Nutrição Mineral de Cana-de-Açúcar e uso de Metarhizium anisopliae (Metsh) Sorok no Manejo de Diatraea saccharalis (Fabr., 1974) (Fabr., 1974) (Lepidoptera: Crambidae)

Arquivo
NUTRIO~1.PDF
Documento PDF (1.7MB)
                    UNIVERSADADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PROTEÇÃO DE PLANTAS

JOSEMILDO VERÇOSA DE ARAUJO JÚNIOR

Nutrição Mineral de Cana-de-Açúcar e uso de Metarhizium anisopliae (Metsh) Sorok no
Manejo de Diatraea saccharalis (Fabr., 1974) (Lepidoptera: Crambidae)

RIO LARGO
2016

JOSEMILDO VERÇOSA DE ARAUJO JÚNIOR

NUTRIÇÃO MINERAL DE CANA-DE-AÇÚCAR E USO DE Metarhizium anisopliae
(METSH) SOROK NO MANEJO DE Diatraea saccharalis (FABR., 1974)
(LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE)

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Proteção de Plantas da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito parcial para obtenção do
título de Doutor em Proteção de Plantas.
Orientadora: Professora Dra. Adriana Guimarães
Duarte.

Rio largo - AL
2016

Folha de aprovação

Josemildo Verçosa de Araujo Júnior

NUTRIÇÃO MINERAL DE CANA-DE-AÇÚCAR E USO DE Metarhizium anisopliae
(METSH) SOROK NO MANEJO DE Diatraea saccharalis (FABR., 1974) (LEPIDOPTERA:
CRAMBIDAE)/ Tese em Proteção de Plantas, da Universidade Federal de Alagoas.

Tese submetida ao corpo docente do Programa de
Pós-graduação em Proteção de Plantas da
Universidade Federal de Alagoas e aprovada em:
15 de abril de 2016.

Professora Dra. Adriana Guimarães Duarte, Universidade Federal de Alagoas
(Orientadora)

Banca examinadora:

Professor Dr. Edmilson Santos Silva, Universidade Federal de Alagoas
(Examinador Interno)

Dr. Chrystian Iezid Maia e Almeida, PPJ/CNPQ-IQB/UFAL
(Examinador Externo)

Dr. Djair Felix da Silva, Centro Universitário Tiradentes
(Examinador Externo)

Aos meus pais, Josemildo Verçosa de Araújo (in memoriam) e Maria das Graças Guimarães de
Araújo
Ao meu irmão, Romário Guimarães Verçosa de Araújo
A minha esposa, Lucélia Caetano do Nascimento
Ao meu filho, Gustavo Verçosa de Araújo do Nascimento
Pela dedicação, carinho, credibilidade, compreensão e incentivo
para vencer todos os obstáculos.

AGRADECIMENTOS

A Deus, supremo Arquiteto do Universo por toda graça alcançada.
A Profª. Dra. Adriana Guimarães Duarte por compartilhar suas ideias, seus pensamentos, sendo
uma orientadora disposta a oferecer estímulos e, principalmente, por expandir meus
conhecimentos.
A meu irmão Romário Verçosa Guimarães de Araújo, por toda ajuda e incentivo.
À Universidade Federal de Alagoas, pela oportunidade de realização deste curso.
A todos que fazem parte da FITOAGRO - Controle Biológico, pela concessão de materiais
biológicos utilizados neste trabalho.
A todos que fazem parte da Usina Coruripe, por disponibilizar as mudas utilizadas neste
trabalho.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudo para realização do curso.
À coordenação e colegiado do curso de Pós-Graduação em Proteção de plantas, pelo apoio
concedido.
Ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Proteção de Plantas do Centro de Ciências
Agrárias, pelos ensinamentos.
Aos funcionários da Secretaria da pós-graduação, Geraldo de Lima, Marcos Antônio Lopes e
Michele Cristina pelo atendimento e carinho.
Aos que fazem parte do Laboratório de Ecologia e Comportamento de Insetos, em especial aos
amigos Alexandre Guimarães Duarte, Anderson Rodrigues Sabino, Valdemir Albuquerque da
Silva Júnior, Rui Fernando, Emerson Ferreira.
A todos os professores e funcionários da Universidade Federal de Alagoas.
A todos aqueles que não foram citados, mas que contribuíram com meu crescimento pessoal.
Meu muito obrigado.

RESUMO
Na cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.), o dano provocado pela lagarta Diatraea
saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae) é significativo por causa da penetração de
microrganismos nos orifícios feitos pelas lagartas, provocando redução na produção de açúcar e
álcool. Dentre as táticas de manejo integrado de pragas (MIP) está a nutrição mineral, a indução de
resistência, sendo o silício uma opção que pode ser utilizada no manejo, além da utilização de

fungos entomopatogênicos como alternativa para incrementar o manejo das espécies de
Diatraea spp. Desta forma o presente trabalho objetivou verificar a influência de diferentes doses
de nitrogênio, fósforo, potássio, o efeito da adubação com silício aplicados na cultura da cana-deaçúcar, sobre intensidade de infestação de D. saccharalis e seus danos na cultura mencionada, além
de avaliar o efeito do isolado IBCB 425 do fungo Meterhizium anisopliae (Metchnikoff)

Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) sobre ovos, lagartas e pupas de D. saccharalis, em
condições de laboratório. Para isso foi utilizada a variedade RB92579 plantadas em vasos em casa
de vegetação, com três experimentos, no primeiro foi avaliado diferentes doses de fertilizantes, com
doses de nitrogênio, fósforo e potássio. No segundo foi aplicado silício na forma de silicato de
cálcio e magnésio, nos níveis de 1, 2, 3, 4 e 5 g/dm³ e verificados os danos provocados por lagartas
de D. saccharalis na cultura cana-de-açúcar. Já no terceiro, lagartas de D. saccharalis foram

pulverizados com 0,5 x 107; 1 x 107; 1,5 x 107 e 2,0 x 107 conídios g-1 de M. anisopliae e
analisado o efeito do fungo sobre ovos e lagartas da broca. De maneira geral, para o experimento
com NPK, a adubação nitrogenada aumentou a intensidade de danos provocado pelo ataque de
D. saccharalis na cultura da cana-de-açúcar, não mostrando interferência significativa sobre a
produtividade de colmos. Já com relação as adubações fosfatada e potássica, essas promoveram
ganho na produtividade sem que a intensidade de danos fosse afetada. Com relação a aplicação
de silício em condições de casa de vegetação, foi verificado a contribuição para a redução da
ID%, porém sem influenciar significativamente a produtividade. Já o fungo M. anisopliae
apresentou atividade patogênica a D. saccharalis nas concentrações de 1,0 x 107; 1,5 x 107e 2,0
x 107 conídeos g-1, o que evidencia que esse fungo têm potencial para ser utilizado no Manejo
Integrado de D. saccharalis
Palavras-chave: Broca da cana, Nutrição mineral, Indução de resistência, MIP.

ABSTRACT
In the culture of sugarcane (Saccharum spp.), the damage caused by the fall armyworm Diatraea
saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae) is significant because the penetration of
microorganisms in holes made by the caterpillars, causing reduction in the production of sugar and
alcohol. Among the tactics of integrated pest management (IPM) is the mineral nutrition, induction
of resistance, being the silicon an option that can be used in the management, in addition to the use

of fungi entomopatogênicos as an alternative to increment the management of species
of Diatraea spp. In this way the present work aimed to analyze the influence of different doses of
nitrogen, phosphorus, potassium, the effect of soil fertilization with silicon applied in the culture of
sugar cane, on intensity of infestation of D. saccharalis and its crop damage mentioned, in addition
to assessing the effect of isolate IBCB 425 Meterhizium anisopliae fungus (Ilyich Metchnikoff)

Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) on eggs, larvae and pupae of D. saccharalis, under
laboratory conditions. For this reason it was used the variety RB92579 planted in pots in the
Vegetation House, with three experiments, in the first was evaluated different doses of fertilizer,
with doses of nitrogen, phosphorus and potassium. In the second was applied silicon in the form of
calcium and magnesium silicate, at a dosage of 1, 2, 3, 4 e 5 g/dm³ and checked the damage caused
by caterpillars of D. saccharalis in the culture of sugar cane. Already in the third, caterpillars of D.

saccharalis were sprayed with 0,5 x 107; 1 x 107; 1,5 x 107 e 2,0 x 107 and 2.0 x 107 conidia g1

M. anisopliae and examined the effect of the fungus on eggs and caterpillars of the drill. In

general, for the experiment with NPK, the nitrogen fertilization increases the intensity of
damage caused by the attack of D. saccharalis in the culture of sugar cane, not showing
significant interference on the productivity of stalks. Already with relation fertilisation
phosphate and potassium fertilization, these have promoted productivity gain without which
the intensity of damage was affected. With respect to the application of silicon in conditions of
the Vegetation House, was verified the contribution to the reduction of the ID%, however
without significantly influence the productivity. Already the fungus M. anisopliae presented
pathogenic activity the D. saccharalis in concentrations of 1.0 x 107, 1.5 x 107 and 2.0 x 107
conidia g-1, which reveals that this fungus have the potential to be used in the Integrated
Management of D. saccharalis
Keywords: Sugarcane borer, Mineral nutrition, Induction of resistance, MIP.

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –

Adultos de Diatraea saccharalis (A) (esquerda: macho; direita: fêmea);
Adulto de Diatraea flavipennella (B)............................................................ 17

Figura 2 –

Massa de ovos de Diatraea saccharalis em forma de escamas de peixes.....

Figura 3 –

Lagarta de Diatraea saccharalis (A); Lagarta de Diatraea flavipennella (B). 18

Figura 4 –

Vista ventral dos últimos segmentos abdominais em pupas, macho e fêmea
18
de Diatraea saccharalis.................................................................................

Figura 5 –

Ciclo biológico de Diatraea saccharalis ....................................................... 19

Figura 6 –

Ciclo biológico de Diatraea flavipennella ......................................................... 20

Figura 7 –

Ciclo do nitrogênio. O nitrogênio da atmosfera varia desde a forma gasosa
à de íons reduzidos, antes de ser incorporado a compostos orgânicos nos
organismos vivos ........................................................................................... 24

Figura 8 –

Ciclo do fósforo em um ecossistema terrestre ............................................... 26

Figura 9 –

Microscopia eletrônica de varredura das folhas de cultivares de cana-deaçúcar RB72454 (A e B) e SP80801842 (C e D) com (B e D) ou sem (A e
C) tratamento de ácido silícico, a uma concentração de 4 t.ha-1.................... 59

Figura 10 –

(A) Mudas sendo preparadas em copos de 500 mL (B) Mudas já
transplantadas em vasos de 8 L em casa de vegetação.................................. 61

17

Figura 11 –

(A) Infestação de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar variedade
RB92579; (B) Cana-de-açúcar aberta longitudinalmente para verificação da
ID(%)............................................................................................................. 62

Figura 12 –

Teste com chance de escolha: (A) Pesagem de fragmentos de cana-deaçúcar em balança analítica; (B) Fragmentos de cana-de-açúcar dispostos
equidistantes na arena..................................................................................................... 63

Figura 13 –

Teste sem chance de escolha: (A) Lagartas de D. saccharalis alimentandose de fragmento de cana-de-açúcar; (B) Arena em estufa com fotoperíodo e
termoperíodo controlados............................................................................... 64

Figura 14 –

(A) Recipiente com lagarta de Diatraea saccharalis morta por ação do
fungo; (B) Lagarta de Diatraea saccharalis apresentando o crescimento do
patógeno........................................................................................................ 74

Figura 15 –

(A) Inoculação do fungos em masas de ovos de Diatraea saccharalis; (B)
Observação de massa de de ovos 24 horas após a inoculação do fungo........ 75

Figura 16 –

Sobrevivência de lagartas de Diatraea saccharalis tratadas com diferentes
concentrações do isolado IBCB 425 de Metarhizium Anisopliae.
Temperatura 25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas. Rio Largo,
AL, 2015........................................................................................................ 78

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –

Classificação do grau de infestação da broca-da-cana Diatraea saccharalis.. 21

Tabela 2 –

Características químicas dos solos utilizados nos experimentos, antes da
adubação com NPK........................................................................................ 43

Tabela 3 –

Tratamentos utilizados em experimento para avaliar os aspectos biológicos
e dano de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar cultivado sob diferentes
doses de nitrogênio, fósforo e potássio.......................................................... 44

Tabela 4 –

Resumo da análise de variância para ID % na variedade RB92579, em
consequência das doses de nitrogênio, fósforo e potássio............................. 46

Tabela 5 –

Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de nitrogênio em tecido
vegetal na variedade RB92579, em consequência dos crescentes níveis de
nitrogênio....................................................................................................... 47

Tabela 6 –

Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de fósforo em tecido vegetal
na variedade RB92579, em consequência dos crescentes níveis de
fósforo............................................................................................................ 48

Tabela 7 –

Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de potássio em tecido vegetal
na variedade RB92579, em consequência dos crescentes níveis de
potássio........................................................................................................... 49

Tabela 8 –

Media (±EP) de ID% de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar, variedade
RB92579 adubada com diferentes doses de nitrogênio e
potássio........................................................................................................... 50

Tabela 9 –

Media (±EP) de ID% de D. saccharalis em cana-de-açúcar, variedade
RB92579
adubada
com
diferentes
doses
de
fósforo
e
potássio........................................................................................................... 50

Tabela 10 –

Resumo da análise de variância para consumo de fragmentos na variedade
RB92579 com chance de escolha, em consequência das doses de nitrogênio,
fósforo e potássio........................................................................................... 51

Tabela 11 –

Características químicas dos solos utilizados nos experimentos, antes da
adubação com NPK e silício........................................................................... 60

Tabela 12 –

Valores (±EP) de ID% de Diatraea saccharalis em colmos de cana-de-açúcar
da variedade RB92579 tratados com diferentes doses de Si.......................... 65

Tabela 13 –

Produtividade (±EP) em colmos de cana-de-açúcar da variedade RB92579
tratados com diferentes doses de Si............................................................... 66

Tabela 14 –

Tabela 15 –

Média (±EP) do consumo de fragmentos de cana-de-açúcar na variedade
RB92579, no ensaio com chance de escolha e sem chance de escolha, em
consequência das doses de silício..................................................................

67

Porcentagem de eclosão de ovos de Diatraea saccharalis tratados com
diferentes concentrações do isolado IBCB 425 de Metarhizium anisopliae.
Temperatura 25 ± 2º C, 70 ± 10 %
(UR) e fotófase de 12
horas...............................................................................................................
76

Tabela 16 –

Efeito de diferentes concentrações do isolado IBCB 425 de Metarhizium
anisopliae sobre o desenvolvimento de Diatraea saccharalis. Temperatura
25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas..........................................

77

SUMÁRIO
1

INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................................... 13

2

REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 14

2.1

A Cultura da cana-de-açúcar ....................................................................................................... 14

2.2

Aspectos gerais sobre Diatraea spp..... ....................................................................................... 15

2.2.1 Distribuição geográfica de Diatraea spp. .................................................................................... 16
2.2.2 Descrição e biologia de Diatraea saccharalis e D. flavipennella ............................................... 16
2.2.3 Injurias e danos ............................................................................................................................ 20
2.2.4 Métodos de controle .................................................................................................................... 21
2.3

Adubação da cana-de-açúcar ....................................................................................................... 22

2.3.1 Nitrogênio.....................................................................................................................................23
2.3.2. Fósforo..........................................................................................................................................25
2.3.3. Potássio.........................................................................................................................................27
2.3.4. Silício............................................................................................................................................28
2.3.5. Efeito da nutrição mineral na incidência de pragas..................................................................... 28
2.3.6. Silício como indutor de resistência...............................................................................................29
2.4.

Fungo Metarhizium anisopliae no controle de D. saccharalis ....................................................30
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 32

3

INTENSIDADE DE DANOS DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794) (LEPIDOPTERA:

CRAMBIDAE) EM CANA-DE-AÇÚCAR CULTIVADA SOB DIFERENTES DOSES DE
NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO ........................................................................................... 39
RESUMO ..................................................................................................................................... 39
ABSTRACT ................................................................................................................................ 40
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 41
3.2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 43
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 46
3.4 CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 52

4

SILÍCIO COMO INDUTOR DE RESISTÊNCIA A Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794)

(LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE) NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR ................................. 56
RESUMO ..................................................................................................................................... 56
ABSTRACT ................................................................................................................................. 57
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 58
4.2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 60
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................. 64
4.4 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 67
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 68
5

EFEITO DO FUNGO Metarhizium anisopliae (METCHNIKOFF) SOROKIN (HYPOCREALES:

CLAVICIPITACEAE) SOBRE FORMAS JOVENS DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794)
(LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE)........................................................................................................ 70
RESUMO ...................................................................................................................................... 70
ABSTRACT ................................................................................................................................. 71
5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 72
5.2 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 73
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................................75
5.4 CONCLUSÃO................................................................................................................................79
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 80

13

1

INTRODUÇÃO GERAL
A cana-de-açúcar, Saccharum spp., é uma planta pertencente à família Poaceae e

monocotiledônea. As principais características dessa família são inflorescência em forma de
espiga, o crescimento do caule em colmos, as folhas com lâminas de sílica em suas bordas e a
bainha aberta. A planta na forma nativa é perene, de habito ereto (DIOLA; SANTOS, 2010).
Conforme Jadoski et al. (2010) a cana-de-açúcar é uma planta de reprodução sexuada,
quando cultivada comercialmente, porém é multiplicada assexuadamente, por propagação
vegetativa. A cultura mencionada é plantada em regiões tropicais e subtropicais, adaptando-se
a diversas condições de climas e solo, sendo classificada como uma planta C4, apresentando
taxa de crescimento e uso da água altamente eficiente.
De acordo com Diola e Santos (2010) a cana-de-açúcar é uma das culturas agrícolas
mais importantes do mundo tropical, gerando centenas de milhares de empregos diretos e
indiretos. A cultura é uma importante fonte de renda e desenvolvimento. Aproximadamente 85
espécies de insetos estão assinaladas como pragas causadoras de danos à lavoura canavieira no
Brasil. Dentre estas, algumas são consideradas pragas importantes, em alguns casos com
abrangência nacional em outros, regional (MACEDO et al., 2010).
A diversidade de espécies de insetos que ocorrem na cultura da cana-de-açúcar é
variável com a fenologia da planta e com a região, podendo alguns deles desenvolver
populações que resultem em consideráveis prejuízos aos produtores. Segundo Mendonça et al.
(1996) dentre as pragas que afetam o desenvolvimento fisiológico da cultura da cana-de-açúcar
destaca-se a broca comum, Diatraea spp. (Lepidoptera: Crambidae) como a mais importante e
de maior distribuição em todo o continente Americano.
O dano econômico provocado pelas lagartas de D. saccharalis (Fabricius, 1794) e D.
flavipennella (Box, 1931) é variável, e depende da idade do canavial, do local da infestação, do
nível de infestação e da variedade. Estima-se que para cada 1% de Intensidade de Infestação
(I.I.%), as perdas industriais ficam em torno de 20 a 30 kg de açúcar por hectare, representando
em média, 0,85% de decréscimo em produtividade (DEMETRIO; ZONETTI; MUNHOZ,
2008). Perdas de 1,4% em litros de álcool por tonelada de cana são relatadas por Mendonça et
al. (1996).
Com relação às medidas de controle, o emprego de inseticidas tem sido uma prática
ineficiente. A razão do insucesso no uso dos inseticidas reside na presença simultânea de todos
os estágios de desenvolvimento da praga associados à presença de outras plantas hospedeiras,

