

0,25

5,26

0,50

1,04

1,00

2,26

8,56

TOTAL

---

96

4,75

100

48

100

44

100

300

Similaridade entre comunidades de plantas daninhas das subáreas estudadas
Quando o índice de similaridade atinge o valor de 25% é entendido que passa
a existir similaridade entre as comunidades comparadas, e logicamente, abaixo de
25% ocorre dissimilaridade (MATTEUCCI; COLMA, 1982).
As comunidades de plantas daninhas estudadas apresentaram índices de
similaridade acima de 50 %, com exceção da terceira comparação, que teve valor
nulo de similaridade por conta da ausência de plantas daninhas na parcela que
recebeu herbicidas em pós-emergência (Tabela 18).
Tabela 19 -. Comparação da similaridade de comunidades de plantas daninhas ocorrentes em canade-açúcar em resposta à cobertura do solo e ao manejo para controle de planta daninha, Fazenda
Santa Isabel, Usina Sinimbu, AL.
Cobertura do
Solo
Cobertura viva

Cobertura morta

Critério de comparação

Similaridade (%)

Cobertura verde vs Sem cobertura
Cobertura verde vs Herbicidas pré-emergentes
Cobertura verde vs Herbicidas pós-emergentes
Cobertura + tombamento vs Cobertura + herbicidas
Cobertura + tombamento vs Herbicidas pré-emergentes
Cobertura + tombamento vs Herbicidas pós-emergentes
Cobertura + tombamento vs Sem cobertura

52,63
60,00
00,00
60,85
76,19
70,00
85,71

As similaridades entre as subáreas são consideradas altas, pois seus índices
passaram de 50 % e alcançaram 85,71 %, provavelmente isso aconteceu porque as
subáreas estavam todas no mesmo lote, sob a mesma condição de solo,
precipitação e relevo. Por outro lado, houve diferenças entre as comunidades
comparadas, com base nisso podemos afirmar que o manejo de cobertura do solo
contribuiu para alterações na composição florística das plantas daninhas presentes.

87

CONCLUSÕES

Em todas as formas de manejo de cobertura do solo, a família Poaceae
apresentou maior número de espécies infestantes;
Eragrostis ciliaris se destacou como a espécie de maior importância relativa
na maioria das áreas apesar de ser uma espécie que se reproduz apenas por
sementes, o denso perfilhamento é uma das características que explica sua alta
densidade relativa nessas áreas;
Outra espécie que se destacou como uma das principais plantas daninhas foi
Emilia coccinea, apesar de não ser gramínea, e de só se propagar por sementes,
produz muitas sementes que se disseminam facilmente pelo vento.

88

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