14

que propiciam condições de sobrevivência para o inseto durante todo o ano (PLANALSUCAR
1982). Além disso, o estágio larval de Diatraea spp. ocorre no interior do colmo, de forma que
os inseticidas apenas eliminariam os inimigos naturais, elevando os custos de produção e
deixando resíduos ao meio ambiente (MACEDO; BOTELHO 1986).
Segundo Chaboussou (1987) a sanidade das plantas está intimamente ligada à qualidade
de seu habitat e se este lhe permite uma nutrição equilibrada, apresentará resistência aos
diversos fatores, reduzindo a instalação de pragas. O silício (Si) pode conferir resistência às
plantas pela sua deposição na parede celular, principalmente nas células da epiderme,
estômatos, ou tricomas, ou depositado juntamente a outros elementos, formando uma barreira
mecânica, e/ou pela sua ação como elicitor do processo de resistência induzida (GOMES et al.,
2005).
Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo analisar a influência de diferentes doses
de nitrogênio, fósforo, potássio e silício aplicadas na cultura da cana-de-açúcar, sobre a
intensidade de danos (ID %) de D. saccharalis na mesma, além de avaliar o efeito do isolado
IBCB 425 do fungo Meterhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales:
Clavicipitaceae) sobre ovos, lagartas e pupas de D. saccharalis, em condições de laboratório..
Para isso, o trabalho contou com uma revisão de literatura e três capítulos, sendo que na revisão
serão abordados temas aspectos gerais de Diatraea spp, sua distribuição geográfica, descrição,
biologia, prejuízos, danos, métodos de controle, efeito da nutrição mineral na incidência de
pragas, silício como indutor de resistência, influência da adubação na interação tritrófica e tipos
de resistência. Já no primeiro capítulo serão apresentados dados sobre a intensidade de danos
de D. saccharalis em cana-de-açúcar cultivada sob diferentes doses de nitrogênio, fósforo e
potássio. No capítulo dois será trabalhado o silício como indutor de resistência a D. saccharalis,
e por fim o capítulo três que apresentará o efeito do fungo M. anisopliae sobre formas jovens
de D. saccharalis.

2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1

A cultura da cana-de-açúcar
As principais espécies da cultura da cana-de-açúcar surgiram na Oceania (Nova Guiné)

e na Ásia (Índia e China) e as variedades cultivadas no Brasil e no mundo são híbridos
multiespecíficos (DIOLA; SANTOS, 2010). Delgado e Cesar (1977) classificam os Persas

15

como os primeiros a desenvolver técnicas de produção do açúcar e a estabelecerem as rotas do
açúcar.
A produção de cana-de-açúcar no Brasil iniciou-se no século XVI, começo do período
colonial (CAMPEÃO et al., 2009). Desde que foi introduzida tem tido importante papel na
economia nacional, tendo sido o primeiro grande produto de exportação do País
(MONTAGHANI; FAGUNDES; SILVA, 2009). Atualmente, o Brasil é o maior produtor de
cana-de-açúcar seguido pela Índia.
A cana-de-açúcar é uma cultura de extrema importância para a economia brasileira,
podendo ser utilizada in natura e matéria-prima para a fabricação de vários produtos, como o
açúcar e o álcool e seus subprodutos, como a vinhaça, usada como fonte de potássio em
substituição ao adubo químico (DEMETRIO; ZONETTI; MUNHOZ, 2008). Com a
preocupação crescente por fontes de energias renováveis e menos poluentes tem elevado a
importância da cultura (ALMEIDA et al., 2008), dessa forma a cana-de-açúcar, assume posição
de destaque no cenário econômico mundial (LOPES; DINARDO-MIRANDA; BUSOLI,
2011).
A área cultivada com cana-de-açúcar que deverá ser colhida e destinada à atividade
sucroalcooleira na safra 2015/16 é de 9.070,4 mil hectares, distribuídas em todos estados
produtores. São Paulo permanece como o maior produtor com 51,7% (4.687,6 mil hectares) da
área plantada, seguido por Goiás com 9,8% (891,6 mil hectares), Minas Gerais com 8,9% (808
hectares), Mato Grosso do Sul com 7,5% (682,3 mil hectares), Paraná com 6,8% (620,1 mil
hectares), Alagoas com 4,3% (386 mil hectares) e Pernambuco com 3% (276,3 mil hectares).
Os demais 16 estados produtores possuem áreas menores, com representações abaixo de 2,5%
(CONAB, 2015).
Ainda segundo a CONAB (2015) a produtividade estimada para a safra 2015/16 é de
72.170 kg/ha, apresentado um aumento de 2,4% com relação a última safra. A produção total
de cana-de-açúcar destinada à indústria, estimada pra referida safra é de 654,6 milhões de
toneladas. A produção na região Centro-Sul está estimada em 592,7 milhões de toneladas. A
região Norte/Nordeste provavelmente terá uma produção de 61,9 milhões de toneladas.

2.2

Aspectos gerais sobre Diatraea spp.

De acordo com Macedo et al. (2010) o número de espécies de insetos pragas que ocorre
na cultura da cana-de-açúcar é variável de acordo com a fenologia da planta e com a região,

16

podendo algumas delas desenvolverem populações que resultem consideráveis prejuízos aos
produtores. Entre essas pragas destaca-se a broca comum da cana-de-açúcar Diatraea spp.
(MENDONÇA et al. 1996).
A cana-de-açúcar sofre o ataque de brocas durante todo o seu desenvolvimento e a
incidência é maior à medida que a planta vai crescendo, principalmente na época em que os
entrenós estão se formando. O ataque é variável, dependendo da variedade de cana-de-açúcar,
época do ano, e da fenologia (MACEDO; BOTELHO, 1988), entre outros fatores como níveis
nutricionais (SANTOS et al., 2011; PANNUTI et. al., 2013).

2.2.1 Distribuição geográfica de Diatraea spp.
Segundo Mendonça et. al., (1996) existem cerca de 21 espécies de Diatraea spp
ocorrendo no Continente americano, sendo que nem todas apresentam importância econômica
ao cultivo. No Brasil ocorrem duas espécies D. saccharalis de ocorrência em todas as regiões
onde se cultiva cana no Brasil e D. flavipennella restrita aos Estados do Nordeste, Norte e em
alguns do Sudeste, não sendo observada no sul do País (MACEDO et al. 2010). No estado de
Alagoas há predominância de D. flavipennella (FREITAS et al. 2006; ARAUJO JÚNIOR,
2008).
2.2.2 Descrição e biologia de Diatraea saccharalis e D. flavipennella

Os adultos de D. saccharalis são de coloração amarelo palha, com cerca de 25 mm de
comprimento, e asas anteriores formando linhas diagonais em forma de duplo V invertido, mais
nítido nos machos. Os adultos de D. flavipennella apresentam coloração branco leitosa e asa
estriada com um ponto negro central nas duas asas anteriores (Figura 1) (MENDONÇA et al.
1996).

17

Figura 1. Adultos de Diatraea saccharalis (A) (esquerda: macho; direita: fêmea); Adulto de Diatraea
flavipennella (B).

A

B

Foto: (Lima, I.S.).

Ovipositam usualmente na face dorsal da folha, agrupados em massa com 5 a 50 ovos,
semelhante a escamas de peixes (Figura 2). Após a incubação, que varia de quatro a oito dias,
eclodem lagartas, que inicialmente se alimentam do parênquima das folhas e, ou, da bainha.
Por volta de duas semanas depois, elas penetram pelo meristema apical, logo acima do nó,
abrindo galerias no seu interior (MACEDO et al. 2010).

Figura 2. Massa de ovos de Diatraea saccharalis em forma de escamas de peixes.

Foto: Autor.

Conforme os mesmos autores, seu completo desenvolvimento dura em média 40 dias,
quando atingem cerca de 30 mm. Apresentam coloração branco-leitosa, com pontuações dorsais
e laterais castanhas, e possuem capsula cefálica marrom-escura no caso de D. saccharalis e
amarela para D. flavipennella (Figura 3). No final da fase larval, as lagartas abrem um orifício

18

no colmo da cana, onde a lagarta transforma-se em crisálida, ficando neste estágio entre 7 e 14
dias, quando surge a mariposa.
Figura 3. Lagarta de Diatraea saccharalis (A); Lagarta de Diatraea flavipennella (B).

A

B

Foto: Autor.

A crisálida de ambas as espécies de coloração marrom é encontrada no colmo, no
interior das galerias abertas pelas lagartas. O sexo das duas espécies pode ser identificado nesta
fase, pois a abertura genital do macho é em forma de duas saliências uma ao lado da outra,
localizada na borda inferior de nono segmento abdominal, e na fêmea sobre o oitavo segmento
(Figura 4), facilmente visível com o auxílio de uma lupa manual com 10 vezes de aumento,
além de a fêmea ser geralmente maior que o macho (MENDONÇA et al. 1996).
Figura 4. Vista ventral dos últimos segmentos abdominais em pupas, macho e fêmea de Diatraea saccharalis.

Fonte: Mendonça et al. (1996).

19

Os mesmos autores afirmaram que D. saccharalis apresenta um ciclo biológico entre 50
a 62 dias, assim distribuído: ovo de quatro a oito dias; lagartas 40; pupa de seis a 14 dias e
longevidade de adultos de sete dias, podendo ocorrer de três a quatro gerações por ano. Nas
regiões de clima frio e/ou seco, a lagarta pode entrar em diapausa por um período de100 a 150
dias. Já o ciclo biológico da D. flavipennella completa-se entre 39 a 51 dias distribuídos da
seguinte forma: ovo de quatro a oito dias; lagartas de 25 a 26; pupa de 10 a 17; a longevidade
dos adultos pode chegar a sete dias (Figuras 5 e 6).
Figura 5. Ciclo biológico de Diatraea saccharalis.

Foto: Autor.

20

Figura 6. Ciclo biológico de Diatraea flavipennella

Foto: Autor, 2008.

2.2.3 Injúrias e danos
As lagartas de D. saccharalis e D. flavipennella, quando atacam as canas, de até cerca de
quatro meses de idade, causam a morte da gema apical, provocando a morte da planta, apresentando
o sintoma conhecido como “coração morto” (MENDONÇA et. al. 1996). Em cana adulta, além da
morte da gema apical, ocorre brotação lateral, enraizamento aéreo, canas quebradas e entrenós
atrofiados.
Através dos orifícios deixados pelas lagartas penetram fungos oportunistas como, Fusarium
moniliforme Sheldon e Colletotrichum falcatum Went, ambos os patógenos citados causam a
podridão-vermelha, responsável pela inversão da sacarose, diminuição da pureza do caldo e
contaminação no processo de fermentação alcoólica (PLANALSUCAR 1982, GALLO et al., 2002).
Existe correlação entre o índice de infestação do complexo broca/podridão, dado pela
fórmula II % = [(entrenós danificados/total de entrenós) x 100)], e as perdas sendo observada no
campo e na indústria. Essa correlação é expressa por 0,77 % de perdas de toneladas de cana no
campo e 0,25 % de açúcar recuperável na indústria a cada 1 % de intensidade de infestação
(MACEDO et al., 2010). Uma vez determinada a Intensidade de Infestação, tem diferentes graus
de infestação conforme mostra a tabela 1.

21

Tabela 1. Classificação do grau de infestação da broca-da-cana Diatraea saccharalis.
Grau de infestação

Infestação

Intensidade de infestação

Baixo

0 – 25 %

0a5%

Moderado

25 – 50 %

5 a 10 %

Regular

50 – 75 %

10 a 15 %

Elevado

75 – 95 %

15 a 25 %

Muito elevado

+ de 95 %

Além de 25 %

Fonte: Gallo, et al. (2002)

Dinardo-Mirando et al. (2012) estudando a influência da infestação de D. saccharalis
sobre parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar verificaram que aumentos nos índices de
infestação de broca resultam em diminuição na qualidade tecnológica da cana, devido ao
aumento nos teores de açúcares redutores e redução nos teores de pol na cana e pureza, nas
cultivares IAC91-1099, IACSP93-3046 e IACSP95-5000.
Lima et al. (2013) estudando a infestação de Diatraea spp. em variedades RB
(República do Brasil) de cana-de-açúcar no Estado de Alagoas verificaram que a variedade
RB92579 é mais tolerante ao ataque da praga em questão, tanto em sistema irrigado como em
sequeiro, independentemente do número de folhas da planta.

2.2.4 Métodos de controle
Segundo Macedo et al. (2010) de modo natural, numerosos predadores, especialmente
vários gêneros de formigas, cumprem um importante papel no controle da broca, atingindo de
70 a 80 % de ovos. Liberações de Trichograma galloi (Zucchi, 1988) (Hymenoptera:
Trichogrammatidae) realizadas em áreas infestadas com ovos de D. saccharalis em três
semanas consecutivas, proporcionam níveis elevados de parasitismo (BROGLIOMICHELETTI et al., 2007).
O controle biológico tem sido utilizado como base do manejo integrado da broca da
cana, através principalmente da criação e liberação de parasitoides larvais. Este tem sido
utilizado para conter ou minimizar os danos causados pelo complexo das espécies de Diatraea
existentes na América do Sul. Porém associando a ele, outras táticas de controle, como coleta
manual de lagartas, manejo varietal, época de plantio, tratos culturais e controle por
comportamento (MENDONÇA et al., 1996).

22

A broca é controlada biologicamente na fase de lagarta, procedendo-se a liberações
massais do parasitóide Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae),
originário da Índia e do Paquistão (MACEDO et al. 2010). Esse parasitoide foi introduzido no
Estado de Alagoas em 1974, permitindo o controle efetivo da broca (MENDONÇA et al., 1996).
Porém, o controle biológico age a médio e longo prazo, exigindo investimentos incompatíveis
com a capacidade dos pequenos produtores. Mesmo para os grandes produtores que dispõem
de infraestrutura para a produção de parasitoides em laboratórios, quando há necessidade de
reduzir drasticamente a população da praga em grandes áreas em curto prazo, visando diminuir
os prejuízos, o controle biológico pode ser lento para atingir o objetivo (MACEDO;
BOTELHO, 1986).
2.3

Adubação da cana-de-açúcar
As plantas devem obter do ambiente os materiais brutos específicos para as complexas

reações bioquímicas necessárias a manutenção de suas células e ao seu crescimento. Além da
luz, as plantas necessitam de água e certos elementos químicos para o metabolismo e o
crescimento. Grande parte do desenvolvimento evolutivo das plantas envolveu especializações
estruturais e funcionais necessárias à absorção eficiente desses materiais brutos e sua
distribuição às células em toda planta (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996).
Apenas certos elementos são determinados como essenciais para o crescimento vegetal.
Um elemento essencial é definido como aquele cuja ausências impede a planta de completar
seu ciclo de vida ou aquele que tem um papel fisiológico claro (TAIZ; ZEIGER, 2004).
Conforme Furlani (2004) entre esses elementos, aqueles exigidos em maiores quantidades pelas
plantas são denominados de macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e
enxofre) e aqueles exigidos em pequenas quantidades são denominados micronutrientes (Boro,
cloro, cobre, ferro, manganês, molibdênio, níquel e zinco).
Além desses elementos minerais, são também elementos químicos essenciais o carbono,
hidrogênio e oxigênio, que a planta retira principalmente do ar e do solo, na forma de CO2 e de
H2O. Sendo esses agrupados entre os macronutrientes. Já o silício é considerado um elemento
benéfico são encontrados em abundancia e exigido em pequena quantidade (FURLANI, 2004).

23

2.3.1

Nitrogênio

O nitrogênio é dos elementos minerais mais abundantes nas plantas e, e´ frequentemente
um dos principais fatores limitantes para seu crescimento. É encontrado em moléculas
importantes como proteínas e ácidos nucléicos. Plantas têm a capacidade de assimilar o
nitrogênio inorgânico do ambiente e sintetizar os aminoácidos encontrados em proteínas, bem
como todos os outros compostos orgânicos nitrogenados utilizados por elas (FURLANI, 2004).
Apesar de abundante na atmosfera, o nitrogênio molecular não pode ser absorvido pelas
plantas. Exceto pelos microrganismos fixadores ou via adubação nitrogenada (FURLANI,
2004). A assimilação do nitrogênio requer uma série complexa de reações bioquímicas, que
estão entre as reações de maior demanda energética dos organismos vivos. Sendo as plantas
leguminosas responsáveis por estabelecerem a relação simbiótica com bactérias fixadoras de
nitrogênio (TAIZ; ZAIGER, 2004).
Segundo os mesmos autores, a assimilação de nutrientes é o processo pelo qual os
nutrientes obtidos pelas plantas são incorporados em compostos de carbono necessários ao
crescimento e ao desenvolvimento. A assimilação do nitrogênio é uma das várias etapas que
constituem o ciclo do nitrogênio, qual engloba várias formas de nitrogênio da biosfera. As
principais fontes de nitrogênio disponíveis para as plantas são o nitrato (NO3-) e a amônia
(NH4).
O nitrogênio é reposto no solo primariamente pela sua fixação, processo pelo qual N2 é
reduzido a NH3 (NH4+), estando, assim disponível para incorporação em esqueletos carbônicos
formando os aminoácidos entre outros compostos nitrogenados (RAVEN; EVERT;
EICHHORN, 1996). A fixação biológica representa a forma mais importante, sendo executada
por bactérias que formam associações simbiontes com as plantas superiores, nas quais o
procarionte fornece diretamente à planta hospedeira o nitrogênio fixado em troca de outros
nutrientes e carboidratos. Tais simbioses ocorrem nos nódulos formados nas raízes dos vegetais
contendo bactérias fixadoras (TAIZ; ZAIGER, 2004).
O tipo mais comum de simbiose ocorre entre as espécies da família leguminosa e as
bactérias de solo dos gêneros Azorhizobium, Bradyrhizobium, Photorhizobium, Rhizobium e
Sinorrhizobium, as quais são coletivamente chamadas de rizóbios. O nitrogênio também chegar
ao solo na forma de materiais orgânicos e origem vegetal e animal. Esses substâncias são
decompostos por organismos do solo (TAIZ; ZAIGER, 2004).

24

De acordo com Raven; Evert; Eichhorn (1996) a liberação de íons NH4+ a partir dos
compostos contendo nitrogênio (amonificação) é executada por bactérias e fungos. Já a
oxidação da amônia para formar nitritos e nitratos (nitrificação) por bactérias. O nitrogênio é
absorvido pelas plantas quase que exclusivamente na forma de nitrato. O nitrogênio é perdido
do solo pela remoção das plantas cultivadas, pela erosão, fogo, lixiviação e ação de bactérias
desnitrificantes (Figura 7).

Figura 7. Ciclo do nitrogênio. O nitrogênio da atmosfera varia desde a forma gasosa à de íons reduzidos, antes de
ser incorporado a compostos orgânicos nos organismos vivos.

Fonte: Raven; Evert; Eichhorn, (1996).

As funções do nitrogênio na planta são equilíbrio de cargas, elemento estrutural e
elemento regulatório. Quando o suprimento de nitrogênio não é adequado, o crescimento é
retardado e o Nitrogênio é mobilizado das folhas velhas para as áreas de novo crescimento. O
sintoma típico de deficiência de nitrogênio é á senescência precoce das folhas mais velhas com
clorose característica. Ocorre também mudanças na morfologia da planta, redução na relação
parte aérea/raízes, redução no comprimento, largura e espessura das folhas. O excesso de
nitrogênio provoca crescimento excessivo da parte aérea em detrimento das raízes, o que
favorece o acamamento (FURLANI, 2004).

25

A produtividade média dos canaviais tem oscilado em torno de 100 toneladas de matéria
total por hectare, os colmos correspondem a aproximadamente 80% dessa massa, porém
adotando manejo adequado de variedades, tratos culturais e de adubação, podem-se alcançar
produtividades superiores a 150 toneladas de matéria por hectare (OLIVEIRA et al., 2007).
O Nitrogênio é um dos nutrientes vegetais absorvidos em maior quantidade pela cultura
da cana-de-açúcar (OLIVEIRA et al., 2007). Este mineral favorece o perfilhamento e provoca
aumento significativo na produção da cana. É indispensável na formação de proteínas e
processos enzimáticos e bioquímicos, exercendo papel fundamental no desenvolvimento da
planta, além de compor a molécula de clorofila (CARNAÚBA, 1990).

2.3.2

Fósforo

Conforme Bastos et al., (2008) o fósforo é considerado um elemento essencial para as
plantas e ocorre em baixa concentrações nos solos brasileiros. Raven; Evert; Eichhorn, (1996)
mencionam que de modo semelhante aos outros minerais, o fósforo, é liberado a partir de
tecidos mortos pela atividade de decompositores. Absorvido do solo pelas plantas, o fósforo,
circula nos animais sendo devolvido ao solo em formas orgânicas em resíduos e dejetos as
formas orgânicas do fósforo são convertidas a fosfato inorgânico, e assim o fósforo torna-se
novamente disponível para as plantas (figura 8).
Através da erosão, poluição e perda em águas de drenagem grandes quantidades de
fósforo são carregadas para os rios e córregos, fazendo com que eventualmente o fósforo
alcance os oceanos onde é depositado e precipitado em sedimentos e nos restos de organismo
marinhos (Figura 8). Para contrapor essa perda, depósitos de rochas fosfatadas são extraídas em
larga escala para uso como fertilizante (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 1996).
O fosfato (HPO42-) na solução do solo é absorvido pelas raízes das plantas por
intermédio de transportados por intermédio de um transportador H+ - HPO42- do tipo simporte
e incorporado em uma variedade de compostos orgânicos, incluindo açúcares fosfatos,
fosfolipídios e nucleotídeos. O principal ponto de entrada do fosfato na via de assimilação
ocorre durante a formação do ATP, a molécula de energia da célula (TAIZ; ZAIGER, 2004).

26

Figura 8. Ciclo do fósforo em um ecossistema terrestre.

Fonte: Raven; Evert; Eichhorn, (1996).

O fosfato absorvido palas raízes é rapidamente incorporado aos açúcares, formando
ésteres de açúcar-fosfato, que são transportados radialmente nas células das raízes e liberados
no xilema e no floema na forma de fosfato inorgânico, o qual transita facilmente pelos vasos
condutores. O fosfato tem várias funções na célula vegetal, sendo elemento estrutural dos ácidos
nucléicos, elemento transferidor de energia nas ligações químicas energéticas do fosfato e
pirofosfato com os açúcares, com gliceraldeído e com coenzimas como AMP, ADP, ATP, UTP
E GTP, além de atuar como elemento regulador, já que o fosfato inorgânico armazenado no
vacúolo é liberado no citoplasma e atua regulando várias vias sintéticas (FURLANI, 2004).
Na cana-de-açúcar o fósforo assume grande importância no enraizamento e no
perfilhamento e, portanto, na produtividade final e no rendimento de açúcar (SANTOS et al.
2011). A deficiência, reduz a absorção de nitrogênio e dificulta a clarificação do caldo durante
a fabricação do açúcar, elevando o custo de fabricação em virtude da necessidade de adição de
fosfatos solúveis para atingir o teor ideal de P2O5, fundamental para uma clarificação eficiente.

27

2.3.3

Potássio

Já com relação ao potássio, sua absorção é altamente seletiva e acoplada aos processos
metabólicos, apresentando elevada mobilidade dentro da planta em todos os níveis. O K+ não
é metabolizado, formando ligações fracas, que são facilmente trocáveis. No citoplasma não
compete pelos postos de ligações que requerem cátions bivalentes. O K+ é o cátion mais
abundante no citoplasma, tendo importantes funções nas células das plantas como regulação
osmótica, balanço de cátions e ânions, relações hídricas da planta, movimento dos estômatos
alongamento celular, estabilização do pH do citoplasma, ativação enzimática, síntese de
proteínas, fotossíntese e no transporte de açúcares (FURLANI, 2004).
A deficiência de potássio resulta em redução na atividade de muitas enzimas
regulatórias, diminuição na concentração de amido, acúmulo de carboidratos solúveis, acúmulo
de compostos nitrogenados solúveis, redução na atividade das ATPases ligadas a membrana
plasmática, afetando o transporte iônico e redução na atividade de redutase do nitrato. A
demanda de K+ para um crescimento ótimo está dentro da faixa de concentração de 20 a 50 g
Kg-1 de matéria seca (FURLANI, 2004).
A mesma autora afirma que plantas deficientes em K+ têm seu crescimento retardado, e
a redistribuição de K+ é estimulada das folhas velhas e colmos para as folhas novas. Sintomas
visuais de deficiência caracterizam-se por clorose e necrose das folhas e colmos mais velho. A
lignificação dos tubos vasculares fica prejudicada, o que contribui para o acamamento das
plantas. Quando a água é limitante, a perda de turgescência e a murcha das folhas são sintomas
típicos da deficiência de K. Plantas bem supridas de K são mais resistentes ao estresse de água,
à geada e ao ataque de fungos.
Na cultura da cana-de-açúcar o excesso de potássio no solo e/ ou sua falta de potássio,
pode diminuir a qualidade da matéria-prima, influenciando as porcentagens do teor de sacarose
(Pol) e a fibra industrial da cana (MOURA et al., 2005). O potássio é o cátion em maior
concentração nas plantas, sendo um nutriente com relevantes funções fisiológicas e
metabólicas, como ativação de enzimas, fotossíntese, translocação de assimilados e também
absorção de nitrogênio e síntese proteica, tornando-se, portanto, limitante em sistema com
utilização intensiva de solo cultivados (ANDRADE et al., 2003).

28

2.3.4

Silício

O silício é o segundo elemento em abundância na crosta terrestre, depois do oxigênio.
Apesar das quantidades consideráveis encontradas nos solos, a maioria é pobre em silício
solúvel ou disponível para as plantas. O Si apresenta uma série de efeitos benéficos, como por
exemplo à proteção contra aos estresses bióticos e abióticos (MONTES; MONTES; RAGA,
2015).
Segundo Marafon e Endres (2011) nos solos, o silício solúvel ou disponível às plantas
tem origem nos processos de intemperização dos minerais primários e, particularmente, dos
minerais secundários como os argilo-silicatos. O silício está presente na solução do solo como
ácido silícico ou monossilícico (H4SiO4), que é absorvido pelas plantas. De modo geral, as
soluções dos solos apresentam teores de Silício dissolvidos variando entre 2,8 e 16,8 mg.L-1,
sendo que equilibro do elemento no solo depende do pH (potencial hidrogeniônico).
As plantas podem ser consideradas acumuladoras de silício, quando possuem teor foliar
acima de 1%, e não acumuladora com teor de 0,5%. Ao ser absorvido pelas plantas, o silício é
facilmente translocado no xilema (MONTES; MONTES; RAGA, 2015). Gramíneas são
classificadas como acumuladoras (SÁVIO et. al., 2011). Dessa forma a cana-de-açúcar por ser
uma cultura acumuladora vem apresentando resultados muito interessantes com relação ao
controle de algumas pragas (MARAFON; ENDRES, 2011)

2.3.5 Efeito da nutrição mineral na incidência de pragas.
A adubação mineral tem sido estudada por vários pesquisadores, sendo que as opiniões
são divididas já que para parte da comunidade acadêmica a fertilização das culturas é uma das
práticas que pode causar um aumento populacional das pragas por tornar as plantas mais
nutritivas e atrativas. Por outro lado, outros autores afirmam que aplicações de fertilizantes
desfavorecem algumas pragas, pois ao proporcionar um crescimento mais vigoroso da planta,
faz com que ela tolere maiores os danos (RODRIGUES; CASSINO, 2003).
A adubação nitrogenada aumenta a atividade fotossintética da planta e estimula a
divisão celular, proporcionando aumento no teor de proteínas e na biomassa total. Todavia, essa
mesma adubação provoca alterações na quantidade qualidade do nitrogênio presente na planta,
uma vez que aumenta os níveis de N solúvel, principalmente como aminoácidos livres, os quais
podem ser assimilados por diversas espécies de insetos. Além disso, a fonte de fertilizante pode,

29

também, influir na qualidade e quantidade de compostos solúveis de nitrogênio, sendo que os
amoniacais levam a um maior acúmulo, quando comparados com os nítricos (MATSON, 1980).
Limitações de fósforo no início do ciclo vegetativo podem resultar em restrições no
desenvolvimento das raízes e da parte aérea, das quais a planta não se recupera ao longo do seu
ciclo (SOUSA et. al., 2012), fazendo com que as plantas fiquem mais susceptíveis ao ataque de
pragas, já que o fósforo atua como elemento estrutural e transferidor de energia (FURLANI,
2004).

Com relação ao potássio ele é um elemento essencial ao desenvolvimento e

metabolismo das plantas, já que tem participação ativa em processos de fundamental
importância como biossíntese, fosforilação e síntese de ATP, ativação enzimática e síntese de
proteínas. Bortoli et. al. (2005) verificaram que quanto maior a dose, apesar de favorecer o
desenvolvimento de lagartas de D. saccharalis, torna as plantas de Sorgo [Sorghum bicolor (L.)
(Poaceae)] menos danificadas pelo inseto.
Bortoli et al. (2005) estudando dano de D. saccharalis em sorgo cultivado sob diferentes
doses de nitrogênio e potássio verificaram de modo geral, que para a adubação nitrogenada, as
doses entre 50 e 200 mg dm³ tendem a promover maior desenvolvimento para as lagartas da
broca, sendo que as menores porcentagens de dano foram verificadas nas menores doses de N,
enquanto que para o potássio, quanto maior a dose, apesar de favorecer o desenvolvimento das
lagartas, tornam as plantas menos danificadas pelos insetos.
2.3.6 Silício como indutor de resistência.
De acordo com Epstein (1999) dentre os nutrientes minerais que auxiliam no manejo de
pragas, o silício destaca-se- por reduzir a severidade do ataque de pragas. O silício atua na
planta, aumentando a rigidez do tecido, promovendo barreira mecânica contra insetos-praga,
contribuindo significativamente na redução dos danos ocasionados e na atividade alimentar dos
artrópodes (LAING; GATARAYIHA; ADANDONON, 2006).
A ação do silício sobre insetos herbívoros pode ser direto ou indireta. Os efeitos diretos
incluem a redução no crescimento da planta e na reprodução do inseto, com simultânea redução
do dano na planta. Já os indiretos podem ser considerados como a diminuição ou atraso da
penetração do inseto na planta, reduzindo o tempo de exposição da planta às pragas, às
condições climáticas adversas e às medidas de controle químico (KEDARAS; KEEPING,
2007).

30

As plantas adubadas com silício, provavelmente, desencadeiam mecanismos naturais de
defesa, como por exemplo, a produção de compostos fenólicos, quitinases, peroxidases e
acúmulo de lignina, (GOMES; MORAES; ASSIS, 2008). Estas substâncias interferem no
crescimento e desenvolvimento de insetos-praga demostrado através da aplicação de solução
de ácido silícico na cultivar IAC-19 de soja Glicyne max (L.) (Fabaceae) (MORAES;
FERREIRA; COSTA; 2009).
Guimarães et. al., (2008) estudando o efeito do silicato de potássio no parasitismo de
Meloidogyne incógnita em cana-de-açúcar verificaram que o referido mineral foi eficiente na
indução de resistência ao referido nematoide em canas das variedades RB867515 e RB92579,
sem apresentar efeito sobre o crescimento da planta.

Supostamente essa indução foi

consequência da menor penetração e desenvolvimento no nematoide nas raízes e,
consequentemente, menor sitio de alimentação.
Dalastra et al., (2011) estudando o silício como indutor de resistência no controle do
trips do prateamento Enneothrips flavens (Moulton, 1941) (Thysanoptera: Thripidae) e seus
reflexos na produtividade do amendoinzeiro verificaram que uma aplicação de silício
proporcionou proteção às plantas reduzindo o número de adultos e ninfas dos trips evitando
perdas de 2,02 a 2,11 gramas por massa de grãos, além de aumentar a produtividade da cultura.
2.4

Fungo Metarhizium anisopliae no controle de Diatraea saccharalis

Os fungos foram os primeiros patógenos a serem utilizados no controle microbiano de
insetos. Esses entomopatógenos vêm sendo estudados, no Brasil desde os anos 30 do século
XX. Cerca de 80% das doenças de artrópodes têm como agentes etiológicos os fungos,
pertencentes a aproximadamente 90 gêneros e mais de 700 espécies. A variabilidade genética
dos fungos pode ser considerada uma das suas principais vantagens para utilização no controle
biológico de insetos, sendo possível selecionar isolados de fungos altamente eficientes para o
controle de uma ou mais pragas (ALVES; LOPES; LEITE, 2005).
De acordo com Valicente (2009) os fungos entomopatogênicos têm como hospedeiros
os afídeos, moscas-brancas, gafanhotos, moscas, besouros, lagartas, tripes e ácaros, além de
serem capazes de infectar todos estádios de desenvolvimento dos hospedeiros. O autor
menciona ainda que o fungo penetra no corpo do inseto por diversas vias, uma vez dentro dos
insetos, os fungos multiplicam-se rapidamente por todo o corpo. A morte é causada pela
destruição dos tecidos e, ocasionalmente, pelas toxinas produzidas pelos fungos.

31

Frequentemente os fungos emergem do corpo dos insetos, produzem esporos que, quando
espalhados pelo vento, chuva ou contato com outros insetos.
Os insetos infectados param de alimentar e tomam-se mais lentos. Estes morrem
relativamente rápido, às vezes em uma posição ereta, mas ainda presos na folha ou no ramo.
Isto pode ser observado em locais mais elevados ou concentrados na borda das culturas. O corpo
do inseto morto pode ser firme e de consistência emborrachada ou de aparência oca. Várias
vezes observam-se insetos mortos de cor creme, verde, avermelhada ou marrom, em
consequência do crescimento do fungo, seja envolvendo o corpo do hospedeiro, seja saindo das
juntas dos segmentos do corpo (VALICENTE, 2009).
De acordo com Alves, Lopes, Leite (2005) os fungos são patógenos de largo espectro,
sendo que o fato de poderem infectar diferentes estágios de desenvolvimento dos hospedeiros,
os colocam em vantagem quando comparados com outros grupos de patógeno. Zimmer et al.
(2010) mencionam que a utilização de fungos entomopatogênicos como agentes do controle
biológico vem sendo realizada utilizando-se principalmente as espécies Metarhizium anisopliae
(Metchnikoff) (Mitospórico, Hyphomycetes) e Beauveria bassiana (Balsamo) (Ascomycata,
Sordariomycetidae).
Conforme Oliveira et al. (2008) o fungo M. Anisopliae ocasiona mortalidade larval e
pupal na broca da cana-de-açúcar, sendo que Zappeline et al. (2010) fazendo seleção de isolados
do referido fungo visando o controle de D. saccharalis, mencionam que a mortalidade
confirmada pela ação do entomopatógeno varia entre 54 e 100, sendo que os isolados IBCB
(Instituto Biológico) 167, 351, 383, 384, 410, 417, 418, 425 e 481 são capazes de provocar
mortalidade superior a 80%. Valente et al. (2014) estudando o efeito de fungos
entomopatogênicos sobre formas imaturas de D. flavipennela verificaram que o fungo M.
Anisopliae é potencial agente no manejo da referida praga.
.

32

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A.C.S. et al. Desenvolvimento vegetativo e produção de variedades de cana-deaçúcar em relação à disponibilidade hídrica e unidades térmicas. Ciência e Agrotecnologia,
Lavras v.32, n.5, p.1441-1448, 2008.

ALVES, S.B.; LOPES, R.B.; LEITE, L.G. Entomopatógenos de cigarrinhas da cana-de-açúcar
e das pastagens. In: Mendonça, A.F. (Ed.) Cigarrinhas da cana-de-açúcar: Controle
biológico. Maceió: INSECTA, 2005. P. p.243-267.

ANDRADE, A.C. et al. Adubação nitrogenada e potássica em capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum. cv. Napier). Ciência e Agrotecnologia, Lavras. Edição Especial, p.16431651, 2003.

ARAUJO JÚNIOR, J.V. Avaliação de variedades RB (República do Brasil) em relação ao
ataque das principais pragas da cana-de-açúcar em Rio Largo, Estado de Alagoas. 2008.
86p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, 2008.

BASTOS, A.L. et al.. Influência de doses de fósforo de doses de fósforo no fluxo difusivo em
solos de Alagoas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande,
v.12, n.2, p.136-142, 2008.

BORTOLI, S.A. et al. Aspectos biológicos e dano de Diatraea saccharali s(Fabr., 1794)
(Lepidoptera: Pyralidae) em sorgo cultivado sob diferentes doses de nitrogênio e potássio.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.29, n.2, p. 267-273, 2005.

BROGLIO-MICHELETTI,

S.M.F.

et

al.

Efeito

do

número

de

adultos

de

TrichogrammagalloiZucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) liberados em semanas
sucessivas, para o controle de Diatraeasaccharalis(Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae).
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.1, p.53-58, 2007.

33

CAMPEÃO, P. et al.. Influência do setor sucroalcooleiro no índice de desenvolvimento humano
municipal (IDH-M). In: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociedade
Rural, 47°, 2009, Porto Alegre.
CARNAÚBA, B.A.A. O nitrogênio e a cana-de-açúcar. STAB – Açúcar, Álcool e subprodutos,
Piracicaba, v.8, n.3-4, p.24-39, 1990.

CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxico (a teoria da trofobiose). Porto
Alegre: L & PM, 1987, 234p

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira:
Cana-de-açúcar,

v.2,

n.1,

safra

2015-2016,

primeiro

levantamento,

abril,

2015.Disponívelem:http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_04_13_08_49_
33_boletim_cana_portugues_-_1o_lev_-_15-16.pdf. 2015.

DALASTRA, C. et al. Silício como Indutor de resistência no controle do tripés do prateameno
Enneothrips flavens Moulton, 1941 (Thysanoptera: Thripidae) e seus reflexos na produtividade
do amendoinzeiro. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.35, n.3, p.531-538, 2011.

DELGADO, A.A.; CÉSAR, M.A. Elementos de tecnologia e engenharia do açúcar de cana.
V.2, Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1977. p. 1061.

DEMETRIO, A.P.; ZONETTI, P.C.; MUNHOZ; R.E.F. Avaliação de clones de cana-de-açúcar
promissores RBs quanto à resistência à broca da cana (Diatraea saccharalis) na região noroeste
do Paraná. Iniciação cientifica CESUMAR, Maringá, v.10, n.1, p. 13 – 16, 2008.

DINARDO-MIRANDA, L.L. et al. Influência da Infestação de Diatraea saccharalis (Fabr.)
sobre parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar. Bragantia, Campinas, v.71, n.3, p.342-354,
2012.

DIOLA, V.; SANTOS, F. Fisiologia da Cana-de-açúcar. In: SANTOS, F.; BORÉM, A.;
CALDAS, C. (Ed.). Cana-de-açúcar: Bioenergia, Açúcar e Álcool – Tecnologia e
Perspectivas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2010. p. 25-50.

34

EPSTEIN, E. Silicon. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology,
Palo Alto, v.50, p.641-664, 1999.

FREITAS, M.R.T. et al. The Predominance of Diatraea flavipennella (Lepidoptera:
Crambidae) in sugar canefilds in the State of, Alagoas, Brazil. Florida Entomologist, Florida,
v.89, n.4, p.539-540, 2006.

FURLANI, A.M.C. Nutrição mineral. In: KERBAUY, G.B. (Ed). Fisiologia Vegetal. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. P.40-75.

GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, v.10, 2002, 920p.

GOMES, F.B.; MORAES, J.C.; ASSIS G.A. Silício e imidacloprid na colonização de plantas
por Myzus persicae e no desenvolvimento vegetativo de batata inglesa. Ciência Rural, Santa
Maria, v.38, n.5, 2008.

GOMES, F.B. et al. Resistance Induction in wheat plants by silicone and aphids. Scientia
Agricola. Piracicaba, v.62, n.6, p.547-551, 2005.

GUIMARÃES, L.M.P. et al. Efeito de metil jasmonato e silicato de potássio no parasitismo de
Meloidogyne incógnita e Pratylenchus zeae em cana-de-açúcar. Nematologia Brasileira,
Piracicaba, v.32, n.1, 2008.

JADOSKI, C.J. et al. Fisiologia do desenvolvimento do estádio vegetativo da cana-de-açúcar
(Saccharumofficinaruml.). Pesquisa Aplicada & Agrotecnologia, Guarapuava, v.3, n.2,
p.169-176, 2010.

KEDARAS, O.L; KEEPING, M.G. Silicon impedes stalk penetration by thr borer Eldana
saccharina in sugarcane. Experimentalis et Applicata, Amsterdam, v.125, n.1, p.103-110,
2007.

35

LAING, M.D.; GATARAYIHA, M.C.; ADANDONON, A. Silicon use for pest control in
agriculture: a review. Proceedings Suoth African Sugar Technologists Association, v.80,
p.278-286, 2006.

LIMA, H.M.A. et al. Infestação de Diatraea spp. (Lepidoptera: Crambidae) em variedades RB
(República do Brasil) de cana-de-açúcar. Comunicata Scientiae, Bom Jesus, v.4, n.4, p.407413, 2013.

LOPES, D.O.P.; DINARDO-MIRANDA, L.L.; BUSOLI, A.C. Atualidades em pragas da
cultura da cana-de-açúcar: sudeste e nordeste do brasil. In: BUSOLI, A. C. et al. Tópicos em
entomologia agrícola – IV. Jaboticabal: Maria de Lourdes Brandel (Gráfica e Editora
Multipress), 2011. 250p.

MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M. Aplicação do regulador de crescimento de insetos (IRG)
visando o controle de lagartas de Diatraea saccharalis(Fabricius, 1794). Brasil açucareiro,
v.104, p.30-35, 1986.

MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M. Controle integrado da broca da cana-de-açúcar Diatraea
saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Pyralidae). Brasil Açucareiro, Rio de Janeiro,
v.162, n.2., p.2-11, 1988.

MACEDO, N. et al. Manejo de Pragas e Namatoides.In: Santos, F.; Borém, A.; Caldas, C. (Ed.).
Cana-de açúcar: Bioenergia, Açúcar e Álcool – Tecnologia e Perspectivas. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 2010. p. 119-159.

MARAFON, A.C.; ENDRES, L. A. Adubação silicatada em cana-de-açúcar. Aracaju: Embrapa
Tabuleiros Costeiros, 2011. 46p., ISSN 1517-1329.

MATSON, W.J. Hebivory in relation to plant nitrogen contente. Anual Review of Ecology,
Evolution, and Systematics, Palo Alto, v.11, p.119-161, 1980.

36

MENDONÇA, A.F. et al. As brocas da cana-de-açúcar, Diatraea spp. (Lepidoptera: Pyralidae).
In: MENDONÇA, A.F. (Ed.) Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Insetos & Cia, 1996. p.5182.

MONTAGNHANI, B.A.; FAGUNDES, M.B.B.; SILVA, J.F. O papel da agroindústria
canavieira na geração de empregos e no desenvolvimento local: O caso da usina mundial no
mundial no município de Mirandópolis, Estado de São Paulo. Informações Econômicas, São
Paulo, v.39, n.12, p.26-38, 2009.

MONTES, R.M.; MONTES, S.M.N.M.; RAGA, A. O uso do silício no manejo de pragas. São
Paulo: Instituto Biológico, 2015. 13p. ISSN 1983-134X.

MORAES, J.C.; FERREIRA, R.S.; COSTA, R.R. Indutores de resistência à mosca-branca
Bemisia tabaci biótipo B (Genn, 1889) (Hemiptera: Aleyrodidae) em soja. Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v.33, n.5, p.1260-1264, 2009.

MOURA, M.V.P.S. et al. Doses de adubação da cana-de-açúcar, primeira soca, com e sem
irrigação. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.29, n.4, p.753-760, 2005.

OLIVEIRA, M.A.P. et al. R. Efeito de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. e Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. sobre características biológicas de Diatraea saccharalis F.
(Lepidoptera: Crambidae). Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v.30, n.2, p.219224, 2008.

OLIVEIRA, M.W. et al. Nutrição mineral e adubação da cana-de-açúcar. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.28, n.239, p.30-43, 2007.

PANNUTI, L.E.R. et al. Danos do complexo broca-podridão à produtividade e à qualidade da
cana-de-açúcar fertirrigada com doses de nitrogênio. Pesquisa agropecuária brasileira,
Brasília, v.48, n.4, p.381-387, 2013.

PLANALSUCAR.Guia das principais pragas da cana-de-açúcar no Brasil. Piracicaba:
Brasil, 1982, 28p.

37

RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 7ºed., Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1996, 728p.

RODRIGUES, W.C. & CASSINO, P.C.R. Efeitos da adubação nitrogenada e potássica sobre a
população de Aleurothrixus floccosus (Homoptera: Aleyrodidae), em laranja doce (Citrus
sinensis) CV. Folha murcha. Revista Universidade Rural, série ciências da vida, Rio de
Janeiro, v.22, n.2., p.55-59, 2003.

SANTOS, D.H. et al. Qualidade tecnológica da cana-de-açúcar sob adubação com torta de filtro
enriquecida com fosfato solúvel. R. Bras. Eng. Ambiental, Campina Grande, v.15, n.15,
p.443-449, 2011.

SÁVIO, F.L. et al. Produção de biomassa e conteúdo de silício em gramíneas forrageiras sob
diferentes fontes de silício em gramíneas forrageiras sob diferentes fontes de silicatos. Ciências
Agrárias, Londrina, v.32, n.1, p.103-110, 2011.

SOUSA, A.E.C. et al. Biometria de desenvolvimento de pinhão-manso irrigado com diferentes
lâminas de água residuária e adubação fosfatada. Revista Caatinga, Mossoró, v. 25, n. 2, p.
119-127, 2012.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal, 3º ed., Porto Alegre: Artmed, 2004, 719p.

VALENTE, E.C.N. et al. Efeito de fungos entomopatogênicos sobre formas imaturas de
Diatraea flavipennella (Lepidoptera: Crambidae). Revista Brasileira de Agroecologia, v.9,
n.1, p.248-258, 2014.

VALICENTE, F.H. Controle biológico de pragas com entomopatógenos. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v.30, n.251, p.48-55, 2009.

ZAPPELINI, L.O. et al. Seleção de isolados do fungo entomopatogênico Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. visando o controle da broca da cana-de-açúcar Diatraea

38

saccharalis (Fabr., 1794). Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.77, n.1, p.75-82,
2010.

ZIMMER, C.R. et al. Ação do fungo Metarhizium anisopliae sobre desenvolvimento do díptero
Muscina stabulans em laboratório. Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.62, n.5, p.1142-1147, 2010.

39

Intensidade de Danos (ID %) de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepidoptera:
Crambidae) em cana-de-açúcar cultivada sob diferentes doses de nitrogênio, fósforo e
potássio.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adubação da cana-de-açúcar
Saccharum spp, sobre os danos de Diatraea saccharalis (Fabr. 1974) (Lepidoptera:
Crambidae). Para isso foi utilizada a variedade RB92579, cultivada em vasos utilizando-se
diferentes doses de fertilizantes e mantidos em casa de vegetação em delineamento
experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial, com 3 doses de N, P e K e três
repetições. As doses utilizadas nos tratamentos em mg/dm³ foram 0, 45 e 90 de N; 0, 40 e
80 de P, e 0, 50 e 100 de K, sendo que 355 após o plantio foi mensurada a Intensidade de
Danos (ID %). Em laboratório, foram avaliados a atratividade e o consumo de fragmentos
de colmos de cana-de-açúcar por lagartas de quarto instar, em testes com ou sem chance de
escolha. De maneira geral a adubação nitrogenada aumenta a intensidade de danos
provocado pelo ataque de D. saccharalis na cultura da cana-de-açúcar, não mostrando
interferência significativa sobre a produtividade de colmos. Já com relação as adubações
fosfatada e potássica, essas promoveram ganho na produtividade sem que a intensidade de
danos fosse afetada. A adubação não afeta a atratividade dos fragmentos de colmo, nem tão
pouco o consumo pela lagarta.

Palavras-chave: Saccharum, broca-da-cana, Colletotrichum falcatum, podridão-vermelha.

40

Intensity of Damage (ID %) of Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepidoptera:
Crambidae) in sugarcane cultivated under different doses of nitrogen, phosphorus
and potassium.

ABSTRACT

The present work had as objective to evaluate the influence of soil fertilization of the
sugarcane Saccharum spp,

on

the

damage of Diatraea

saccharalis (Fabr.

1974)

(Lepidoptera: Crambidae). For this reason it was used the variety RB92579, cultivated in
pots using different doses of fertilizer and kept in vegetation house in a completely
randomized design in a factorial scheme, with 3 doses of N, P and K and three
repetitions. The doses used in the treatments in mg/dm³ were 0, 45 and 90 of N; 0, 40 and
800, P, and 0, 50 and 100 for K, being 355 after planting was measured the intensity of
damage (ID %). In the laboratory, were evaluated the attractiveness and the consumption of
fragments of culms of sugar-cane by caterpillars of fourth instar, in tests with or without
choice. In general the nitrogen fertilization increases the intensity of damage caused by the
attack of D. saccharalis in the culture of sugar cane, not showing significant interference
on the productivity of stalks. Already with relation fertilisation phosphate and potassium
fertilization, these have promoted productivity gain without which the intensity of damage
was affected. The fertilizing does not affect the attractiveness of the fragments of culm, nor
the consumption by Caterpillar.

Keywords: Saccharum, sugarcane borer, Colletotrichum falcatum, red rot.

41

3.1

INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor mundial no setor sucroalcoleiro, estando na liderança
mundial da produção de cana-de-açúcar Saccharum spp. (Poaceae). A produção está
concentrada principalmente no Centro-Sul do país e o estado de São Paulo é o principal
produtor (CONAB, 2015). Apesar do elevado aparato tecnológico nos canaviais, o
fornecimento inadequado de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio (PANNUTI et. al.,
2013) e o ataque de pragas (MENDONÇA et. al., 1996), comprometem a produtividade da
cultura mencionada.
De acordo com Macedo et al. (2010) o número de espécies de insetos praga que ocorrem
na cultura da cana-de-açúcar é variável de acordo com a fenologia da planta e com a região,
podendo algumas delas desenvolverem populações que resultem consideráveis prejuízos aos
produtores. Entre essas pragas destacam-se as brocas comuns da cana-de-açúcar Diatraea spp.
(Lepidoptera: Crambidae) (MENDONÇA et al. 1996). No estado de Alagoas há duas espécies
D. saccharalis e D. flavipennella, com predominância dessa última (FREITAS et al. 2006;
ARAUJO JÚNIOR, 2008).
As lagartas de D. saccharalis (Fabricius, 1794) e D. flavipennella (Box, 1931), quando
atacam as canas novas, de até cerca de quatro meses de idade, causam a morte da gema apical,
provocando a morte da planta, apresentando o sintoma conhecido como “coração morto”. Em
cana adulta, além da morte da gema apical, ocorre brotação lateral, enraizamento aéreo, canas
quebradas e entrenós atrofiados (MENDONÇA et al. 1996).
Através dos orifícios deixados pelas lagartas penetram fungos, Fusarium moniliforme
Sheldon e/ ou Colletotrichum falcatum Went, os quais causam a podridão-vermelha,
responsável pela inversão da sacarose, diminuição da pureza do caldo e contaminação no
processo de fermentação alcoólica (PLANALSUCAR 1982, GALLO et al. 2002).
Com relação às medidas de controle, o emprego de inseticidas tem sido prática
ineficiente. A razão do insucesso dos inseticidas reside na presença simultânea de todos os
estágios de desenvolvimento da praga associados à presença de outras plantas hospedeiras, que
propiciam condições de sobrevivência para o inseto durante todo o ano (PLANALSUCAR,
1982). Além disso, o estágio larval de Diatraea spp. ocorre no interior da cana, de forma que
os inseticidas apenas eliminariam os inimigos naturais, elevando os custos de produção e
deixando resíduos ao meio ambiente (MACEDO; BOTELHO, 1986).

42

A broca é controlada biologicamente, procedendo-se as liberações massais dos
parasitoides Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae) (MENDONÇA et
al., 1996; MACEDO et al., 2010). Liberações de Trichogramma galloi (Zucchi, 1988)
(Hymenoptera: Trichogrammatidae) realizadas em áreas infestadas com ovos de D. saccharalis
em três semanas consecutivas, proporcionam níveis elevados de parasitismo (BROGLIOMICHELETTI et al. 2007).
Porém o controle biológico age a médio e longo prazo, exigindo investimentos
incompatíveis com a capacidade dos pequenos produtores. Mesmo para aqueles que dispõem
de infraestrutura para a produção de parasitoides em laboratórios, quando há necessidade de
reduzir drasticamente a população da praga em grandes áreas em curto prazo, visando diminuir
os prejuízos, o controle biológico pode ser lento para atingir o objetivo (MACEDO;
BOTELHO, 1986).
De acordo com Gallo et al. (2002) a partir do final do século XX, ocorreu uma mudança
na forma de controle de pragas, que deixou de ser feito exclusivamente por meio de aplicação
sistemática de produtos químicos. Como consequência surgiu o Manejo Integrado de Pragas
(MIP), sendo baseado em um somatório de tecnologia e em várias áreas.
Dessa forma, a comunidade cientifica passou a dar maior ênfase a trabalhos que
busquem obter medidas alternativas, dentre elas a resistência de plantas, podendo ser
constitutiva ou induzida (LARA, 1991). A nutrição da planta é um fator que deve ser levado
em consideração como ferramenta no manejo integrado de pragas, apresentando potencial para
redução do uso de agrotóxicos e de fertilizantes (FREITAS; JUNQUEIRA; SANTOS, 2013).
Segundo Chaboussou (1987) a nutrição adequada confere à planta ótimas condições
fisiológicas que podem aumentar sua capacidade de suportar o ataque e danos causados por
uma determinada praga. Tanto o excesso como a carência de nutrientes podem afetar o
equilíbrio da planta e comprometer sua resistência natural.
Portanto, o objetivo do trabalho foi de avaliar a influência de diferentes doses de
nitrogênio, fósforo e potássio aplicados a cultura da cana-de-açúcar em relação aos danos
causados pelo complexo broca-podridão à produtividade e seus danos a mencionada cultura.

43

3.2

MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido, em casa de vegetação (temperatura = 27,1 ± 2,52;

Umidade relativa % = 67,4 ± 19,6), de novembro de 2013 a novembro de 2014 na Unidade
Acadêmica Centro de Ciências Agrarias da Universidade Federal de Alagoas, Delza Gitaí, Rio
Largo, Alagoas (latitude 09° 40’ S, longitude 35° 42’W e 127,00 m de altitude). Foi utilizada a
cana-de-açúcar da variedade RB92579. O cultivo foi em vasos de polietileno de 11 litros, com
uma planta cada. O solo utilizado foi um latossolo amarelo coeso argissólico de textura
média/argilosa, retirado da camada arável [(0-20 cm) (Tabela 2)].
Tabela 2. Características químicas dos solos utilizados nos experimentos, antes da adubação com NPK. Rio
Largo-AL, 2014.
pH

Na

P
3

H 2O

Mg.dm

5,4

31

Ca
3

48

Al
3

mg dm

cmol.dm

4,5

0,7

H + Al
3

cmol.dm

SB
3

CTC
3

3

V

M

MO

cmol.dm

cmol.dm

cmol.dm

%

%

%

4,4

5,55

9,95

55,8

0,2

2,73

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com 3 doses
de N, P e K e três repetições, sendo que as doses utilizadas nos tratamentos em mg/dm³ foram
0, 45 e 90 de nitrogênio (sulfato de amônio – 21% de N); 0; 40 e 80 de fósforo (superfosfato
simples – 18% de P2O5); e 0; 50 e 100 de potássio (cloreto de potássio – 18% de KCl),
totalizando 81 parcelas (Tabela 3). As doses de nitrogênio foram parceladas, sendo 1/3 aplicado
no plantio e 2/3 em cobertura, 20 dias após a germinação. As doses de fósforo e potássio foram
aplicados de uma única vez, por ocasião do plantio.
Trezentos dias após o plantio, cada uma das plantas foi infestada com 15 lagartas recém
eclodidas de D. saccharalis cedidas pela Empresa FITOAGRO, sendo as mesmas colocadas na
bainha ou no limbo foliar. Aos 55 dias após a infestação, as plantas foram retiradas dos vasos
com o sistema radicular, sendo seus colmos abertos longitudinalmente, para quantificação do
número de internódios totais e do número de internóidios com danos característicos da podridão
vermelha.

44

Tabela 3. Tratamentos utilizados em experimento para avaliar dano de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar
cultivado sob diferentes níveis de nitrogênio, fósforo e potássio. Rio Largo-AL, 2014.
Tratamento

N

P2O5

K2O

mg/dm³
N0P0K0

0

0

0

N0P0K1

0

0

50

N0P0K2

0

0

100

N0P1K0

0

40

0

N0P1K1

0

40

50

N0P1K2

0

40

100

N0P2K0

0

80

0

N0P2K1

0

80

50

N0P2K2

0

80

100

N1P0K0

45

0

0

N1P0K1

45

0

50

N1P0K2

45

0

100

N1P1K0

45

40

0

N1P1K1

45

40

50

N1P1K2

45

40

100

N1P2K0

45

80

0

N1P2K1

45

80

50

N1P2K2

45

80

100

N2P0K0

90

0

0

N2P0K1

90

0

50

N2P0K2

90

0

100

N2P1K0

90

40

0

N2P1K1

90

40

50

N2P1K2

90

40

100

N2P2K0

90

80

0

N2P2K1

90

80

50

N2P2K2

90

80

100

45

Os parâmetros relacionados ao número total de entrenós e aqueles que se encontram
lesionados devido ao ataque da broca foram utilizados na fórmula de Intensidade de danos
(GALLO et al., 2002), dado pela fórmula: Intensidade de danos (%) =

𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑛ó𝑠 𝑑𝑎𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑛ó𝑠

x

100. Para determinação da fitomassa fresca, foram colocadas em saco de papel e pesados em
balança analítica. A determinação de nitrogênio nas plantas foi realizada segundo o método da
digestão sulfúrica, de fósforo e potássio pela digestão nitro-perclólica (MALAVOLTA; VITTI;
OLIVEIRA, 1997).
A atratividade e o consumo de fragmentos de colmo pela broca foram avaliados em
laboratório (Temperatura = 25 ± 2ºC, Umidade Relativa = 70 ± 10%, e fotófase de 12 horas),
utilizando as mesmas doses e repetições do trabalho realizado em casa de vegetação. Os insetos
utilizados nesses testes foram obtidos de uma criação de D. saccharalis da empresa Fitoagro –
Controle Biológico localizado em Maceió-AL, criadas em dieta artificial proposta por Hensley
e Hammond, (1968) modificada.
Para o teste com chance de escolha, seções do colmo de cana-de-açúcar sem a casca
foram dispostas em círculo de forma equidistante, em arenas de plástico (18 cm de diâmetros
por 8,5 cm de altura), forradas ao fundo com papel-filtro umedecido. Os colmos dispostos em
cada arena foram provenientes dos tratamentos avaliados em casa de vegetação. Pedaços de 5
g dos colmos foram retiradas do sexto ou quinto entrenó, contando a partir do solo. Nesses
pedaços, foi aberta uma pequena galeria na parte inferior, para facilitar a entrada da lagarta.
Foram liberadas 27 lagartas de 4º ínstar, na região central das arenas, que foram vedadas, com
pequenos orifícios feitos na parte superior para a entrada de ar. Utilizou-se o delineamento
inteiramente casualizado com três repetições.
A massa dos pedaços de colmo de cana-de-açúcar foi mensurado 48 horas após a
infestação. Após a última avaliação, as lagartas foram retiradas das arenas. O consumo foi
determinado pela diferença de peso entre alíquotas de material vegetal, sem infestação, e de
material obtido após a análise da infestação.
Para o teste sem chance de escolha, pedaços do colmos, com 5 g, dos mesmos
tratamentos utilizados no estudo em casa de vegetação foram acondicionados, isoladamente, no
interior de recipientes plásticos (50 mL), e infestados com duas lagartas de 4° instar de D.
saccharalis. Foram utilizadas três repetições, em que cada recipiente representou uma
repetição, em delineamento inteiramente casualizado. As avaliações de consumo seguiram a
mesma metodologia descrita para o teste com chance de escolha.

46

Todos os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as medias
comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância com auxílio do programa Assistat.
A normalidade dos resultados foi obtida utilizando-se o teste de Kolmorov-Smirnov.
3.3

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pela análise de variância verificou-se que não houve interação significativa entre as

doses de N x P x K e a ID% provocada pelo ataque de D. saccharalis. No entanto, houve
interação significativa entre as doses de N x K e a intensidade de danos, o mesmo foi constatado
para a interação entre P x K (Tabela 4). Bortoli et al. (2005) verificaram que o desbalanceamento
nutricional do sorgo Sorghum bicolor (L.) (Poaceae) possivelmente aumentou a incidência de
podridão vermelha na cultura citada.
Tabela 4. Resumo da análise de variância para ID % na variedade RB92579, em consequência das doses de
nitrogênio, fósforo e potássio. Rio Largo-AL, 2014.
Causas de variação

G.L.

F

Nitrogênio (N)

2

5,11 **

Fósforo (P)

2

2,50 ns

Potássio (K)

2

0,01 ns

NxP

4

0,58 ns

NxK

4

2,91 **

PxK

4

3,66 *

NxPxK

8

1,44 ns

Tratamentos

26

2,13 **

Resíduos

54

-----

C.V. (%)

----

57,60

**, * e ns – Significativo a 1% e a 5% de probabilidade e não significativo.

Os resultados indicam que, os maiores níveis de nitrogênio apresentam elevação nos
valores de ID%, sendo que o tratamento controle (26,19 ± 3,59) apresentou ID% inferior aos
demais, apontando, que o aumento da adubação nitrogenada incrementa os danos provocados
por D. saccharalis (Tabela 5). Os índices de intensidades de danos de 39,28 % e 43,76 %
obtidos nas adubações de 45 e 90 mg/dm³ de nitrogênio, respectivamente, podem ser
classificados como muito elevado. De acordo com Gallo et al. (2012), incidência de intensidade
de infestação é classificada de acordo com a seguinte escala: 0 – 5 %, baixa; 6 a 10 %,

47

moderada; 10 – 15 %, regular; 15 – 25 %, elevada; e, acima de 25 %, muito elevada. Vale
salientar que no presente trabalho foi verificada a intensidade de danos.
Tabela 5. Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de nitrogênio em tecido vegetal na variedade RB92579,
em consequência dos crescentes níveis de nitrogênio. Rio Largo-AL, 2014.
Níveis de N (mg/dm³)

Intensidade de danos (%)

Produção (g planta-¹)

N (dag/kg)

0

26,19 ± 3,59 b

461,55 ± 16,86

0,71 ± 0,13 c

45

39,28 ± 6,41 a

499,62 ± 17,02

0,84 ± 0,28 b

90

43,70 ± 7,84 a

496,37 ± 14,69

0,98 ± 0,18 a

C.V. (%)

57,60

19,20

27,70

Medias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Pannuti et al. (2013) estudando danos do complexo broca-podridão e sua relação com a
produtividade e à qualidade da cana-de-açúcar fertirrigada com doses crescente de nitrogênio
observaram que a irrigação nitrogenada aumenta a incidência de D. saccharalis e de podridão
vermelha, sendo que as doses mais elevadas de 150 e 200 t ha-1, apresentaram media 1,53 % e
2,61 %, respectivamente. Já Álvarez et al. (2014) trabalhando com doses de 0, 40, 80 e 120 kg
ha-1, concluíram que a adubação nitrogenada não influenciou o ataque da broca da cana-deaçúcar mesmo quando aplicada a dose máxima, porém os autores sugerem a falta de resposta,
possivelmente ao alto coeficiente de variação encontrado em seu trabalho.
Plantas cultivadas sob alta adubação nitrogenada apresentam alta concentração de
nitrogênio no colmo, o que torna a alimentação mais favorável ao inseto. Esta resposta positiva
da intensidade de danos de D. saccharalis a aplicação de nitrogênio é relatada na literatura
(BORTOLI et al. 2005; PANNUTI, 2012). As elevadas doses de nitrogênio permitem a
acumulação de aminoácidos livres nas células, o que favorece aos insetos (POLITO, 2006). O
acúmulo de nitrogênio solúvel ficou evidente nesse trabalho como demostra a Tabela 5, onde
são apresentadas as porcentagens de nitrogênio.
A Tabela 5 apresenta o efeito das doses de 0, 45 e 90 mg/dm³ de solo sobre a
produtividade. Os resultados indicam que não houve efeito significativo da aplicação de N sobre
a produtividade. Com relação a esse parâmetro deve-se observar o comportamento da cultura
nos anos subsequentes, já que segundo Marschner

(1995) o nitrogênio potencializa e

incrementa a síntese de proteínas e de ácidos nucléicos, promovendo um maior crescimento.
Inclusive, Silva et al. (2009) constataram que o rendimento da cana-de-açúcar sob adubações
de nitrogênio e potássio em cobertura foi afetada significativamente pela adubação com o nível
de 458 kg ha-1 (236 kg de N; 222 kg de K) apresentando os melhores resultados.

48

Vitti et al. (2007) analisando o efeito do nitrogênio residual na produtividade,
observaram que a fertilização nitrogenada em doses crescentes até 175 kg ha-1 resulta em
aumento linear na produtividade de colmos de segunda soca, sendo que esse efeito se estende
para a terceira soca. Vale salientar que nesse trabalho foi observado a produtividade de canade-açúcar de primeira folha.
Os dados de ID % como variável dependente das doses de P aplicadas, demostraram
que o nível de adubação fosfatada de 80 mg/dm³ (43,66 ± 4,89) proporcionou aumento
significativo, quando comparada com o nível 40 mg/dm³ e ao tratamento controle (Tabela 6).
Na mesma tabela encontra-se os resultados das análises químicas das plantas, observando-se
que o aumento significativo na quantidade de P no material vegetal a medida de aumenta o
nível de adubação. O uso de adubação fosfatada pode interferir no crescimento das culturas,
alterar os níveis de nutrientes na planta e interferir sobre o ataque de insetos (CARDOSO;
CIVIDANES; NATALE, 2002).
A aplicação de, P promoveu aumento na produtividade de colmos de cana-de-açúcar,
com o tratamento controle apresentando produção significativamente menor que os níveis de
40 e 80 mg/dm³ (Tabela 6). Cruz et al. (2009) analisando o efeito da adubação fosfatada em
duas variedades de cana-de-açúcar, perceberam efeito significativos sobre a adubação
fosfatada.
Tabela 6. Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de fósforo em tecido vegetal na variedade RB92579, em
consequência dos crescentes níveis de fósforo. Rio Largo-AL, 2014.
Níveis de P (mg/dm³)

Intensidade de danos (%)

Produção (g planta-¹)

P (dag/kg)

0

33,82 ± 5,71 b

438,51 ± 20,39 b

0,68 ± 0,27 c

40

31,74 ± 6,72 b

504,00 ± 21,32 a

0,90 ± 0,10 b

80

43,66 ± 4,89 a

515,03 ± 23,45 a

0,97 ± 0,29 a

C.V. (%)

53,40

18,57

25,88

Medias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

A aplicação de doses K não proporcionou significativa influência sobre a intensidade de
danos, como demostra a Tabela 7. Todavia vale a pena salientar que os valores encontrados de
ID% são classificados como muito alto, considerando valores propostos por Gallo et al. (2002).
Era de se esperar que a aplicação de K diminuísse de forma significativa os danos provocados
pelo referido inseto, já que o potássio é um elemento essencial ao desenvolvimento e
metabolismo das plantas, tendo participação ativa em processos de fundamental importância

49

como biossíntese, fosforilação e síntese de Adenosina Trifosfato (ATP), ativação enzimática e
síntese de proteínas.
Inclusive, resultados diferentes foram observados por Álvarez et al. (2012) que
avaliando a aplicação de doses de 0, 40, 80 e 120 kg ha-1 nas variedades RB-956911 e SP813250 em condições de campo, concluíram que a aplicação de potássio tende a diminuir o ataque
da broca da cana-de-açúcar. Em plantas mantidas em vasos e em casa de vegetação Bortoli et
al. (2005) trabalhando com doses de 0, 50, 100, 200 e 400 ppm de K, observaram que quanto
maior a dose, menor foi o dano causado pelas lagartas de D. saccharalis, apesar do referido
nutriente favorecer o desenvolvimento da mesma.

Tabela 7. Intensidade de danos (ID % ), produção e teor de potássio em tecido vegetal na variedade RB92579,
em consequência dos crescentes níveis de potássio. Rio Largo-AL, 2014.
Níveis de K (mg/dm³)

Intensidade de danos (%)

Produção (g planta-¹)

K (dag/kg)

0

36,97 ± 4,53

451,18 ± 35,69 b

0,82 ± 0,27 b

40

35,93 ± 5,42

483,92 ± 33,69 b

0,80 ± 0,15 b

80

36,32 ± 4,69

515,03 ± 28,47 a

0,91 ± 0,25 a

C.V. (%)

13,40

12,67

22,70

Medias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

A análise dos dados de produção evidenciou que um incremento na adubação potássica
aumenta o rendimento da cultura da cana-de-açúcar (Tabela 7). Esses resultados com relação
ao K vão de encontro com trabalho de Dalri e Cruz (2008) que analisando a produtividade da
cana-de-açúcar fertirrigada com N e K via gotejamento superficial concluíram que a aplicação
de 50 % da dose recomendada de nitrogênio e de potássio proporcionam incrementos
significativos a produtividade. Otto, Vitti e Luz (2010) também constataram que a medida de
que aumenta a dose de potássio, há aumento no crescimento e perfilhamento da cana-de-açúcar,
com esse aumento ocorrendo até a dose de 130 kg ha-1 de K, sendo que a partir desse ocorre
decréscimo. Nesse trabalho não foi observado decréscimo, com a produtividade máxima 522,44
g vaso-1, senso obtida na maior dose de K.
Considerando a interação entre a adubação nitrogenada e potássica, nota-se que somente
na ausência de potássio e nitrogênio (14,53 ± 17,39) houve diferença significativa, porém em
todas as outras interações houve tendência de aumento de ID% de D. saccharalis com aumento
das doses de nutrientes (Tabela 8). Este resultado deve-se, provavelmente as maiores
concentrações de N e K nas plantas adubadas, evidenciando que a adubação pode interferir nos
níveis de nutrientes na planta e como consequência, intervir de forma diferente sobre o ataque

50

de pragas. De acordo com Taiz e Zeiger (2004) a aplicação de nitrogênio e potássio
provavelmente retarda a maturação dos tecidos e diminuir a lignificação.

Tabela 8. Media (±EP) de ID% de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar, variedade RB92579 adubada com
diferentes doses de nitrogênio e potássio. Rio Largo-AL, 2014.
Níveis de K (mg/dm³)
Níveis de N (mg/dm³)

0

50

100

0

14,53 ± 17,39 bA

32,95 ± 16,97 aA

31,09 ± 21,50 aA

45

45,63 ± 23,79 aA

42,96 ± 27,50 aA

29,35 ± 32,98 aA

90

50,77 ± 18,02 aA

31,88 ± 21,45 aA

48,62 ± 23,59 aA

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si, pelo
teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Em relação às doses de P e K e suas interações, de maneira geral, os níveis de P0K100
(25,27 ± 21,52), P40K100 (26,09 ± 15,69) e P80K0 (27,94 ± 14,71) mg/dm³ resultaram em uma
menor intensidade de danos provocada pela broca comum da cana de açúcar, esses resultados
indicam que o manejo correto e adequado destes adubos é uma prática essencial para
manutenção do equilíbrio fisiológico da planta e para sua capacidade de defesa (Tabela 9).
Segundo Guazzelli et al. (2007) a saúde da planta está diretamente associada ao seu
metabolismo, sendo que não é qualquer planta que é atacada por pragas, mas apenas aquelas
que podem servir de alimento ao inseto, ou seja a nutrição adequada pode promover condições
favoráveis as plantas na disputa com insetos.
Tabela 9. Media (±EP) de ID% de D. saccharalis em cana-de-açúcar, variedade RB92579 adubada com diferentes
doses de fósforo e potássio. Rio Largo-Al, 2014.
Níveis de K (mg/dm³)
Níveis de P (mg/dm³)

0

50

100

0

41,95 ± 23,96 aA

34,24 ± 25,78 aA

25,27 ± 21,52 bA

40

41,03 ± 34,35 aA

28,09 ± 15,72 aA

26,09 ± 15,69 bA

80

27,94 ± 14,71 bA

45,47 ± 22,31 aA

57,70 ± 29,84 aA

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si, pelo teste
de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

No ensaio da atratividade com chance de escolha o consumo pela broca não foi
influenciado pela aplicação de N, P e K. Observou-se também que não ocorreu interação
significativa entre os níveis de adubações mencionadas, portanto a aplicação dos mesmos não

51

promoveu aumento do consumo pelas lagartas de quarto instar se comparada a testemunha. Os
mesmos resultados foram observados nas condições, onde as lagartas não tinham chance de
escolha (Tabela 10). Já Pannuti et al., (2013) avaliando a atratividade de fragmentos de colmos
por lagartas de quarto instar, em testes com chance e sem chance de escolha verificaram que as
doses de N aumentaram o consumo de fragmentos pelo inseto, inclusive com autores sugerindo
que a adubação nitrogenada aumenta a palatabilidade dos fragmentos de colmo às lagartas.
Tabela 10. Resumo da análise de variância para consumo de fragmentos na variedade RB92579 com chance de
escolha, em consequência das doses de nitrogênio, fósforo e potássio.
F
Causas de variação

G.L.

Com chance de escolha

Sem chance de escolha

Nitrogênio (N)

2

1,158 ns

0,048 ns

Fósforo (P)

2

0,688 ns

0,683 ns

Potássio (K)

2

0,901 ns

0,057 ns

NxP

4

1,999 ns

1,159 ns

NxK

4

3,930 ns

1,936 ns

PxK

4

0,513 ns

1,611 ns

NxPxK

8

0,806 ns

1,700 ns

Tratamentos

26

1,450 **

1,323 ns

Resíduos

54

----

----

C.V. (%)

----

46,67

31,07

**, * e ns – Significativo a 1% e a 5% de probabilidade e não significativo.

3.4

CONCLUSÃO
A adubação nitrogenada aumenta a ID% provocado pelo ataque de D. saccharalis na

cultura da cana-de-açúcar. Já com relação as adubações fosfatada e potássica, essas
promoveram ganho na produtividade sem que a ID% fosse afetada de forma significativa. A
adubação não afeta a atratividade dos fragmentos de colmo, nem tão pouco o consumo pela
lagarta.

52

REFERÊNCIAS

ALVAREZ, J.W.R. et al. Aplicación de potássio em variedades de caña de azúcar: efectos em
la productividad y em al ataque del taladrador de la caña. Investigación Agraria, Assunción,
v.14, n.2, p.93-100, 2012.

ALVAREZ, J.W.R. et al. Fertilización nitrogenada y su efecto en la productividad y el ataque
del taladrador de la caña en dos variedades de caña de azúcar. Investigación Agraria,
Assunción, v.16, n.2, p.1 – 10, 2014.

ARAUJO JÚNIOR, J.V. Avaliação de variedades RB (República do Brasil) em relação ao
ataque das principais pragas da cana-de-açúcar em Rio Largo, Estado de Alagoas. 2008.
86p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, 2008.

BORTOLI, S.A. et al. Aspectos biológicos e dano de Diatraea saccharalis (Fabr., 1794)
(Lepidoptera: Pyralidae) em sorgo cultivado sob diferentes doses de nitrogênio e potássio.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.29, n.2, p. 267-273, 2005.

BROGLIO-MICHELETTI, S.M.F. et al. Efeito do número de adultos de Trichogramma galloi
Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) liberados em semanas sucessivas, para o
controle de Diatraea saccharalis(Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae). Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.1, p.53-58, 2007.
CARDOSO, A.M.; CIVIDANES, F.J.; NATALE, W. Influência da adubação fosfatada –
potássica na ocorrência de pragas na cultura da soja. Neotropical Entomology, Londrina, v.31,
n.3, p.441-444, 2002.

CHABOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxico (a teoria da trofobiose). Porto
Alegre: L & PM, 1987, 234p.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira:
Cana-de-açúcar,

v.2,

n.1,

safra

2015-2016,

primeiro

levantamento,

abril,

53

2015.Disponívelem:http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_04_13_08_49_
33_boletim_cana_portugues_-_1o_lev_-_15-16.pdf. 2015.

CRUZ, S.J.S. et al. Efeito da adubação fosfata sobre o acúmulo de biomassa e teor de brix de
duas variedades de cana-de-açúcar. Revista agrícola, Mossoró, v.22, n.2, p. 110-116, 2009.

DALRI, A.B.; CRUZ, R.L. Produtividade da cana-de-açúcar fertirrigada com N e K via
gotejamento subsuperficial. Engenharia agrícola, Jaboticabal, v.28, n.3, p.516-524, 2008.

FREITAS, L.M.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SANTOS, M.C. Influência da adubação com
nitrogênio e silício no ataque de traça-das-crucíferas e na produção do repolho. Enciclopédia
biosfera, Centro Cientifico Conhecer, Goiana, v.9, n.17, p.1667-1684, 2013.

FREITAS, M.R.T. et al. The Predominance of Diatraea flavipennella (Lepidoptera:
Crambidae) in sugar canefilds in the State of, Alagoas, Brazil. Florida Entomologist, Florida,
v.89, n.4, p.539-540, 2006.

GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, v.10, 2002, 920p.

GUAZZELLI, M.J. et al. Aplicação da teoria da trofobiose no controle de pragas e doenças:
uma experiência na serra gaúcha. Agriculturas, Rio de Janeiro, v.4, n.1, p.16-19, 2007.

HENSLEY, S.D; HAMMOND, A.H. Laboratory techniques for rearing the sugar cane borer
on an artificial diet. Journal of Economic Entomology, v.61, n.6, p.1742-1743, 1968.

LARA, F.M. Princípios de resistência de plantas a insetos. 2ºed. São Paulo, Ícone, 1991.
336.p.

MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M. Aplicação do regulador de crescimento de insetos (IRG)
visando o controle de lagartas de Diatraea saccharalis(Fabricius, 1794). Brasil açucareiro,
v.104, p.30-35, 1986.

54

MACEDO, N. et al. Manejo de Pragas e Namatoides.In: SANTOS, F.; BORÉM, A.; CALDAS,
C. (Ed.). Cana-de-açúcar: Bioenergia, Açúcar e Álcool – Tecnologia e Perspectivas.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2010. p. 119-159.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional de plantas:
princípios e aplicações. 2° ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997. 319p.

MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. San Diego: Academic Press, 1995.
889p.

MENDONÇA, A.F. et al. As brocas da cana-de-açúcar, Diatraea spp. (Lepidoptera: Pyralidae).
In: MENDONÇA, A.F. (Ed.) Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Insetos & Cia, 1996. p.5182.

OTTO, R.; VITTI, G.C.; LUZ P.H.C. Manejo da adubação potássica na cultura da cana-deaçúcar. Revista Brasileira de Ciência do solo, Viçosa, v.34, p.1137-1145, 2010.

PANNUTI, L.E.R. Incidência de Diatraea saccharalis Fabr., 1794 (Lepidoptera:
Crambidae) e Mahanarva fimbriolata Stal, 1854 (Hemiptera: Cercopidae), produtividade
e qualidade tecnológica da cana-de-açúcar em função da irrigação e da fertilização
nitrogenada. 2012. 89p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Botucatu, SP, 2012.

PANNUTI, L.E.R. et al. Danos do complexo broca-podridão à produtividade e à qualidade da
cana-de-açúcar fertirrigada com doses de nitrogênio. Pesquisa agropecuária brasileira,
Brasília, v.48, n.4, p.381-387, 2013.

PLANALSUCAR.Guia das principais pragas da cana-de-açúcar no Brasil. Piracicaba:
Brasil, 1982, 28p.

POLITO, W.L. The trofobiose theory and organic agriculture: the active mobilization of
nutrientes and the use of rock poder as a toll for sustainability. Anais da Academia Brasileira
de Ciências, Rio de Janeiro, v.78, n.4, p.765-779, 2006.

55

SILVA, A.B. et al. Rendimento e qualidade da cana-de-açúcar irrigada sob adubações de
nitrogênio e potássio em cobertura. Caatinga, Mossoró, v.22, n.3, p.236-241, 2009.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal, 3º ed., Porto Alegre: Artmed, 2004, 719p.

VITTI, A.C. et al. Produtividade da cana-de-açúcar relacionada ao nitrogênio residual da
adubação e do sistema radicular. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.2, p.249256, 2007.

56

Silício como indutor de resistência a Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera:
Crambidae) na cultura da cana-de-açúcar.

RESUMO

Entre as estratégias de manejo integrado de pragas (MIP), a indução de resistência em plantas
é uma opção, sendo o silício um fator que pode aumentar o grau de resistência ao ataque de
pragas. Dessa forma com o objetivo de verificar o efeito de silício no manejo de Diatraea
saccharalis (Fabr. 1974) (Lepidoptera: Crambidae) em plantas de cana-de-açúcar Saccharum
spp., da variedade RB92579 foi realizado um ensaio em casa de vegetação, constando de seis
tratamentos, aplicados na forma de silicato de magnésio (10% de Si e 6% de Mg), nas dosagens
de 0, 1, 2, 3, 4 e 5 g/dm³, com oito repetições em delineamento inteiramente casualizado. No
laboratório de Ecologia e Comportamento de Artrópodes (LECOM)/CECA/UFAL, Rio LargoAL), foram avaliados o consumos com e sem chance de escolha das lagartas por colmos
provenientes de plantas adubadas com silicato de magnésio. A aplicação de silício em condições
de casa de vegetação, contribui para a redução da ID% provocado por D. saccharalis na cultura
da cana-de-açúcar, porém sem influenciar significativamente a produtividade. A adubação com
silício afeta o consumo dos fragmentos do colmo de cana-de-açúcar a broca comum tanto com
chance como sem de escolha em condições de laboratório.
Palavras-chave: Indução de resistência, Manejo integrado de pragas, Broca comum, Podridão
vermelha.

57

Silicon as inducer of resistance to Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera:
Crambidae) in sugarcane crop.

Summary

Among the strategies of integrated pest management (IPM), the induction of resistance in plants
is an option, being the silicon a factor that can increase the degree of resistance to the attack of
pests. This way with the aim to evaluate the effect of silicon in the management of Diatraea
saccharalis (Fabr. 1974) (Lepidoptera: Crambidae) in plants of sugar-cane Saccharum spp., of
the variety RB92579 was conducted a test in the Vegetation House, comprised of six
treatments, applied in the form of magnesium silicate (10% of Si and 6% of Mg), at doses of 0,
1, 2, 3, 4 and 5 g/dm³, with eight repetitions in a completely randomized design. In the
laboratory of Ecology and behavior of arthropods (LECOM)/CECA/UFAL, Rio Largo-AL),
were evaluated the consumptions and no choice of caterpillars per stalks from plants fertilized
with magnesium silicate. The application of silicon in conditions of the Vegetation House,
contributes to the reduction of the ID% caused by D. saccharalis in the culture of sugar cane,
however without significantly influence the productivity. The fertilization with silicon in
laboratory affects the consumption of the fragments of the culm of sugar-cane drill common to
both chance as without choice in laboratory conditions.
Keywords: Induction of resistance, integrated pest management, Borer Sugar, Red rot.

58

4.1

INTRODUÇÃO

A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) (Poaceae) é uma planta acumuladora de silício (Si),
que apresenta grande capacidade de acúmulo em seus tecidos, onde o teor do elemento pode se
igualar ou até exceder os teores de macronutrientes. Em um sistema de cultivo intensivo visando
alta produtividade, se faz necessária uma adubação adequada, sendo que os fertilizantes
silicatados, além de fornecer nutrientes, podem trazer benefícios como aumento da resistência
da cultura a pragas (MARAFON; ENDRES, 2011).
O silício atua na planta, aumentando a rigidez do tecido, promovendo barreira mecânica
contra insetos-praga, contribuindo significativamente na redução dos danos ocasionados e na
atividade alimentar dos artrópodes (LAING; GATARAYIHA; ADANDONON, 2006). A
proteção conferida às plantas pelo silício pode ser decorrente do seu acúmulo e polimerização
de silicatados nas células epidérmicas, logo abaixo da cutícula, formando uma barreira
mecânica (KORNDÖRFER et al., 2004).
Vilela et al. (2014) através de microscopia eletrônica de varredura revelaram que as
superfícies foliares de plantas tratadas com silício apresentavam cristais que cobriam
parcialmente os estômatos das folhas, além de apresentarem cutícula espessada, evidenciada
através do aspecto opaco e esbranquiçado das folhas (Figura 9), o que sugere que o silício pode
contribuir de forma significativa na redução dos danos ocasionados e na atividade alimentar de
artrópodes.
A broca da cana-de-açúcar Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera:
Crambidae) é uma praga que perfura a cana nova causando a morte da gema apical “coração
morto”. Em cana adulta, perfuram o colmo provocam morte da gema apical, brotação lateral,
enraizamento aéreo, atrofia de entrenós e canas quebradas, além do complexo broca podridões
causar sérias perdas agroindústrias (MENDONÇA et al., 1996; GALLO et al., 2002), devido a
penetração dos fungos Fusarium moniliforme Sheldon e/ ou Colletotrichum falcatum Went, nas
galerias abertas pela broca, que determina a inversão da sacarose e diminuição da pureza do
caldo (MACEDO et al., 2010).

59

Figura 9. Microscopia eletrônica de varredura das folhas de cultivares de cana-de-açúcar RB72454 (A e B) e
SP80801842 (C e D) com (B e D) ou sem (A e C) tratamento de ácido silícico, a uma concentração de 4 t.ha-1.

Fonte: (VILELA et. al., 2014).

O controle desta praga é difícil uma vez que o estágio larval de Diatraea spp. ocorre no
interior do colmo da cana, de forma que os inseticidas apenas eliminariam os inimigos naturais,
elevando os custos de produção e deixando resíduos ao meio ambiente (MACEDO;
BOTELHO, 1986). Devido a isso, maior importância tem sido dada as medidas de controles
alternativas, como biológico e resistência de plantas (LARA, 1991).
Alguns métodos podem ser utilizados para controle as Diatreaea como, por exemplo, o
parasitoide de lagartas Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae), controle
químico com inseticida, controle cultural, entre outros (MENDONÇA, et al., 1996; GALLO et
al., 2002). Além disso, Araujo Júnior (2008) relatou que cultivares de cana-de-açúcar se
comportaram diferente quando atacada por D. saccharalis e que as variedades RB92579,
RB867515, RB93509 e RB863129 sofreram menos com o ataque da broca.
A necessidade da racionalização da utilização de insumos agrícolas e de sustentação de
patamares cada vez mais competitivos tem levado os agricultores a adoção de novas tecnologias
e novos insumos cada vez mais eficazes. Dessa forma o silício pode ser uma ferramenta no
Manejo Integrado de Pragas (MIP), já que vários autores vêm encontrando resultados
satisfatório para Si como indutor de resistência de pragas em várias culturas.

60

Neri, Moraes, Gavino (2005) estudando a interação silício com inseticida regulador de
crescimento no manejo da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (Smith, 1797)
(Lepidoptera: Noctuidae) em milho (Zea mays L.) (Poaceae) verificaram que essa interação é
positiva, com possibilidades de redução de 50% da dose do inseticida.
Vilela et al., (2014) em estudo de resistência induzida a D. saccharalis via aplicação de
silício em cana-de-açúcar verificaram que a variedade SP801842, a qual é considerada
susceptível a praga em questão, apresentou uma intensidade de danos similar à de uma cultivar
de resistência moderada.
Assim sendo, devido à dificuldade de controle de D. saccharalis e a capacidade do
silício ser usado como uma barreira mecânica aos herbívoros, esse trabalho teve como objetivo
de testar diferentes doses de silício, afim de verificar, seus efeitos sobre a intensidade de danos
(ID%) da broca da cana-de-açúcar na variedade RB92579.
4.2

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido, em casa de vegetação (Temperatura = 29,06 ± 3,05;
Umidade relativa % = 50,15 ± 23,28) de dezembro de 2014 a dezembro de 2015 na Unidade
Acadêmica Centro de Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
Campos Delza Gitaí, Rio Largo, Alagoas (latitude 09° 40’ S, longitude 35° 42’ W e 127,00 m
de altitude), sendo a cana-de-açúcar da variedade RB92579, cultivado em vasos com
capacidade para oito litros, em casa de vegetação. O solo utilizado foi latossolo amarelo coeso
argissólico de textura média/argilosa, retirado da camada arável (0-20 cm) (Tabela 11). As
mudas foram produzidas assexuadamente por toletes com uma gema e plantadas em copo de
500 mL sendo que logo após a brotação as mudas foram transferidas para os vasos (Figura 10).

Tabela 11. Características químicas dos solos utilizados nos experimentos, antes da adubação com NPK e silício.
pH

Na

P

Ca

Al

H + Al

SB

CTC

V

M

MO

H 2O

Mg.dm3

mg dm3

cmol.dm3

cmol.dm3

cmol.dm3

cmol.dm3

cmol.dm3

%

%

%

5,8

167

114

8,2

0,02

4,4

9,95

9,97

62,8

0,2

5,51

O experimento utilizou o delineamento inteiramente casualizado com oito repetições e
tratamentos constituídos por variações nas doses de silício, aplicados na forma de silicato de
magnésio (10% de Si e 6% de Mg), nas dosagens de 1, 2, 3, 4 e 5 g/dm³, aplicados 60 dias após

61

a brotação, além da testemunha, a qual não apresentava silicato de magnésio na constituição.
Cada parcela foi constituída de uma planta por vaso.

Figura 10. (A) Mudas sendo preparadas em copos de 500 mL (B) Mudas já transplantadas em vasos de 8 L em
casa de vegetação.

A

B

Foto: Autor.

Aplicou-se na adubação nitrogênio (sulfato de amônio – 21% de N), fósforo
(superfosfato simples – 18% P2O5) e potássio (cloreto de potássio – 60% de K2O). A dosagem
utilizada em todos os tratamentos em mg/dm³ foi de 90 de N; 80 de P2O5, e 100 de K2O. As
doses de nitrogênio foram parceladas, sendo 1/3 aplicado no plantio e 2/3 em cobertura, 20 dias
após a germinação. As doses de fósforo e potássio foram aplicados de uma única vez, por
ocasião do plantio.
Aos 180 dias após o plantio, cada uma das plantas foi infestada com 15 lagartas de D.
saccharalis recém eclodidas fornecidas de criação da empresa Fitoagro – Controle Biológico.
As lagartas foram colocadas na bainha ou no limbo foliar da folha +1. Aos 30 dias após a
infestação, as plantas foram cortadas com tesoura de poda ao nível do solo e transferidas para
o laboratório para contagem do número de entrenós, comprimento do colmo até a última bainha
visível, abertura longitudinal do colmo para quantificação do número de internódios totais e
brocados e o complexo broca podridão (Figura 11).

62

Figura 11. (A) Infestação de Diatraea saccharalis em cana-de-açúcar variedade RB92579; (B) Cana-de-açúcar
aberta longitudinalmente para verificação da ID(%).

A

B

Foto: Autor.

Os parâmetros relacionados ao número total de entrenós e aqueles que se encontram
lesionados devido ao ataque da broca foram utilizados na fórmula de Intensidade de Danos
(GALLO et al., 2002), dado pela fórmula: Intensidade de Danos (%) =

𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑛ó𝑠 𝑑𝑎𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑛ó𝑠

x

100. Foram realizadas aferições de altura e diâmetro e fitomassa fresca, sendo a altura medida
com uma trena e o diâmetro com um paquímetro. Para determinação da fitomassa fresca, foram
colocados os pedaços dos colmos em saco de papel e pesados em balança analítica.
A atratividade e o consumo de fragmentos de colmo pela broca foram avaliados no
laboratório de Ecologia e Comportamento de Artrópodes (LECOM)/CECA/UFAL
(temperatura = 25 ± 2ºC, Umidade relativa = 70 ± 10%, e fotófase de 12 horas). Para a
realização dos testes em laboratório mudas foram cultivadas em forma de toletes com uma gema
por vaso de cinco litros, sendo aplicados os mesmos tratamentos e adubação descritos
anteriormente para o experimento em casa de vegetação.
Para o teste com chance de escolha, pedaços de 5 g dos colmos sem a casca foram
retiradas dos últimos entrenós, contando a partir do solo. Nesses pedaços, foram aberto uma
pequena galeria na parte inferior, com intuito de facilitar o consumo da lagarta e dispostos em
círculo de forma equidistante, em arenas de plástico (7,7 cm de diâmetros por 6 cm de altura),
forradas ao fundo com papel-filtro umedecido (Figura 12).

63

Figura 12. Teste com chance de escolha: (A) Pesagem de fragmentos de cana-de-açúcar em balança analítica; (B)
Fragmentos de cana-de-açúcar dispostos equidistantes na arena.

A

B

Foto: Autor.

Foram liberadas doze lagartas de 4º instar, na região central das arenas. As arenas foram
vedadas, com pequenos orifícios feitos na parte superior para a entrada de ar. Foram realizadas
oito repetições em delineamento inteiramente casualizado, representadas por uma arena cada.
O número de lagartas nos tratamentos foi quantificado 24 e 48 horas após a infestação. Após a
última avaliação, as lagartas foram retiradas das arenas. O consumo foi determinado pela
diferença de peso entre alíquotas de material vegetal, sem infestação, e de material obtido após
a análise da infestação.
Para o teste sem chance de escolha, pedaços do colmos, com 5 g, dos mesmos
tratamentos utilizados em casa de vegetação foram acondicionados, isoladamente, no interior
de recipientes plástico (50 mL), e infestados com duas lagartas de 4° instar de D. saccharalis.
Foram utilizadas oito repetições, sendo cada recipiente representando uma repetição, em
delineamento inteiramente casualizado. As avaliações de consumo seguiram a mesma
metodologia descrito para o teste com chance de escolha (Figura 13).

64

Figura 13. Teste sem chance de escolha: (A) Lagartas de Diatraea saccharalis alimentando-se de fragmento de
cana-de-açúcar; (B) Arena em estufa com fotoperíodo e termoperíodo controlados.

A

B

Foto: Autor.

Todos os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as medias
comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância com auxílio do programa Assistat.
Foi realizada análise de regressão, para relacionar as doses de silício com a Intensidade de
Danos%. A normalidade dos resultados foi avaliada pelo teste de Kolmorov-Smirnov.

4.3

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Intensidade de Danos de D. saccharalis na cultura da cana-de-açúcar apresentou
diferença significativa entre os tratamentos em função das concentrações de silício aplicadas,
sendo que o tratamento controle (46,40 ± 26,52) e o nível de 1 g dm³ de Si (34,70 ± 34,71)
apresentaram ID% superior as demais (Tabela 12), o que pode estar relacionado ao seu acumulo
e polimerização de silício na parede celular, aumentando a rigidez e inibindo a alimentação nas
plantas, já que as plantas que receberam os maiores níveis de adubação apresentaram os
menores valores de ID(%). Vilela et al. (2014) também verificaram diferenças significativas
para colmos brocados, com o maior número de orifícios sendo encontrado na variedade
SP801842 (susceptível) sem aplicação de Si. Por outro lado, Camargo et al. (2010) concluíram
que não existe relação entre a absorção de Si e a infestação de D. saccharalis em variedades
de cana-de-açúcar, apenas ocorrendo redução de infestação de D. saccharalis com o aumento
no teor de fibra das cultivares

65

Tabela 12. Valores (±EP) de ID% de Diatraea saccharalis em colmos de cana-de-açúcar da variedade RB92579
tratados com diferentes doses de Si. Rio Largo-AL, 2015.

Doses de Si (g/dm³)

ID (%)

0

46,40 ± 26,52 a

1

34,70 ± 34,71 a

2

21,83 ± 17,90 b

3

11,29 ± 17,02 b

4

9,93 ± 9,67 b

5

13,37 ± 10,16 b

CV (%)

92,96

Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

As maiores doses de silício apresentaram redução significativa nos danos provocados
pela broca da cana-de-açúcar, chegando a ser observado redução de 78,6 % no dano quando
comparada a dose de 4 g/dm³ com a testemunha. Keeping e Meyer (2000) estudando o aumento
da resistência da cana-de-açúcar a Eldana Saccharina Walker (Lepidoptera: Pyralidae) através
da aplicação de silicato de cálcio, observaram que as plantas tratadas com silício reduziram
significativamente os danos produzidos pela broca e o número de entrenós brocados, além de
verificarem que variedades suscetíveis tiveram maior benefício do tratamento com silício.
Entre os benefícios proporcionados pela aplicação de silício está a influência positiva
no crescimento e desenvolvimento das plantas. Contudo, favorecimentos significativos não
foram observados na produtividade dos colmos de cana-de-açúcar tratados com diferentes doses
de Silício (Tabela 13). Resultados opostos foram encontrados por Demattê et al. (2011) que
mencionam que tanto em cana planta como em soqueira a ação da adubação do silicato tem
sido positiva quanto a produtividade, porém os mesmos sugerem que esse aumento na produção
deve ser a atribuída ao efeito corretivo no solo do que propriamente a ação do silício.
Camargo et al. (2010) estudando absorção de Si, produtividade e incidência da broca
comum, verificaram que a produtividade média das cultivares trabalhadas foi superior a 100 t
ha-1, com os mesmos considerando esse resultado satisfatório para o ambiente de produção e o
solo utilizado. Korndörfer, Pereira, Camargo (2002) mencionam que a adubação com Si pode
aumentar a produtividade da cana-de-açúcar em consequência da maior eficiência
fotossintética, resistência ao ataque de pragas e doenças e a maior tolerância a falta de água,
sugerindo até que o Si deveria ser incluído na adubação da cultura para garantir a
sustentabilidade da produção agrícola.

66

Tabela 13. Produtividade (±EP) em colmos de cana-de-açúcar da variedade RB92579 tratados com diferentes
doses de Si. Rio Largo-AL, 2015.
Doses de Si

Produção

Altura (cm)

Diâmetro (cm)

Nº de entrenós

-1

(g/dm³)

(g vaso )

0

93,76 ± 33,67 a

45,00 ± 22,68 a

2,61 ± 1,82 a

9,00 ± 4,53 a

1

131,22 ± 27,31 a

46,87 ± 19,63 a

0,80 ± 0,80 a

9,37 ± 3,92 a

2

102,67 ± 39,68 a

36,87 ± 21,03 a

3,03 ± 1,67 a

7,37 ± 4,20 a

3

104,20 ± 37,34 a

40,62 ± 23,82 a

2,01 ± 0,97 a

8,12 ± 4,76 a

4

119,21 ± 45,92 a

48,75 ± 24,02 a

2,31 ± 1,02 a

9,75 ± 4,80 a

5

131,32 ± 24,56 a

66,87 ± 16,46 a

1,90 ± 0,66 a

13,37 ± 3,29 a

Média

113,73

47,5

2,43

9,5

CV (%)

31,21

35,14

31,05

45,13

Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

O consumo em gramas em cada fragmento de colmo, no ensaio da atratividade com
chance de escolha, se correlacionou negativamente com às doses de Si (R² = -0,74), apenas 48
horas após a exposição dos fragmentos as lagartas de D. saccharalis. Através dessa análise,
observa-se que o consumo de fragmentos pela lagarta diminuiu a partir da dose de 2 g/dm³ de
Si. O consumo dos fragmentos de plantas originários da testemunha foi cerca de 2,76 maior que
o consumo dos fragmentos provenientes de plantas tratadas com 4 g/dm³ de Si (Tabela 14).
No ensaio sem chance de escolha, o consumo diminuiu 48 horas após o início do
experimento e no maior nível de adubação 5 g/dm³ de Si (0,29 ± 0,22), sendo esse consumo
aproximadamente 2 vezes menor que nos fragmentos provenientes de plantas adubadas com 1
g/dm³ de Si (0,55 ± 0,10). Já a correlação se mostrou negativa (R² = - 0,50). Dessa forma, o
consumo de fragmentos de colmos por lagartas de quarto instar de D. saccharalis diminuir de
formar linear negativa com as doses de Si, para os dois ensaios realizados (Tabela 14)
Esses resultados sugerem que a adubação com Si diminui a palatabilidade dos
fragmentos de colmos de cana-de-açúcar às lagartas de D. saccharalis, já que Montes, Montes
e Raga (2015) mencionam que o aumento da resistência das plantas aos herbívoros pode ser
causado pela redução da digestibilidade e/ou aumento da dureza dos tecidos das plantas, devido
a deposição de sílica nas células da epiderme, sendo que constantemente vem sendo
mencionada a interação entre fontes de silicato e a broca comum da cana-de-açúcar.

67

Tabela 14. Média (±EP) do consumo de fragmentos de cana-de-açúcar na variedade RB92579, no ensaio com
chance de escolha e sem chance de escolha, em consequência das doses de silício.
Doses de Si (g/dm³)

Consumo (g)
Com chance de escolha

Sem chance de escolha

24 horas

48 horas

24 horas

48 horas

0

0,20 ± 0,13 a

0,47 ± 0,34 a

0,28 ± 0,04 a

0,44 ± 0,05 a

1

0,20 ± 0,02 a

0,35 ± 0,09 a

0,33 ± 0,06 a

0,55 ± 0,10 a

2

0,12 ± 0,02 a

0,21 ± 0,01 b

0,26 ± 0,01 a

0,43 ± 0,03 a

3

0,11 ± 0,02 a

0,19 ± 0,01 b

0,30 ± 0,02 a

0,51 ± 0,10 a

4

0,13 ± 0,09 a

0,17 ± 0,10 b

0,30 ± 0,16 a

0,49 ± 0,21 a

5

0,14 ± 0,03 a

0,26 ± 0,06 b

0,19 ± 0,18 a

0,29 ± 0,22 b

C.V. (%)

44,66

55,46

36,58

30,72

F

1,78 ns

3,25*

1,30 ns

2,57*

R²

- 0,69

- 0,74

- 0,55

- 0,50

Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

4.4

CONCLUSÃO

A aplicação de silício em condições de casa de vegetação, contribui para a redução da
ID% provocado por D. saccharalis na cultura da cana-de-açúcar. O fornecimento de silício não
influencia a produtividade. A adubação silicatada reduz o consumo de fragmentos do colmo em
condições de laboratório.

68

REFERÊNCIAS

ARAUJO JÚNIOR, J.V. Avaliação de variedades RB (República do Brasil) em relação ao
ataque das principais pragas da cana-de-açúcar em Rio Largo, Estado de Alagoas. 2008.
86p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, 2008.
CAMARGO, M.S. et al. Absorção de silício, produtividade e incidência de diatraea saccharalis
em cultivares de cana-de-açúcar. Bragantia, Campinas, v. 69, n. 4, p937-944, 2010
DEMATTÊ,J.L.L. et al. Uso de silicatos em cana-de-açúcar. Informações Agronômicas,
Piracicaba, n.133, p.7-12, 2011.
GALLO, D. et al. Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, v.10, 2002, 920p.
KEEPING, M. G.; MEYER, J. H. Increased resistance of sugarcane to Eldana saccharina
Walker (Lepidoptera: Pyralidae) with calcium silicate application. Proceedings of the Annual
Congress South African Sugar Technologists Association, n. 74, p. 221‐222, 2000.
KORNDÖRFER, G. H.; PEREIRA, H. S.; CAMARGO, M. S. Papel do silício na produção de
cana-de-açúcar. STAB, Piracicaba, v. 21, n. 2, p. 34-37, dez. 2002.
KORNDÖRFER, G.H.; PEREIRA, H.S.; CAMARGO, M.S. Silicatos de cálcio e magnésio
na agricultura. 3º ed. Uberlândia: GPSi, 2004. 23p.
LAING, M.D.; GATARAYIHA, M.C.; ADANDONON, A. Silicon use for pest control in
agriculture: a review. Proceedings Suoth African Sugar Technologists Association, v.80,
p.278-286, 2006.
LARA, F.M. Princípios de resistência de plantas a insetos. 2ºed. São Paulo, Ícone, 1991.
336.p
MACEDO, N.; BOTELHO, P.S.M. Aplicação do regulador de crescimento de insetos (IRG)
visando o controle de lagartas de Diatraea saccharalis(Fabricius, 1794). Brasil açucareiro,
v.104, p.30-35, 1986.

69

MACEDO, N. et al. Manejo de Pragas e Namatoides. In: SANTOS, F.; BORÉM, A.; CALDAS,
C. (Ed.). Cana-de-açúcar: Bioenergia, Açúcar e Álcool – Tecnologia e Perspectivas.
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2010. p. 119-159.
MARAFON, A.C.; ENDRES, L. A. Adubação silicatada em cana-de-açúcar. Aracaju: Embrapa
Tabuleiros Costeiros, 2011. 46p., ISSN 1517-1329.
MENDONÇA, A.F. et al. As brocas da cana-de-açúcar, Diatraea spp. (Lepidoptera: Pyralidae).
In: MENDONÇA, A.F. (Ed.) Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Insetos & Cia, 1996. p.5182.

MONTES, R.M.; MONTES, S.M.N.M.; RAGA, A. O uso do silício no manejo de pragas. São
Paulo: Instituto Biológico, 2015. 13p. ISSN 1983-134X.
NERI, D.K.P.; MARAES, J.C.; GAVINO, M.A. Interação silício com inseticida regulador de
crescimento no manejo da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797)
(Lepidoptera: Noctuidae) em milho. Ciênc. Agrotec., Lavras, v.29, n.6, p.1167-1174, 2005.
VILELA, M. et al. Induced resistance to Diatraea saccharalis (Lepidoptera: Crambidae) via
silicone application in sugarcane. Revista Colombiana de Entomologia, v.40, n.1, p.44-48,
2014.

70

Efeito do fungo Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales:
Clavicipitaceae) sobre formas jovens de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794)
(Lepidoptera: Crambidae)

RESUMO

O fungo Meterhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) se
caracteriza por atacar um grande número de espécies de insetos. Amplamente distribuído na
natureza, pode ser encontrado facilmente em áreas de cultivo da cana-de-açúcar, onde sobrevive
por longos períodos. É patogênico à broca da cana-de-açúcar Diatraea saccharalis (Fabricius),
que é considerada como uma das principais pragas que atingem esta cultura. Dessa forma, o
objetivo deste trabalho foi testar o isolado (Instituto Biológico) IBCB 425 do fungo M.
anisopliae sobre ovos, lagartas e pupas de D. saccharalis, em condições de laboratório. Para
isso ovos e lagartas de D. saccharalis foram pulverizados com de 0,5 x 107; 1 x 107; 1,5 x 107
e 2,0 x 107 conídios g-1 e organizados em delineamento inteiramente casualizado. Para cada
tratamento foram utilizadas 10 repetições e as avaliações foram realizadas diariamente por um
período de 15 dias. Para verificar o efeito do fungo sobre ovos da broca, posturas de 24, 48 e
72 horas de idade foram pulverizadas com as mesmas concentrações utilizadas no experimento
da fase larval. As médias relacionadas aos dados obtidos nos testes de patogenicidade, foram
submetidas à analise de variância (ANOVA) e comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5%. De
uma maneira geral o fungo apresenta atividade patogênica a D. saccharalis nas concentrações
de 1,0 x 107, 1,5 x 107e 2,0 x 107 conídeos g-1, já que demostraram resultados significativos as
formas imaturas da broca, o que evidencia que esse fungo poderá ser utilizado no Manejo
Integrado de D. saccharalis.

Palavras-chave: Controle biológico, Cana-de-açúcar, Fungo entomopagênico, Manejo integrado
de pragas.

71

Effect of the fungus Meterhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales:
Clavicipitaceae) on immature forms Diatraea saccharalis (Fabricius, 1974) (Lepidoptera:
Crambidae)

ABSTRACT

The fungus Meterhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae) is
characterized by attacking a large number of species of insects. Widely distributed in nature,
can be easily found in areas of the sugar cane cultivation, where survive for long periods, being
a pathogenic to drill bit of sugar-cane Diatraea saccharalis (Fabricius), which is regarded as
one of the main pests that affect this culture. Thus, the objective of this work was to evaluate
the effect of isolate IBCB 425 the fungus M. Anisopliae on eggs, larvae and pupae
of D. Saccharalis, in

laboratory

conditions.

For

this

reason

eggs

and

caterpillars Saccharalis were sprayed with 0.5 x 107; 1 x 107; 1.5 x 107 and 2.0 x 107 conidia
g-1 and arranged in a completely randomized design. For each treatment were used 10
repitições and the evaluations were performed daily for a period of 15 days. To verify the effect
of the fungus on eggs of the drill, postures of 24, 48 and 72 hours of age were sprayed with the
same concentrations used in the experiment of the larval phase. The averages related to data
obtained in tests of pathogenicity, were submitted to analysis of variance (ANOVA) and
compared by the Scott-Knott test at 5%. In a general way the fungus presents pathogenic
activity the D. Saccharalis in concentrations of 1.0 x 107; 1.5 x 107 and 2.0 x 107 conidia g-1,
already who demonstrated significant results the immature forms of the drill, which reveals that
this fungus have the potential to be used in the Integrated Management of D. Saccharalis.

Keywords: biological control, Sugar cane, Fungus entomopagênico, Integrated pest management.

72

5.1

INTRODUÇÃO

Aproximadamente 85 espécies de insetos estão assinaladas como causadores de danos
à lavoura de cana-de-açúcar canavieira no Brasil. Dentre estas, a broca comum, Diatraea spp.
(Lepidoptera: Crambidae) é uma das mais importantes. As lagartas de D. saccharalis
(Fabricius) e D. flavipennella (Box), quando atacam as canas novas, causam os conhecidos
“corações mortos”. Em cana adulta, ocorre perda de peso, brotação lateral, quebra e
atrofiamento de entrenós (MENDONÇA et al. 1996; MACEDO et al. 2010).
Estes mesmos autores mencionam que a penetração de fungos Fusarium moniliforme
Sheldon e/ ou Colletotrichum falcatum Went nas galerias abertas pela broca ocasiona podridão
vermelha, que determina a inversão da sacarose, diminuição da pureza do caldo, aumento de
gomas e contaminantes, reduzindo o rendimento industrial. Dinardo-Miranda et al. (2013)
estudando a reação de cultivares de cana-de-açúcar à broca do colmo, perceberam que em
média, para as cultivares estudadas, a infestação da broca reduz a produtividade em cerca de
10%.
O controle biológico tem sido utilizado como base do manejo integrado da broca da
cana, através principalmente da criação e liberação de parasitoides larvais, com destaque para
a Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera: Braconidae). Este tem sido utilizado para
conter ou minimizar os danos causados pelo complexo das espécies de Diatraea existentes na
America do Sul (MENDONÇA et al.1996).
No entanto, o aumento na produção dos parasitoides C. flavipes não tem conseguido
acompanhar o aumento da expansão da cultura da cana-de-açúcar no Brasil (ZAPPELINI et al.
2010). Outras medidas de controle da broca comum podem ser adotadas, sendo em geral
utilizada o Manejo Integrado de Pragas (SOUZA et al. 2014). Nesse contexto a utilização de
fungos entomopatogênicos pode ser uma alternativa para incrementar o manejo das espécies de
Diatraea spp. (VALENTE, et al. 2014).
Os fungos são patógenos de largo espectro e podem infectar diferentes estágios de
desenvolvimento dos hospedeiros. Atuam basicamente por contato, especialização na
penetração via tegumento, o que os colocam em vantagem quando comparados com outros
grupos de patógenos que só invadem o inseto por via oral e até mesmo em relação aos
parasitoides e predadores (ALVES, LOPES, LEITE, 2005).
O fungo Meterhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin (Hypocreales: Clavicipitaceae)
se caracteriza por atacar um grande número de espécies de insetos. Amplamente distribuído na

73

natureza, pode ser encontrado facilmente em áreas de cultivo da cana-de-açúcar, onde sobrevive
por longos períodos (ALVES, LOPES, LEITE, 2005). Estudos com isolados de M. anisopliae
demostram patogenicidade a ovos e larvas de D. saccharalis (ZAPPELINI et al. 2010;
VALENTE et al. 2014).
Hayashida et al. (2014) trabalhando com isolados de M. anisoplia para o controle de D.
saccharalis perceberam que o fungo causou mortalidade de lagartas e pupas, concluindo que
os isolados trabalhados pelos autores podem ser utilizados para o controle de D. saccharalis, o
que contribuiria para o manejo integrado da praga. Assim, Zappelini et al. (2010) destacam que
a utilização de fungos entomopatogênicos, incrementará o controle biológico da broca da canade-açúcar, contribuindo para baixo uso de agrotóxicos para o controle de D. saccharalis.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo testar isolado do Instituto
Biológico IBCB 425 do fungo M. anisopliae sobre ovos, lagartas e pupas de D. saccharalis, em
condições de laboratório.

5.2

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido no Laboratório de Ecologia e Comportamento de Artrópodes
(LECOM)/CECA/UFAL. Os ovos e lagartas de D. saccharalis utilizados nos experimentos
foram cedidos de uma criação de D. saccharalis da empresa Fitoagro – Controle Biológico,
localizada em Maceió, criadas em dieta artificial proposta por Hensley e Hammond, (1968)
modificada. A dieta foi constituída basicamente de farelo de soja, germe de trigo, açúcares, sais
de Wesson, ácido ascórbico, solução vitamínica e antibióticos.
O isolado IBCB 425 de M. anisopliae foi proveniente da empresa Fitoagro – Controle
Biológico, localizada em Maceió. O fungo foi produzido em arroz com concentração de 1,4 x
109 conídios g-1, o qual foi mensurado mediante a quantificação em câmara de Neubauer com
auxílio de um microscópico óptico. A viabilidade foi determinada através da contagem de
conídios germinados e não germinados em microscópio óptico, 24 horas após o plaqueamento
de 0,1 mL da suspensão em BDA + A.
Posteriormente as concentrações foram padronizadas mediante a adição de água mais
espalhante adesivo Tween® a 0,01% em 0,5 x 107, 1 x 107, 1,5 x 107 e 2,0 x 107 conídios g-1,
com viabilidade acima de 95% e usadas para pulverizar as lagartas, formando assim os
tratamentos. A testemunha foi pulverizada com água destilada esterilizada mais espalhante
adesivo Tween® 80 a 0,01%. Foram utilizadas lagartas de 3º instar, sendo que as mesmas

74

foram separadas dos fracos com dieta e colocadas em grupos de 5 lagartas em arenas de plástico
(7,7 cm de diâmetros por 6 cm de altura), forradas ao fundo com camada dupla de papel-filtro.
Para cada tratamento foi utilizado 10 repetições, totalizando 50 lagartas por
tratamentos, as quais foram umedecidas com a solução do fungo utilizando-se de micropipeta
Pipetman de 100 µL, adicionando 1,0 mL de cada suspensão. Posteriormente os tratamentos
foram acondicionados em câmara BOD [(25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas)].
As avaliações foram realizadas diariamente por um período de 15 dias. Para confirmar a
mortalidade causada pelo fungo entomopatogênico, cada inseto morto foi transferido para
novos recipientes com algodão hidrófilo levemente umedecido com água destilada esterilizada
e mantidos em BOD, formado uma câmara úmida, com a finalidade de proporcionar a saída do
fungo pelo tegumento do inseto (Figura 14).

Figura 14. (A) Recipiente com lagarta de Diatraea saccharalis morta por ação do fungo; (B) Lagarta de Diatraea
saccharalis apresentando o crescimento do patógeno.

A

B

Foto: Autor.

Posturas de 24, 48 e 72 horas de idade foram pulverizadas com 100 µL de suspensões
fúngicas utilizadas para o teste de patogenicidade em placas de células de acrílico com o auxílio
de uma micropipeta. Os experimentos constaram de quatro repetições, sendo cada uma
composta por uma postura com aproximadamente 30 ovos da broca comum da cana. Após a
pulverização as caixas de acrílico foram mantidas em câmara B.O.D. [(25 ± 2º C, 70 ± 10 %
(UR) e fotófase de 12 horas)]. Foram feitas avaliações diárias, com auxílio de um microscópio
estereoscópico binocular para a observação da infecção dos ovos e eclosão das lagartas (Figura
15).

75

Figura 15. (A) Inoculação do fungos em massa de ovos de Diatraea saccharalis; (B) Observação de massa de de
ovos 24 horas após a inoculação do fungo.

A

B

Foto: Autor, 2015.

Foram avaliadas mortalidade de lagartas e pupas, pupação e emergência de adultos de
D. saccharalis. As médias relacionadas aos dados obtidos nos testes de patogenicidade, foram
submetidas à análise de variância (ANOVA) e comparadas pelo teste de teste de Scott-Knott a
5% de significância com auxílio do programa Assistat.

5.3

RESULTADOS E DISCUSSÃO
As diferentes concentrações de M. anisopliae testados sobre ovos de D. saccharalis

possibilitou verificar que o isolado é patogênico, uma vez que inibiram a eclosão larval com 48
e 72 horas após a infecção independente da concentração estudada. Tal inibição a eclosão já foi
percebida 48 horas após a infecção, não sendo registrada inibição 24 horas após a aplicação do
fungo (Tabela 15).
No teste com 72 horas após a infecção com M. anisopliae os ovos tratados com a dose
de 2,0 x 107 conídios g-1, apresentaram 5,43 ± 2,34 % de eclosão larval, diferindo da
testemunha, que apresentou praticamente o dobro no valor de larvas eclodidas (Tabela 15). Tais
resultados evidenciam que ovos tratados com o fungo patogênico M. anisopliae promovem
infecção em ovos de D. saccharalis.

76

Valente et al. (2014) estudando o efeito de fungos entomopatogênicos sobre formas
imaturas de D. flavipennella verificaram que isolados de M. anisopliae testados no trabalho
apresentaram 100% de infecção sobre ovos de 24 e 48 horas de idade e variação de 60 a 100%
sobre ovos de 72 horas de idade. Os autores destacam ainda que o isolado (Universidade Rural
Federal de Pernambuco) URPE-11 apresentou 100% de infecção mesmo quando analisado ovos
com 72 horas de idade.
Tabela 15. Porcentagem de eclosão de ovos de Diatraea saccharalis tratados com diferentes concentrações do
isolado IBCB 425 de Metarhizium anisopliae. Temperatura 25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas.
Rio Largo, AL, 2015.

Concentrações

Eclosão de ovos 24

Eclosão de ovos 48

Eclosão de ovos 72

(conídios g )

após a infecção (%)

após a infecção (%)

após a infecção (%)

Testemunha

-1

5,72 ± 0,35 a

7,22 ± 0,52 a

9,70 ± 0,77 a

0,5 x 10

7

5,10 ± 0,65 a

5,23 ± 0,67 b

6,96 ± 1,22 b

1,0 x 10

7

4,44 ± 1,08 a

4,48 ± 1,04 b

5,83 ± 2,20 b

1,5 x 107

4,78 ± 0,46 a

4,84 ± 0,52 b

6,95 ± 1,04 b

7

4,10 ± 0,99 a

4,17 ± 1,06 b

5,43 ± 2,34 b

15,87

15,48

23,40

2,0 x 10

CV (%)

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Dados
transformados em √𝑥 + 10 para análise estatística.

A aplicação de M. anisopliae afetou o desenvolvimento larval de D. saccharalis, o que
é de suma importância para os produtores de cana-de-açúcar, visto que o fungo
entomopatogênico citado já vem sendo produzido e utilizado no controle de cigarrinhas da
cana-de-açúcar, Mahanarva spp. (Hemiptera: Cercopidae), sendo uma alternativa no manejo
fitossanitário da broca comum da cana-de-açúcar. As concentrações de 1,0 x 107, 1,5 x 107 e
2,0 x 107 conídios g-1 se mostraram eficientes no mortalidade da larval da broca, apresentando
resultados superiores a dose de 0,5 x 10-7 conídeos g-1 e o tratamento controle que chegou
apresentar valores duas vezes inferior (Tabela 16).
Hayashida et al. (2014) estudando isolados de M. anisopliae para o controle de D.
saccharalis já tinha mencionado que o referido fungo apresenta atividade patogênica sobre
lagartas de D. saccharalis em condições de laboratório. Trabalhando com isolado IBCB 66 de
Beauveria bassiana [(Balsamo) Vuillemin 1912] em condições de laboratório Wenzel,

77

Giometti e Almeida (2006) verificaram que o fungo foi patogênico a broca da cana-de-açúcar
em todas concentrações avaliada.
A porcentagem de lagartas que conseguiram chegar ao estádio de pupas foi
significativamente maior na testemunha (9,32 ± 1,61). As lagartas que foram tratadas com as
concentrações de 1,0 x 107; 1,5 x 107 e 2,0 x 107 conídios g-1 foram as que apresentaram os
menores valores de pupação, sendo estatisticamente semelhantes e apresentando valores entre
5,39 e 6,30% (Tabela 16). Oliveira et al. (2008) verificaram interferência no período pupal de
D. saccharalis tratados com concentrações de 105 conídios mL-1, além de ter reduzido a
população em 34,2% pela mortalidade de lagartas, que não conseguiram atingir o estágio de
pupa.
Tabela 16. Efeito de diferentes concentrações do isolado IBCB 425 de Metarhizium anisopliae sobre o
desenvolvimento de Diatraea saccharalis. Temperatura 25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas. Rio
Largo, AL, 2015.
Concentrações

Mortalidade de

(conídios g-1)

lagartas (%)

Testemunha

Pupação (%)

Mortalidade

Emergência de

confirmada (%)

adultos (%)

3,62 ± 0,97 c

9,32 ± 1,61 a

3,16 ± 0,00 b

9,32 ± 0,37 a

-7

5,83 ± 1,99 b

7,47 ± 1,66 b

4,60 ± 1,75 b

7,41 ± 1,81 b

1,0 x 10-7

7,75 ± 2,15 a

6,30 ± 2,02 c

6,67 ± 1,96 a

7,67 ± 1,84 b

1,5 x 10

-7

8,29 ± 1,68 a

5,95 ± 1,89 c

6,70 ± 2,35 a

7,57 ± 1,69 b

2,0 x 10

-7

7,46 ± 2,77 a

5,39 ± 2,15 c

6,99 ± 1,86 a

7,73 ± 1,54 b

30,42

27,25

31,72

19,59

0,5 x 10

CV (%)

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Dados
transformados em √𝑥 + 10 para análise estatística.

Os resultados gerados pelas mortalidades confirmadas das diferentes concentrações do
fungo M. anisopliae evidenciam que as concentrações de 1,0 x 107, 1,5 x 107 e 2,0 x 107
apresentam maior patogenicidade à broca da cana-de-açúcar quando comparada com as dose
de 0,5 x 107 e a testemunha (Tabela 16). Zappeline et al. (2010) verificou que o isolado utilizado
nesse trabalho o IBCB 425 na concentração de 5 x 108 conídios/mL é capaz de causar
mortalidade significativa em lagartas de D. saccharalis. Oliveira et al. (2008) evidenciam que
até doses subletais, comprometem características determinantes para o sucesso da broca como
praga, tais como longevidade, fecundidade e viabilidade de ovos.
Com relação a emergência dos adultos de D. saccharalis foi observado diferenças
significativas, com o tratamento controle apresentando um número maior de emergência de

78

adultos de D. saccharalis (Tabela 16). Resultados semelhantes foram observados por
Hayashida et al. (2014) que perceberam que a emergência dos adultos da broca foi de 87,02 %
na testemunha, sendo que os valores diminuíam para valores entre 35,20 a 52,80% quando a
praga era tratada com isolado UFGD.
De maneira geral a aplicação de M. anisopliae afeta à sobrevivência das lagartas
tratadas, a testemunha apresentou taxa de sobrevivência de 96,0%, enquanto nas lagartas
tratadas com concentrações de 1,0 x 107; 1,5 x 107e 2,0 x 107 conídios g-1 apresentaram valores
entre 38,7 a 47,3% de taxa de sobrevivência (Figura 16). Valente et al. (2014) relata diferença
significativas para a sobrevivência média entre todos os isolados testados e a testemunha, sendo
que os autores mencionam que os isolados ESALQ 447 de B. bassiana e o ESALQ 1189 de M.
anisopliae se mostram mais virulentos.
Figura 16. Sobrevivência de lagartas de Diatraea Saccharalis tratadas com diferentes concentrações do isolado
IBCB 425 de Metarhizium Anisopliae. Temperatura 25 ± 2º C, 70 ± 10 % (UR) e fotófase de 12 horas. Rio Largo,
AL, 2015.
Testemunha

0,5 x 107

1,0 x 107

1,5 x 107

2,0 x 107

100
90
80

Sobrevivência

70
60
50
40
30
20
10
0
1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

Dias

O fungo M. anisopliae foi patogênico à broca da cana-de-açúcar em todas as
concentrações avaliadas, com a mortalidade aumentando com o tempo e com as
concentrações (Figura 16). Resultados semelhantes foram obtidos por Wenzel, Giometti e
Almeida (2006) estudando a patogenicidade do isolado IBCB 66 de Beauveria bassiana no
controle de D. saccharalis.

79

5.4

CONCLUSÃO

Isolado IBCB 425 do fungo M. anisopliae apresenta atividade patogênica a D.
saccharalis nas concentrações de 1,0 x 107, 1,5 x 107e 2,0 x 107 conídios g-1 em condições de
laboratório. Dessa forma, esse fungo têm potencial para a utilização em programas de Manejo
Integrado de D. saccharalis, além de ser economicamente viável, já que o mesmo é amplamente
utilizado no controle das cigarrinhas da cana-de-açúcar.

80

REFERÊNCIAS

ALVES, S.B.; LOPES, R.B.; LEITE, L.G. Entomopatógenos de cigarrinhas da cana-de-açúcar
e das pastagens. In: MENDONÇA, A.F. (Ed.) Cigarrinhas da cana-de-açúcar: Controle
biológico. Maceió: INSECTA, 2005. P. p.243-267.

DINARDO-MIRNDA, L.L. et al. Reação de cultivares de cana-de-açúcar à broca do colmo.
Bragantia, Campinas, v.72, n.1, p.29-34, 2013.

HAYASHIDA, E.K. et al. Isolados de Metarhizium anisopliae (Metchnikoff) Sorokin
(Hypocreales: Clavicipitaceae) para controle de Diatraea saccharalis Fabricius (Lepidoptera:
Crambidae). EntomoBrasilis, Vassouras, v.7, n.1, p.20-23, 2014.

HENSLEY, S.D; HAMMOND, A.H. Laboratory techniques for rearing the sugar cane borer
on an artificial diet. Journal of Economic Entomology, v.61, n.6, p.1742-1743, 1968.

MACEDO, N. et al.. Manejo de Pragas e Namatoides. In: SANTOS, F.; BORÉM, A.;
CALDAS, C. (Ed.). Cana-de-açúcar: Bioenergia, Açúcar e Álcool – Tecnologia e
Perspectivas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2010. p. 119-159.

MENDONÇA, A.F. et al. As brocas da cana-de-açúcar, Diatraea spp. (Lepidoptera: Pyralidae).
In: MENDONÇA, A.F. (Ed.) Pragas da cana-de-açúcar. Maceió: Insetos & Cia, 1996. p.5182.

OLIVEIRA, M.A.P. et al. Efeito de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. e Metarhizium anisopliae
(Metsch.) Sorok. sobre características biológicas de Diatraea saccharalis F. (Lepidoptera:
Crambidae). Acta Scientiarum Biological Sciences, Maringá, v.30, n.2, p.219-224, 2008.

SOUZA, J.R. et al. Preferência de Cotesia flavipes (Cameron, 1891) (Hymenoptera:
Braconidae) por lagartas de Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lepidoptera: Crambidae)
alimentadas com diferentes cultivares de cana-de-açúcar. Revista Ceres, Viçosa, v. 61, n.6, p.
916-923, 2014.

81

VALENTE, E.C.N. et al. Efeito de fungos entomopatogênicos sobre formas imaturas de
Diatraea flavipennella (Lepidoptera: Crambidae). Revista Brasileira de Agroecologia, v.9,
n.1, p.248-258, 2014.

WENZEL, I.M.; GIOMETTI, F.H.C.; ALMEIDA, J.E.M. Patogenicidade do isolado IBCB 66
de Beauveria bassiana à broca da cana-de-açúcar em condições de latoboratório. Arquivos do
Instituto Biologico, São Paulo, v.7, n.32, p.259-261, 2006.

ZAPPELINI, L.O. et al. Seleção de isolados do fungo entomopatogênico Metarhizium
anisopliae (Metsch.) Sorok. visando o controle da broca da cana-de-açúcar Diatraea
saccharalis (Fabr., 1794). Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.77, n.1, p.75-82,
2010.